Piqué: “Vamos ganhar a Taça do vosso Rei”

A véspera da final ficou marcada por graves acusações do diário Marca ao central do Barça, Gerard Piqué, que o jornal acusa de ter provocado vários jogadores do Real no final do Clássico do passado Sábado, incluindo alguns companheiros de selecção.

De acordo com o diário, Piqué teria entrado no túnel de acesso aos balneários no Santiago Barnabéu a dizer: “Espanholitos, já vos ganhámos a vossa Liga Espanhola, agora vamos ganhar a Taça do vosso Rei”.

Ora, em Espanha, a figura do Rei é inatacável, de tal forma que nem mesmo os jornalistas têm autorização para se dirigirem ao soberano sem autorização prévia. Além disso, Juan Carlos é um Rei adorado pela maioria do povo, que claramente o conota com o grande artífice na passagem do fascismo de Franco para a democracia actual.

Estas palavras de Piqué seriam escandalosas no país, além de serem claramente separatistas. O terrorismo verbal que o diário madrileno atribui ao central são altamente desrespeitosas e por isso Piqué veio já a público garantir que nada disse: “Desejo comunicar que a informação que saiu sobre mim num meio desportivo é totalmente falsa e nunca diria semelhantes disparates. Vemo-nos amanhã (hoje) na festa do futebol espanhol”, escreveu o jogador catalão nas redes sociais.

Perdida a liga, venham as taças

É com as meias-finais da Liga dos Campeões já no horizonte que Real Madrid e Barcelona se defrontam esta noite no estádio Mestalla, em Valência. Até essas duas noites mágicas ainda falta algum tempo e pelo meio há um troféu para decidir, nada menos do que um que foge aos merengues há quase 18 anos: a Taça do Rei.

Por isto, e porque se trata da primeira final de Mourinho desde que chegou à capital espanhola, a partida desta noite assume uma dimensão transcendental, já que pode vir a retirar o ascendente psicológico a um Barça que chega ao encontro decisivo com a aura de equipa invencível, embora diga a realidade da Taça que até perdeu um jogo frente ao Bétis.

O contexto é desfavorável ao treinador setubalense, mas haverá poucas oportunidades como esta para trazer de novo o gigante branco para o topo da hierarquia do futebol espanhol. Com a Liga perdida, o mínimo que os adeptos exigem a Mou é que vença a Taça do Rei.

Na tribuna VIP do Mestalla estará Juan Carlos I, neto de Afonso XIII, que foi o responsável pela designação “Real” numa equipa que até então era simplesmente conhecida como Madrid Foot-Ball Club.

Até Di Stefano se rendeu ao Barça

De Raul a Casillas, passando por Di Stefano, todos concordam num ponto: há demasiado tempo que o Real não vence a Taça.

Ainda assim, o ambiente no balneário merengue pode não ser o melhor depois das palavras do histórico jogador argentino, figura incontornável do universo merengue. Di Stefano confessou que o Barcelona “trata a bola com adoração e respeito” enquanto o Madrid “corre para trás e para a frente constantemente, cansando-se”.

Claramente que Mourinho é um treinador moderno, que não convence os românticos do futebol, aliás, além de Di Stefano tem sofrido a pressão constante das palavras de Johan Cruyff, embora o holandês tenha uma agenda muito própria e o coração pintado de grená.

Que esta noite será de festa em Espanha, disso ninguém tem dúvidas. Resta saber se o epicentro vai acontecer na Praça Cibeles, em Madrid, ou na Praça da Catalunha, em Barcelona.

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