Inter: Figo pede tempo para Quaresma

É o Porto, é a selecçao...e principalmente como eu ja disse, este pessimismo que nada pode demover. Quando comecei a ver futebol,final dos anos 80, os resultados da selecçao eram pessimos, mas havia os meninos que começavam a conquistar titulos europeus e mundiais. Esse vislumbre de um futuro grandioso, foi sempre confortando os portugueses. Na decada de 90, os "meninos" cresceram, os resultados nao foram os melhores, mas foi altura de vitorias morais e sem nunca deixar de acreditar no futuro. Era um futebol belo, cativante, todo cadenciado, magnifico. E sempre grandes valores a aparecerem. O jogador portugues começava a ser simbolo de qualidade em todo o Mundo e foi bom começar a sentir algo que até ai eu desconhecia: respeito de todos pela nossa selecçao. A minha infancia, foi assim como a adolescencia vivida no sonho. A primeira vez que me preocupei a serio, foi por alturas do Mundial 2002, quando os nossos dois mais que tudo, dois dos maiores genios de sempre do futebol portugues, Figo e Rui Costa, davam os primeiros sinais de que afinal nao seriam eternos. Mas eis que logo aparecem vindos da super-academia de talentos de Alvalade, dois miudos com um toque diferenciado...bastavam 2, 3 toques na bola e o veredicto era imediato para quem tinha alguma sensibilidade: maos na cabeça que sao 2 genios mais para prolongar em todos os portugueses, o sonho por muito mais anos. E em paralelo com o surgir de Quaresma e C.Ronaldo, aparece o fenomeno Mourinho a revolucionar os conceitos do futebol portugues. Ao nosso natural talento, somam-se agora jogadores portugueses na sua maioria, trabalhados tacticamente de forma quase perfeita, com noçao posicional e com um pressing devastador como ate ai nunca viramos em equipas portuguesas. Esta onda positiva é aproveitada logo no fabuloso Euro2004 que hoje olhando à distancia, me enche de orgulho. O sonho nao morre, apesar da derrota com a Grecia. Os ultimos da grande geraçao ainda vao resistindo, como a querer passar o testemunho. Nao contavam eles que estes novos, tivessem tanto de talento como falta de cabeça. Deslumbramento facil, por vezes falta de inteligencia, nao só na abordagem ao jogo, mas na gestao da carreira. Muitos que tanto prometiam vao-se perdendo,outros nunca mais voltam a ter a aura que possuiam com Mourinho. Hoje olho Quaresma e até ja dele duvido. Eu que tanto o defendi aqui ultimamente, contra tanta injustiça(porque foram!), começo seriamente a pensar que lhe vai mesmo sempre faltar qualquer coisa. Mesmo que vingue no Inter, nao deixará de ser uma desilusao se atentarmos ao potencial que sempre teve, que era claramente para se tornar um dos melhores do jogo. Depois vejo Cristiano Ronaldo irreconhecivel, um dos melhores do mundo sem duvida, mas tao diferente do que ele prometia ser, tao pouco util para o nosso estilo de jogo, a leveza de um bailarino transformada nos passos inesteticos de um elefante. Ha bons valores a aparecer, mas nenhum com aquele extra que é sempre necessario para fazer uma equipa dar aquele passo final que distingue as boas equipas das fabulosas. E ja nem as camadas jovens nos conseguem devolver o sorriso. E assim, deixo lentamente de sonhar. E isso é o mais fodido. A realidade pode ser madrasta, mas a ilusao é sempre mae. Confesso aqui um desejo de que muito falei ha uns anos entre amigos, quando surgiram Quaresma, Ronaldo, Postiga, Viana, Manuel Fernandes, Moutinho entre outros. Dizia eu que um dia, Portugal iria ao Brasil num particular. Esperava eu que quando isso acontecesse, ja tivessemos alguns desses jogadores maduros embora ainda nao tao mediaticos como Ronaldo é ja hoje. E previa eu, pobre de mim, que esse jogo seria como uma passagem de testemunho...os reis do futebol arte durante decadas, rendiam-se aos novos conquistadores que daqui partiam como ha 500 anos. O Brasil que durante decadas, baseados na frustraçao da violencia de Morais, nos apelidaram de pernas de pau, caceteiros sem ponta de habilidade, iriam sucumbir às montanhas de puro talento que aqui eclodiram das entranhas da Terra e sairiamos aplaudidos em pé, porque se ha povo que aprecia talento é ali mesmo. Portugal que ja justamente vira reconhecido esse talento natural dos seus jogadores, à excepçao do sempre ceptico Brasil, nao mais iria ser chamado de Brasil da Europa, ja mereciamos ser reconhecidos com uma identidade muito nossa. E realmente la foram os tugas, mas mais ridiculo o meu sonho nao poderia ser...à luz de hoje como é logico, porque nada me tira da cabeça que em termos de talento, se recuarmos uns anos aqueles miudos eram de espantar. Movimentos nunca antes vistos(hoje muito copiados por jogadores de todo o Mundo,como o corte de letra em progressao de Quaresma e Ronaldo), uma boa dose de arrogancia e atrevimento(mas ainda nao de vedetismo!)sempre necessaria, uma grande segurança em posse de bola. Seria um jogo simbolico. Curiosamente em 2007, de certa forma isto ate aconteceu, no particular em Inglaterra. Os brasileiros completamente rendidos, a assumir que nunca antes uma selecçao lhes dera uma aula daquilo em que se especializaram com distinçao: o drible. O Mundo espantou-se e por toda a imprensa mundial, estranhava-se que houvesse uma selecçao tao ou mais habilidosa que o proprio Brasil. Digo-vos que depois do respeito adquirido com as anteriores campanhas, somadas as magnificas exibiçoes contra Brasil e Belgica foi naquele momento que a fama da nossa selecçao atingiu o zenite. Quaresma jogou muito, Ronaldo jogou muito. Nada fazia prever que ambos iriam modificar tanto...e principalmente, nada faria prever que a selecçao enquanto colectivo deixasse pura e simplesmente de funcionar. Porra, eu era um lirico do caraças...Nao mais.

Concordo plenamente com Luís Figo. Quaresma foi um excelente jogador no Futebol Clube do Porto. Mas a diferença entre o futebol português e o italiano faz com que um tempo de adaptação seja maior. Penso que quem conhece a forma de jogar de Quaresma nunca o criticará. P.s. Porque é que nunca aceitam os meus artigos?