A queda do império catalãoÉ urgente uma mudança de paradigma do Barcelona. |
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02 de Maio de 2014, às 19:26 |
Recentemente Andrés Iniesta, um dos mais brilhantes jogadores espanhóis de sempre, disse que não fazia sentido colocar em causa o ciclo vitorioso do Barcelona. Alguns resultados negativos e escândalos de gestão depois, veio Josep Maria Bartolomeu, presidente do clube, defender que havia uma campanha anti-Barcelona justificada pela hegemonia dos catalães em Espanha e na Europa. No entanto, conforme constatou mais recentemente Johan Cruyff nos seus artigos de opinião semanais, o problema do Barcelona, que justifica este mau momento, é estrutural e não de Messi, do seu treinador, ou sequer do modelo de jogo.
Verdadeiramente, desde a entrada de Sandro Rossel na presidência do Barcelona - e mais recentemente do sucessor Josep Maria Bartolomeu - que o império criado pela dupla Laporta/Guardiola começou a desmoronar-se com uma pesada lapidação da identidade do histórico clube catalão. O primeiro episódio de incapacidade de liderança (e comunicação) por parte de Rossel deu-se precisamente no dia da saída de Guardiola. A sua festa de despedida junto de jogadores, colaboradores do clube e adeptos – enfim, a celebração de um ciclo de quatro anos de glória - acabou ofuscada pelo timing escolhido por Rossel ao anunciar Tito Valonova como sucessor de Pep, roubando o protagonismo ao verdadeiro herói da noite.
Com o passar do tempo, e com a qualidade de jogo da equipa em curva decrescente, Rossel, provavelmente influenciado pela necessidade de colmatar um passivo gigante, mudou as agulhas do disco e, virando costas à identidade do clube, passou a utilizar um modelo de gestão mais próximo do rival de Madrid. Seguiram-se apresentações galácticas em Nou Camp e uma campanha de marketing jamais vista na Catalunha, encapotado pelo slogan La Masia. A contratação de Neymar - cujo processo levou à demissão de Sandro Rossel - acaba por simbolizar na perfeição a filosofia de gestão do ex-presidente e da ctual administração. E, ao mesmo tempo, foi um golpe duro no balneário. A disputa pelo jogador com o Real Madrid e o capricho de Rossel em roubar a nova estrela do futebol mundial para a Catalunha viabilizou uma transferência de muitos milhões (veremos a que custo para os cofres do Barcelona) e, sobretudo, inflacionou um ordenado que coloca em causa o valor de históricos jogadores que tudo deram e conquistaram para o clube. Por isso disse Cruyff que o problema passava também por Neymar, jovem jogador de potencial inquestionável mas que ainda nada ganhara pelo clube para justificar uma remuneração acima de todos os outros, colocando em causa a hierarquia do balneário.
A comunicação interna por parte da direção para um grupo de jogadores que desde a formação assimilou os valores do clube e a sua filosofia, também falhou, começando, pela primeira vez em muito anos, a ver-se atletas a questionarem a liderança do Barcelona. Xavi passou a admitir sair do clube para outro campeonato, Messi colocou em causa Javier Faus, vice-presidente do Barcelona, frisando que “nada sabe sobre futebol”, sendo que o seu processo de renovação tem tido muitos avanços e recuos, Puyol anunciou a saída do campeão espanhol duas épocas antes do fim do contrato e Valdés renunciou à renovação do mesmo. Sinais mais que evidentes de que o problema desportivo do Barcelona vai muito além do sub-rendimento de Messi ou do treinador Tata Martino.
Mas, diga-se em abono da verdade, que também taticamente o Barcelona tem renunciado aos seus princípios de jogo, passando hoje a ceder à ideia de que o futebol direto dos cruzamentos para a área é mais eficaz que o futebol apoiado na movimentação coletiva que historicamente tem praticado. Afastado da Taça do Rei e Liga dos Campeões nas meias-finais por dois anos consecutivos, sem brilho nem glória (ao contrário do que acontecera diante o Chelsea em 2011/12 e Inter de Milão em 2009/10), o Barcelona pode ainda, matematicamente, conquistar o campeonato.
Sobretudo o primeiro objetivo, o principal, está muito difícil de atingir e uma época em branco deverá representar sinal de reconhecimento que o problema do Barcelona é essencialmente estrutural e muito deverá mudar daqui para a frente. Contrariamente ao que Josep Maria Bartolomeu diz, os inimigos do clube não estão fora dele, mas sim dentro.
