Espanha rende-se a Mourinho e Cristiano Ronaldo

"Cristiano superou Messi e Mourinho superou Guardiola". É desta forma que o cronista espanhol Emilio Contreras começa por fazer a sua análise, no jornal Marca, ao Barcelona-Real Madrid (1-2) do passado sábado. A imprensa do país vizinho rende-se aos portugueses depois do clássico espanhol que terá dado definitivamente o título aos madrilenos.

No diário El País salienta-se que "o Madrid evidenciou no Camp Nou a sua evolução com Mourinho", reparando-se que o onze do Real era praticamente idêntico ao que perdeu por 5-0, no primeiro clássico disputado pelo treinador português frente a Pep Guardiola, em novembro de 2010. "Mourinho afinou a defesa e as transições rápidas", aponta o jornal, destacando a "alternância inteligente entre a espera atenta, a pressão muito alta e o contra-ataque rápido" na equipa do Real.

Sobre Ronaldo, El País afiança que o golo que apontou em Camp Nou, o segundo do Real, "pode decidir o campeonato e, talvez, a sua ansiada Bola de Ouro". "Constante nas suas atitudes, Cristiano reclamou protagonismo", diz-se no jornal, considerando-se que "calçou botas laranjas fluorescentes" que "se viram pouco, mas quando reluziram foi para produzir benefícios para o Madrid", conclui-se.

"Cristiano não tem limites", é o que intitula o desportivo Marca, apontando que o português "carregou a equipa às costas" e que o seu golo foi "um golpe na mesa nas disputas individuais pelo Pichichi e, inclusive, a Bola de Ouro". Foi o 42.º golo do avançado das quinas que assim se coloca à frente de Lionel Messi, na luta pelo título de melhor marcador da Liga Espanhola, com mais um tento. "Ver os registos de Cristiano Ronaldo provoca vertigens", afiança o mesmo diário, reparando que o número constitui um novo recorde de golos apontados num único campeonato.

A Marca lembra os assobios ao português, no passado dia 10 de dezembro de 2011, aquando do jogo contra o Barça no Santiago Bernabéu, e conclui que, no Camp Nou, o madeirense "demonstrou que esta Liga será recordada como a Liga de Cristiano".

"No duelo dos dois melhores do mundo, decidiu o português", escreve ainda o cronista Emilio Contreras, reparando que "de Messi não houve nem notícias, nem remates". "Ainda que pareça desumano, é terreno. E quando não aparece para dar golos nem assistências, o Barça não ganha", evidencia também sobre o craque argentino.

Na mesma onda, o jornal As repara que "o Barça acusa a dependência de Messi", considerando que Cristiano Ronaldo se adianta ao rival catalão na batalha pelo título de melhor do mundo em 2012. "O português leva três clássicos consecutivos a marcar e Messi, em contrapartida, acumula quatro sem ver a baliza", escreve o referido desportivo.

O internacional das quinas "reivindicou a sua figura em território hostil e num cenário mundial, com 400 milhões de pessoas a vê-lo pela televisão", sustenta ainda o As. Neste jornal o cronista Alfredo Relaño fala também do "clássico de Cristiano" e constata que "começa a aparecer o colossal futebolista que tem dentro". "Um jogador de época capaz de por em dificuldades o próprio Messi diante do seu público", sublinha.

Quanto ao duelo de treinadores, o As constata que "Guardiola mediu mal Mou" e que o técnico catalão "se enganou em quase tudo". "Planeou mal o jogo exterior, arriscou na defesa, não acertou nos homens escolhidos", analisa o jornal, concluindo que "permitiu que Mourinho desenvolvesse o seu plano sem grandes sobressaltos".