Entrevista: "O nosso modelo é a única saída”

Bruno de Carvalho, candidato à presidência do Sporting nas eleições do próximo dia 16, aceitou o desafio de responder a questões dos leitores/utilizadores do Relvado. O resultado está aqui: são 27 perguntas, que para facilitar a leitura, optámos por dividir em quatro partes.

Salientamos que nem todas as perguntas deixadas pelos leitores foram colocadas ao candidato. Algumas tinham sido já profusamente respondidas noutros locais, a outras faltava objectividade. O Relvado editou também algumas questões, para as tornar mais compreensíveis. A opção editorial foi do Relvado, não do candidato, que respondeu - por e-mail - a todas as perguntas que lhe foram enviadas.

Entrevista a Bruno de Carvalho, 1.ª parte

RELVADO: O que vai fazer depois de 26 Março, se for eleito, para unir e motivar todos os sportinguistas, mesmo aqueles que discordam de si? (pergunta dos leitores João Vítor Pereira e joaopinto25)
BRUNO DE CARVALHO: O universo Sporting é heterogéneo e reflecte sensibilidades de todos os sectores da sociedade portuguesa. A tarefa que nos espera é árdua e o contributo de todos desde que construtivo será bem-vindo. A estrutura directiva que apresentei é sólida e tem ideias bem definidas. O projecto para o futebol profissional é claro e aposta na devolução do sonho ao adepto comum, da aposta numa equipa competitiva que possa desde já lutar pelo título de campeão nacional.

R: Como pensa gerir a "loucura por mudança" que parece ter tomado conta de todo o universo sportinguista? O próprio Bruno de Carvalho conseguirá resistir à tentação de querer mudar tudo, carregando no pedal a fundo sem temer possíveis consequências? (cold-wind)
BC: Mudaremos o que fizer sentido mudar. Não mudaremos por mudar. Teremos uma abordagem táctica e imediatista no que concerne ao futebol dada a urgência do planeamento da próxima época. Teremos também uma perspectiva estratégica de gestão do clube que tem estado ausente desde há muitos anos, assente no rigor e na transparência e numa gestão moderna e eficaz. Mudaremos o que precisar de ser mudado criteriosamente e segundo objectivos estratégicos claros.

R: Qualquer projecto precisa de tempo para obter resultados satisfatórios e o seu não será naturalmente excepção. Acha que os adeptos entendem essa necessidade e vão dar-lhe o tempo de que precisa para colocar em prática as suas ideias ou o adepto sportinguista já está farto de esperar? (artenigma)
BC: Os adeptos querem o mesmo que a estrutura directiva do Sporting. Querem ganhar. Os adeptos também sabem qual a realidade do Sporting ao longo dos últimos anos e a nossa determinação em alterar este estado de coisas. Todavia não somos ingénuos e sabemos que ganhando, tudo se torna mais fácil. Perdendo, a margem de manobra reduz-se. Justifica-se assim a nossa preocupação com o planeamento atempado da estrutura de futebol profissional e do seu staffing adequado.

R: O fundo estará disponível para começar no imediato ou vai ser necessária alguma aprovação da CMVM? (Carlos Rodrigues e JASS)
BC: O contrato celebrado com os nossos investidores permite a disponibilização dos recursos financeiros acordados imediatamente para o propósito a que foram destinados, ou seja a aquisição de novos jogadores para o plantel do Sporting.

R: Se perder, o seu fundo poderá ser disponibilizado ao vencedor em prol do Sporting? Os seus investidores estão dispostos a isso, ou é um fundo que existe apenas com o Bruno de Carvalho? (The Blues)
BC: O activo principal no mundo dos negócios é a confiança. Os investidores acreditam numa equipa e num projecto, a nossa equipa e o nosso projecto.  Tudo o que tem sido dito, toda esta campanha de difamação não contribui para a criação de confiança pelo que a resposta é necessariamente não.

R: Não teme que o Sporting continue a ficar refém economicamente, quer seja da banca quer seja de um fundo? (kiko5575)
BC: O modelo de negócios por nós proposto é a única saída credível para a situação em que o Sporting vive actualmente. Assenta numa estrutura credível para o futebol profissional pensada no sentido da criação de uma equipa de futebol competitiva, que pratique um futebol atractivo que atraia adeptos ao estádio, que converta esses adeptos em sócios, que potencie a venda de game boxes e que se torne apelativa para qualquer parceiro comercial. Apostamos seriamente na geração de mais-valias pela valorização de jogadores e temos legitimidade para o pensar dado o histórico impar do nosso clube na formação de talento, bem como o perfil do nosso treinador nesta matéria. Somos reféns da nossa capacidade de implementar um modelo de gestão que restitua o sonho ao adepto comum.