O Sporting de momento

Neste jogos de preparação do Sporting podemos concluir desde já duas coisas:

- primeira, que o problema da defesa foi resolvido; há soluções com fartura e qualidade equivalente, ou mais ou menos equivalente (5 defesas centrais, 4 laterais, sendo que ainda há Arias, que é uma boa solução, senão mesma a melhor para o lado direito); o meio campo tem soluções igualmente equivalentes e de qualidade, sendo o sector até que está mais bem munido.

- e segundo, que o ataque não tem soluções, quer quanto aos ponta de lança, quer quanto aos extremos. Vejamos: temos apenas dois pontas de lança e um que chegará para a semana. Ora, Wolfswinkel mostrou o ano passado que é bom ponta de lança mas que mesmo assim é muito perdulário. Rubio não parece contar ainda para Sá Pinto, talvez pela juventude. E o que está para chegar, tanto quanto se sabe, é mais extremo do que ponta de lança.

Assim, temos apenas um ponta de lança mediano (mediano porque não está ainda ao nível dos melhores, por muito que nos custe aceitar tal facto), um outro que é miúdo, e um por chegar que não é verdadeiramente ponta de lança. Se juntarmos o facto de os extremos que possuímos não marcarem muitos golos, temos assim um problema no ataque.

Na minha visão de um 4-3-3, este deve ser constituído por extremos que marquem muitos golos, o que não é o caso do Sporting. Na minha conceção de extremos, há os extremos, tipo Quaresma e Capel, ou seja, extremos para ir à linha e centrar, mas que não marcam mais de 6 golos época; e os extremos avançados, que são do género Ronaldo e Hulk e que são aqueles jogadores que tanto jogam a extremo como a ponta de lança com bastante facilidade e marcam tantos golos quanto os ponta de lança. Este género de extremos são justamente aqueles que não possuímos (eventualmente poderá ser um Carrillo no futuro, ou Viola).

Assim, o problema do ataque do Sporting situa-se quer no que diz respeito ao ponta de lança, quer quantos aos extremos. Se no sistema de 4-3-3 o ponta de lança marca mais de 35 golos época e é bom cabeceador, ter extremos que centrem bem mas que marquem pouco, 6 golos época, não é mau de todo. Mas quando se tem um ponta de lança que marque poucos golos, menos de 25, e seja mau cabeceador, poderá, e tornar-se-á mesmo um problema.

Ora, repita-se: este é o problema do Sporting. É erro pensar-se que um ponta de lança que marque 25 golos época resolve todos os problemas. Não resolve, a menos que o seu suplente marque outros tantos, ou que os extremos marquem mais de 10 – o que não é o caso. O critério quando se compra um ponta de lança passa sempre pelos golos que ele marca. É, porém, um erro de critério.

Vejamos: um ponta de lança que marca 15 golos época, e cuja equipa tenha extremos que marquem o mesmo, darão, no que respeita apenas aos titulares, 45 golos. Uma equipa cujo ponta de lança marque 25 golos época e cujos extremos marquem 6 golos época dá um total de 37 golos. A diferença, parecendo pouca, é substantiva no final do campeonato. Ora, este é o erro que cometem muitas equipas aquando da sua formação. E dos extremos do Sporting não há um que marque mais de 6 golos épocas (Labyad nem extremo é). O mesmo sucedendo quanto aos critérios. Dá-se pouca atenção aos problemas físicos (o Sporting é mestre nisso), à regularidade, ao carácter e outros cuja influência na equipa é mais importante que a qualidade técnica.

Voltando ao Sporting, parece constituir-se já a equipa titular, Rui Patrício, Cédric, Boulahrouz, Rojo, Pranjic, Elias, Schaars, André Martins, Carrillo, Capel e Wolfswinkel. Perante esta equipa, surgem algumas questões. A primeira, por que razão Insúa não tem sido primeira opção? O que leva a pensar que estará de saída. Talvez a contratação de Rojo tenha em vista esta saída, não para titular, mas como segundo alternativa em caso de lesão de Pranjic.

Segundo, dada a condição física de Rinaudo, por que não joga em seu lugar Gelson? Uma vez que fora contratado com o objetivo de ser o seu substituto. Se a lógica empregada por Sá Pinto é apostar em Elias de forma que se aproveite o trabalho realizado o ano passado, ou seja, com Elias, Schaars e André Martins, por que a mesma lógica não impera no que diz respeito a Insúa? É que este não é inferior a Pranjic, pelo contrário, é mais novo, conhece a equipa, e tem tanto ou mais qualidade que aquele. Daí que a conclusão retirada acima de que pode estar de saída ganhe mais sentido.

Em terceiro lugar, quais as razões para a insistência em Schaars? Já no ano passado havia feito jogos muito fracos, e este ano não tem fugido à regra. De resto, em uma época inteira, foram poucos os jogos em que verdadeiramente mostrou-se como atleta de corpo inteiro e merecedor da titularidade. Se a lógica for o carácter, então Insúa e o defesa central norte-americano mereciam a titularidade, isto claro está, fazendo fé no que se tem dito sobre o forte carácter destes dois.

O que ressalta, enfim, deste pré-época, é que há posições que não foram bem colmatadas, nomeadamente a do ponta de lança; a de extremos, extremos que marquem acima de 10 golos época; e que alguns jogadores poderão estar de saída, Insúa, e talvez Izmailov; e por fim, mais importante ainda, que continua-se a apostar nas caras (Schaars) em detrimento de quem está em forma.