Esta é mesmo a Liga Falcao! (crónica)

Radamel Falcao García Zárate, nascido a 10 de fevereiro de 1986 (há 26 anos) em Santa Marta, a primeira cidade a ser fundada pelos espanhóis na Colômbia, deu esta quarta-feira mais dois passos rumo à entrada na galeria dos futebolistas imortais. Dos seus pés saíram duas obras de arte, que destroçaram a defesa do Atlético de Bilbau e culminaram nos dois primeiros golos do Atlético de Madrid na final da Liga Europa. Ou Liga Falcao, como, antes do jogo, a imprensa espanhola batizara a prova.
Foram dois golos de génio, apenas ao alcance do melhor ponta de lança do futebol atual.

Até parece fácil, não é, Falcao? - No primeiro, aos 7 minutos, o avançado viu-se com Amorebieta e Aurtenetxe pela frente, dentro da área adversária, e sem companheiros por perto. Como quem rouba um brinquedo a uma criança, passou a bola do pé direito para o esquerdo, puxou a culatra atrás e desferiu uma bomba indefensável, em arco, que só parou no ângulo da baliza. Um golaço incrível.

Depois, aos 34 minutos, em frente da baliza de Iraizoz, Falcao deitou Aurtenetxe no chão, fez que ia para a direita e foi para a esquerda, e bateu de novo o guarda-redes dos bascos. Mais um grande golo do colombiano que na época passada também ganhou a ‘sua’ Liga Europa pelo FC Porto.

No banco do Atlético de Bilbau, o olhar de Marcelo Bielsa dava a entender que o treinador argentino percebera que pouco poderia fazer para inverter a situação.

Bascos sentiram o peso do jogo - Foi a forma como as equipas entraram na partida que decidiu esta Liga Europa. De um lado, um Atlético de Bilbau lento, a tentar trocar a bola a meio-campo, com algumas pedras-chave desinspiradas e a acusarem a importância do jogo, como foi o caso de Llorente. Com uma espécie de tiki-taka ao jeito do Barcelona, mas bem mais previsível. Depois de surpreender meia Europa – o Manchester United que o diga – já não tinha munições novas, capazes de enganar um rival que o conhece bem.

Do outro, um Atlético de Madrid (sem portugueses) mais rápido e incisivo. Mais à vontade num cenário de uma final europeia e com jogadores em grande forma. Além de Falcao, a quem os elogios esta noite nunca são demais, também Diego, a organizar jogo, e Mario Suarez, a impedir veleidades aos adversários, estiveram em altíssimo plano.

Na primeira parte, as oportunidades que o Bilbau conseguiu nunca puseram em verdadeiro alerta os madrilenos. As exceções foram os remates de Llorente, aos 18 minutos, e de Muniain (este sim, em bom plano), aos 24. Pouco, tendo em conta que do outro lado estava uma ave de rapina à solta.

Bielsa mexeu, mas de nada adiantou - Marcelo Bielsa mexeu ao intervalo, trocando dois homens, e o Atlético de Bilbau teve ainda mais bola na segunda parte. Mas era um domínio aparente e consentido. A defesa e o meio-campo dos colchoneros dava conta do recado.

Nos últimos 20 minutos, os homens do País Basco, que eliminaram o Sporting nas meias-finais, encheram-se de brios e aumentaram a pressão. Pareceu nessa altura, que os de Madrid estavam a fraquejar e que poderia acontecer um golo que mudasse o perfil do jogo. Mas nada saía bem a Llorente, Ibai Gomes, Suzaeta e companhia.

Três golos de ex-portistas - Falcao quase fez o hat-trick, rematando ao poste, depos de mais uma jogada enorme, aos 80 minutos. E Diego, outro ex-portista, arrumou com o assunto aos 85, entrando à vontade na área para escolher o lado mais distante da baliza. Estava feito o 3-0. Choravam os leões de Bilbau, celebravam os colchoneros de Madrid. Com toda a justiça.