Sporting perde com o Málaga por 1-3 (Crónica)

Começou com uma derrota frente ao Málaga (1-3)  a segunda participação do Sporting no troféu Ramón Carranza, em Cádis. O leão, de resto, não tem sido nada feliz neste torneio, pois em 1986 perdeu os dois encontros que disputou.

Domingos Paciência voltou a apresentar um esquema de 4.1.3.2, com dois alas bem abertos. Mas fez quatro alterações no onze inicial em relação ao jogo com o Valência, com as entradas de Rodríguez, André Santos, Capel e Van Wolfswinkel em vez de Carriço, Rinaudo, Izmailov e Rubio, respetivamente. E João Pereira foi o capitão, na ausência de Carriço.

O Málaga, a equipa da moda em Espanha (investiu mais de 60 milhões de euros em contratações!) apresentou de início estrelas como Demichelis, Cazorla, Joaquin, Júlio Baptista e Van Nistelrooy. E ainda o português Eliseu, que cruzou para o primeiro golo.

A equipa andaluza começou melhor, com muita velocidade, o que provocou muitas dificuldades à defesa do Sporting, que mais uma vez se apresentou muito subida. Mas depois de cinco minutos iniciais terríveis, a equipa portuguesa estabilizou.

E a primeira grande oportunidade até foi do Sporting, através de um belo remate de André Santos. Pouco depois, Van Wolfswinkel teve uma péssima receção, completamente isolado diante do guarda-redes espanhol.

Aos 22 minutos, Van Nistelrooy introduziu a bola na baliza de Rui Patrício, mas o lance foi anulado por fora-de-jogo do "holandês voador".

Na parte final da primeira parte, a rapidez da equipa espanhola voltou a colocar a "cabeça em água" à defesa leonina, principalmente a Evaldo e Onyewu. Refira-se no entanto que o último reduto leonino não tinha o apoio conveniente da linha média, nomedamente dos extremos Yannick e Capel.

O golo espanhol, apontado por Júlio Baptista aos 36' (saltou completamente à vontade e faturou de cabeça) não surpreendeu. E logo a seguir, Van Nistelrooy teve todo o espaço e tempo para preparar o remate em plena área leonina. Mas o remate saiu ao lado.

Não foi preciso esperar mais do que um minuto para se ver um lance semelhante. Mas desta vez, o holandês não perdoou...

E os elementos da Juventude Leonina que marcaram presença no  Ramon Carranza começaram a entoar um cântico muito ouvido nos estádios onde o Sporting jogou na época passada: "Joguem à bola... joguem à bola..."

 

Rubio: que talento!

O Sporting parecia estar próximo de voltar a sofrer uma derrota pesada com uma equipa espanhola. Mas desta vez, a reação foi bastante melhor do que frente ao Valência. Ou melhor, houve reação, pois no jogo de apresentação aos sócios a equipa nunca incomodou o seu rival...

As alterações introduzidas por Domingos Paciência no reatamento contribuiram para a melhoria do futebol dos leões. Nas cabinas, ficaram Onyewu, Yannick, Postiga e Capel, tendo entrado Carriço, Rinaudo, Jeffren e Carrillo. A equipa passou a jogar em 4.3.3, com Carrillo e Jueffren a causarem desequilíbrios nas alas e Rinaudo a trazer ordem e poder físico a meio-campo.

Mas foi preciso esperar pela entrada de Rubio (saiu Van Wolfswinkel) para o Sporting encostar o Málaga às cordas. Este miúdo de 18 anos pode vir a ser um caso sério! Marcou na segunda vez que tocou na bola, a passe de Rinaudo (61') e teve um lance fabuloso que por pouco não resultou em golo nos últimos minutos. E mostrou sempre muita garra e capacidade de luta.

O Sporting atravessava a melhor fase e parecia perto do 2-2. Mas aos 71 minutos, percebeu-se que há coisas que nunca hão-de mudar nestes torneios de Verão em Espanha: Jeffrén sofreu uma falta indiscutível de Demichelis na área espanhola, mas o árbitro (espanhol...) bem colocado, não quis marcar.

E poucos minutos depois, o Málaga resolveu a questão, por Júlio Baptista. Um lance em que ficou mais uma vez demonstrado que o Sporting tem de melhorar muito na forma como defende: quatro jogadores (!) foram ao encontro do homem que cruzou na esquerda, deixando o brasileiro sozinho.

Depois deste jogo, ficou mais uma vez claro que o Sporting tem jogadores para formar uma boa equipa, mas que ainda está muito longe do nível dos rivais Benfica e FC Porto. A vitória frente a uma Juventus pouco pressionante acabou por ser ilusória... É preciso tempo para integrar tanta gente nova. Na segunda parte, por exemplo, do meio-campo para a frente só André Santos estava no clube na época passada...

A ingenuidade a defender chega a ter momentos confrangedores. Evaldo parece que por vezes "adormece" (fez no entanto bela segunda parte) e a exibição de Onyewu voltou a colocar a questão: estará mal fisicamente ou tem um (alto) défice de velocidade? E po central americano teve uma entrada arrepiante sobre um adversário. Viu amarelo, mas se o jogo fosse a sério possivelmente não se teria livrado da expulsão...

Por outro lado, é visível que falta alguém que "pegue" no jogo a meio-campo. Schaars é bom jogador, que ninguém duvide, mas é mais do tipo de receber e passar. Por isso, quando Matías Fernández estiver recuperado, o esquema que parece mais adequado a este Sporting é o 4.2.1.3, com o chileno a jogar atrás do ponta-de-lança.

Mas também houve aspetos positivos. Jeffren, Carrillo e Rinaudo deixaram boas indicações. Mas quem mais brilhou foi mesmo Rubio, que mostrou estar bem melhor do que Van Wolfswinkel. Podemos apostar que o chileno será titular na primeira jornada com o Olhanense, no caso de Domingos optar por dois pontas-de-lança.

Já Diego Capel, mostrou que ainda está mal fisicamente, precisando de ganhar ritmo. Mas o espanhol tem qualidade de sobra, precisando de somar minutos de forma a ganhar ritmo.

O Sporting joga este sábado (17h30, Sport TV1) o desafio de atribuição do terceiro e quarto lugares com a Udinese.