Será assim que o Sporting resolve o passivo?

O Sporting, de acordo com o seu já longo historial, apresenta-se no nosso país como um dos clubes denominados de "grandes". Todavia, nos últimos tempos a sua performance em termos de resultados desportivos e económicos tem deixado muito a desejar, não só para os seus ansiosos apaniguados, que continuam sedentos de títulos, como também para a sua SAD, que continua a não saber dar a volta aos muitos problemas de tesouraria que o clube atravessa.

Se fizermos uma simples análise cronológica sobre a forma como o SCP tem gerido os seus ativos, tanto no que diz respeito aos valores que despontam da sua Academia, como na forma de angariar mais-valias nos negócios que tem consumado, facilmente chegamos à conclusão que a ação gestora e financeira dos dirigentes que têm passado pelo clube não tem sido capaz de alterar este estado de sítio ruinoso entre os valores ativos e passivos da sua SAD através de bons negócios.

Mas vamos lá dar uma espreitadela aos valores das principais vendas do SCP em milhões de euros: Nani 25,5; Cristiano Ronaldo 15; Dusher 13; Hugo Viana 12,5; Simão 12,5; João Moutinho 11; Miguel Veloso 9; Quaresma 8; Enakarhire 6; Vidigal 6; Deivid 4,5; Ricardo 3; Delfim 3; João Pereira 3,6; Liedson 2,1; Figo 2; Custódio 1,8; Anderson Polga 0 (final de contrato).

Como se pode constatar através das verbas acima enunciadas, parece que estamos numa espécie de espiral negativa, com a pirâmide virada ao contrário, quando deveria ser o inverso tendo em conta a evolução inflacionista do mercado de transferências. Casos como Cristiano Ronaldo e Luís Figo, que são no primeiro caso e foram no segundo apelidados dos melhores jogadores do mundo, não deveriam ter saído do SCP tão prematuramente ou por verbas tão baixas, não sabendo a SAD rentabilizar os talentos da sua Academia e assim fazer diminuir o passivo do clube.

Mas mais casos de má gestão desportiva há a apontar, pois Simão, Quaresma e João Moutinho, até ver, ainda foram potenciar os seus dois rivais de sempre, FCP e SLB, e ainda lhes deram lucro, para além de no caso de João Moutinho ter sido uma transação direta não muito comum no nosso futebol.

E se a tudo isto ainda aditarmos o valor por que Liedson foi vendido, um dos seus jogadores de eleição, que quanto a mim saiu tarde de mais; assim como Polga não poderia ter saído sem render um único euro; ou ainda um jogador que é titular da seleção nacional, João Pereira, não pode ser vendido por uma verba tão baixa e antes de se apresentar numa montra mundial de negócios como será o Europeu de futebol. Só pode demonstrar o mau momento que o clube atravessa em termos financeiros.

Depois ainda há quem se questione pela razão de o SCP não se conseguir impor no campeonato e ter perdido mais uma final da Taça de Portugal e uma meia-final da Taça UEFA. Certamente que não será pela via destes negócios ruinosos e sem estratégia sustentada para o futuro do clube, a que eu costumo denominar do clube do “quase”, sendo que esta palavra nada tem de ofensivo para os seus adeptos, antes pelo contrário, é um alerta que aqui deixo para um clube que me merece todo o respeito e simpatia, mas que a meu ver é demasiado brando e simpático para o mundo desportivo que o rodeia.