Portugal, 1 - Argentina, 2: derrota imerecida (com reacções)

Para a história vai ficar o resultado: Portugal perdeu esta quarta-feira com a poderosa Argentina, por 1-2, na Suíça, em jogo particular. Mas quem viu o jogo tem motivos mais do que suficientes para acreditar que a selecção nacional está bem e recomenda-se. Se bem que menos consistente do que contra Espanha, naqueles inesperados quatro a zero que correram mundo, a exibição frente aos sul-americanos foi muito positiva. E enquanto Cristiano Ronaldo e Nani estiveram em campo, Portugal foi mesmo superior à selecção "galáctica" de Messi e companhia.

Foi pena que, mesmo no fim, o excesso de impetuosidade de Fábio Coentrão provocasse um penálti escusado. Assim como foi pena que Hugo Almeida tenha mostrado, em mais do que uma ocasião de golo fácil, que o ponto mais fraco do onze estava mesmo lá à frente. Mas foi promissor ver que Nani continua a aproveitar todos os jogos na selecção para mostrar que é tão bom como os melhores; e, sobretudo, que os jogadores portugueses entram em campo decididos a vencer, seja qual for o adversário - que diferença para o consulado de Carlos Queiroz e para o período final de Scolari.

Começou melhor a Argentina. No início, os portugueses pareciam um pouco na expectativa, procurando manter pouca distância entre as linhas. Messi punha a cabeça em água a Raul Meireles, Carlos Martins e João Moutinho, que não conseguiam pará-lo antes da área. O golo de Di Maria, bem cedo, justificou-se. Ainda para mais, surgiu na sequência de uma daquelas invenções do melhor jogador do mundo que fazem lembrar o "deus" Maradona.

Em desvantagem, Nani, especialmente ele, e Ronaldo decidiram esticar o jogo português e abriram o livro da técnica em velocidade. Apareceram então as limitações defensivas dos argentinos, que tão patentes ficaram no último Mundial. Nada mais lógico do que o golo do empate, por Cristiano, no sítio certo à hora certa, depois de mais uma arrancada do extremo do Manchester United.

Até ao intervalo viu-se um jogo aberto. Portugal estava por cima, mas a Argentina, sempre por Messi, criava mais perigo. O resultado aceitava-se no descanso e os emigrantes portugueses que enchiam o estádio davam por bem empregue o seu dinheiro.

A segunda parte, já com um seguro Rui Patrício no lugar de Eduardo, que teve pouco trabalho, começou com duas perdidas incríveis. Hugo Almeida, aos 45 minutos, e Cristiano Ronaldo, aos 48, podiam ter decidido logo ali a sorte do jogo. Mas a pontaria não estava afinada - aos 56, Hugo falhou ainda de forma mais escandalosa.

O jogo como que acabou aos 60 minutos, quando Paulo Bento fez sair de uma assentada os três avançados nacionais. Sem Ronaldo e Nani em campo, a qualidade de jogo nunca mais foi a mesma, se bem que Quaresma tenha mostrado serviço. A Argentina, sem brilhar, pegou novamente no encontro e as chances de marcar foram alvi-celestes. Até que Coentrão, que esteve bem no jogo, fez um disparate no fim. E Paulo Bento conheceu a primeira derrota ao serviço da selecção. Imerecida, é de sublinhar novamente.