O jornal catalão “Sport” titulava, após a derrota com o Real Madrid para a Taça do Rei, que uma renovação é urgente. Mas muito mais urgente é mudança de paradigma do clube, um regresso às suas origens, que entre 2008 e 2014 representou uma pedrada no charco da indústria em que o futebol se tornou e à qual a atual administração se rendeu com os resultados recentes que se conhecem.
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O problema do Barça tem sido
Enviado por JASS a 05 de Maio de 2014, às 09:45.O problema do Barça tem sido erros consecutivos no scouting. Basta atentar às últimas grandes contratações para constatar que nenhuma pegou de estaca, exceptuando dois jogadores que fizeram lá a sua formação (Fabregas e Alba). O que têm rendido Alexis Sanchez, Song, Afellay e mesmo Neymar? Muito pouco atendendo ao que custaram e aquilo que jogavam nos seus anteriores clubes. O estilo de jogo do Barcelona é único e não é fácil encontrar jogadores que nele se encaixem e os que mencionei não se encaixaram, se bem que acredito que Neymar, com o tempo, lá vá.
Para o Barcelona renascer das duas uma, ou encontra três ou quatro jogadores que encaixem no seu sistema ou, simplesmente, muda de sistema.
Outro problema que encontro é o peso da idade e consequente baixa de rendimento de dois jogadores fundamentais, Puyol e Xavi.
Quando se fala em renovação da equipa dá-me um pouco vontade de rir, porque parece que é preciso mudar tudo quando não é verdade. Quem tem Daniel Alves, Piqué, Alba, Mascherano, Busquetes, Xavi, Iniesta, Messi e Neymar não precisa de mudar assim tanto. Além disso, quanto não vale um Montoya, um Bartra, um Tello, um Delofeu, um Pedro e tantos outros? Quanto não custa no mercado actual um jovem com o potencial daqueles que referi?
Acho que o plano do Barcelona deve passar por dispensar/transferir Alexis Sanchez e Song e procurar um substituto para Valdez, contratar um central (Garay?) e um ponta-de-lança (acho que Falcão encaixava que nem uma luva). O resto é trabalho e um técnico experiente (Frank de Boer deve ser o eleito). Vamos ver se acerto em alguma coisa...
Parece-me, essencialmente,
Enviado por andre dias a 20 de Maio de 2014, às 12:09.Parece-me, essencialmente, que a mensagem da direcção na está a passar para os jogadores do clube. E quando os jogadores, sobretudo no Barcelona porque o respiram desde sempre, não se identificam com o projecto do presidente, muita coisa é colocada em causa. Não é normal Valdés, Puyol, Xavi, Iniesta e Messi admitirem sair do clube. Não são jogadores quaisquer na história do Barcelona. E não acredito que seja pelo treinador Martino ou por desgaste no clube. E tudo começa com a política de gestão de activos, leia-se jogadores. Neymar é craque mas o seu ordenado e estatuto com que entrou (fruto do processo de transferência e rivalidade com o Madrid) veio desestabilizar a hierarquia do balneário. Claro que agora é necessário uma renovação e veremos se com a mesma ou outra identidade de jogo, mas aí a responsabilidade pertence à direcção e ao perfil de treinador que escolher. No caso de Luís Enrique parece-me demasiado óbvio que o Barcelona não mudará o seu estilo. Para defesa central é preciso entender que no estilo de jogo do Barcelona há uma complementariedade entre um central duro, forte na marcação e outro que saia a jogar. Habitualmente Puyol fazia o primeiro papel e Piquet o segundo. Mas Piquet tb é forte na marcação e tem feito essa função ao lado do adaptado Mascherano, precisamente porque na escola holandesa da qual o FCB foi influenciado, os desequilibrios começam a ser gerados a partir da saída de bola do GK e DC, Por isso fará sentido a contratação de centrais com as caraterísticas de David Luiz ou Javi Martinez. Lá na frente a mobilidade de Arturo Vidal também poderá encaixar bem, caso Alexis Sanchez seja vendedo, pelo peso que também representa no orçamento do clube. Esta época o Barcelona tinha, provavelmente, a sua melhor equipa de sempre mas com os jogadores quase todos em sub-rendimetnto. E é uma pena...