Villas-Boas: “Nunca fui o número dois de Mourinho”

André Villas-Boas explicou esta quinta-feira que optou por sair da equipa técnica de José Mourinho porque o treinador do Chelsea “não sentia necessidade de ter alguém ao lado”. As declarações foram feitas dois dias antes do jogo que vai colocar os dois técnicos frente a frente, num escaldante Tottenham vs Chelsea.

Recorde-se que Villas-Boas acompanhou Mourinho no FC Porto, no Chelsea e no Inter de Milão, mas optou por uma carreira própria em 2009/10, na Académica.

“Nunca fui o seu número dois. Eu era parte da equipa, mas nunca fui o seu assistente. Essa é uma das razões para termos seguido caminhos separados. Eu achava que podia dar-lhe muito mais, mas ele não sentia necessidade de ter alguém ao lado. Por isso, decidi dar a mim próprio a liberdade de pensar na minha carreira, o que não foi difícil”, contou  Villas-Boas ao jornal francês L’Equipe.

“Sim, há semelhanças: FC Porto, Chelsea. Mas ele teve muito sucesso no Chelsea e eu não tive uma boa experiência lá. As comparações são difíceis de aceitar por muitas razões. Quando começamos uma carreira de treinador, toda a gente olha para de onde vimos. Aprendi com José Mourinho, mas sou completamente diferente dele na personalidade, na maneira de trabalhar e comunicar. Temos filosofias diferentes”, acrescentou.

"É claro que José Mourinho foi muito importante na minha carreira. Ele deu-me uma experiência que eu não poderia ter com mais ninguém. Tivemos uma excelente relação de trabalho, ganhámos, mas assim que nos separámos comecei a fazer as coisas à minha maneira. As comparações surgem nos media. E a primeira diferença está na personalidade”, disse ainda o treinador do Tottenham ao jornal francês.

Villas-Boas comparou também as experiências que teve no FC Porto, onde as coisas lhe correram bem, e no Chelsea, onde falhou: “O Chelsea foi uma experiência para mim, porque fez-me entender que há coisas que não sou capaz de fazer. Lá, eu era o mesmo treinador que era no FC Porto. Havia um caminho que eu queria seguir e queria que a equipa o seguisse também. Mas não tive apoio suficiente para poder seguir essa direção. Finalmente, acabou por ser uma coisa boa, porque aprendi muito com isso, e hoje no Tottenham faço as coisas de maneira diferente. O meu passado no FC Porto deu-me vantagens e desvantagens. Tinha princípios, valores, e sou muito teimoso, não os mudo. Aprendi na escola que a equipa é mais importante do que qualquer jogador, por isso tentei defender mais a equipa do que qualquer individualidade. Mas hoje sou mais flexível, talvez saiba lidar melhor com os jogadores-chave. Tratei todos da mesma forma no Chelsea. Mas para ser capaz de seguir essa linha, precisava do apoio do clube, e isso não se encontra em todo o lado. No FC Porto, sim”.