Hora D para AVB

Estará para breve o despedimento de André Villas Boas? Segundo as casas de apostas em Inglaterra, o treinador português terá os dias contados à frente do Chelsea. Quem apostar que AVB não aguenta até ao final da época receberá agora menos dinheiro. Não é caso para menos. Três derrotas nos últimos quatro jogos do campeonato e a mais recente derrota na Liga dos Campeões deixam adivinhar tal desfecho. A pressão aumenta a cada jogo que passa e o técnico do Chelsea tem de encontrar uma solução para acabar com este ciclo negativo.

Se já é difícil suceder a Mourinho nos clubes por onde este passa, imagine-se o que sentirá um jovem técnico ao ser apresentado ao mundo do futebol como seu discípulo. É uma cruz que AVB irá carregar ao longo da sua carreira. Para o bem e para o mal. Tendo um início de carreira em muitos aspetos semelhante à de Mourinho, a colagem torna-se inevitável. Por muito que negue qualquer semelhança com o atual técnico do Real Madrid, a postura desafiadora perante os media, o discurso fluente e articulado, o ar polido e o sobretudo escuro da praxe, são imagens que ficam do legado de Mourinho em Inglaterra. Mourinho deixou saudades neste país e é normal que queiram ver um pouco dele através de AVB.

Espero que Villas-Boas consiga lidar com esta ‘sombra’ e que consiga definitivamente triunfar com as suas ideias em solo britânico. O Chelsea tem reagido como pode aos maus resultados. Tem havido uma tentativa consertada de passar uma imagem de união em torno do treinador e das suas ideias. O jogadores culpablizam-se pelos maus resultados e defendem AVB em entrevistas diárias. Os dirigentes por seu lado, afirmam que português foi escolhido por ser novo e ambicioso e que faz parte de um projeto a longo prazo que visa rejuvenescer e melhorar o emblema londrino. Villas-Boas terá inclusive dinheiro para investir em novos jogadores em Janeiro. Esta ideia de continuidade e de segurança soa-me a falsa porque está dependente de resultados imediatos no campo. AVB não tem mais tempo e tem um presidente que não é conhecido por ser paciente ou tolerante. Abramovich investe fortemente no clube e espera resultados imediatos.

É assim que os magnatas vêm o futebol. Trata-se da era do novo riquismo no futebol que eu abomino em absoluto. O sucesso não se compra, constrói-se.

O próximo e decisivo embate para AVB é já este sábado em casa e frente ao modesto Wolverhampton Wanderers. Tudo o que não seja uma vitória poderá fazer soar o chicote em Stamford Bridge.

Terá sido tudo demasiado cedo para André Villas-Boas?

(Pedro Mota é um adepto atento e especialista no fenómeno futebolístico)