Futebol Brasileiro

A seleção brasileira partiu para os Jogos Olímpicos com a intenção de levar a medalha de ouro, no entanto foi a seleção mexicana que saiu vitoriosa. Quais são as razões para este fracasso?

Nos últimos anos o Brasil tem registado um crescimento económico notável e esse crescimento tem-se refletido no seu futebol. Devido a essas condições financeiras mais vantajosas, o país brasileiro tem conseguido "agarrar" algumas das suas pérolas mais preciosas como Neymar, Ganso ou Damião, ao oferecer-lhes salários que apenas são correspondidos pelos valores pagos aos jogadores dos "tubarões" europeus, para além de permitir uma maior margem de manobra para negociar os seus jogadores, apenas os vendendo a preços bastante altos, sendo exemplos disso jogadores como Óscar ou Lucas Moura.

Outra das consequências desse crescimento é o regresso de alguns jogadores brasileiros em final de carreira como Ronaldinho, Luís Fabiano ou Ronaldo, entre outros. As condições salariais que estes clubes oferecem aos jogadores tornam-nos opções bastante viáveis para terminarem as suas carreiras.

Mas este crescimento também tem o seu lado negativo, que ficou provado nestes Jogos Olímpicos. Grande parte do núcleo desta seleção olímpica jogou no campeonato brasileiro na temporada passada, e como devem saber, os campeonatos sul-americanos são bastante inferiores taticamente aos campeonatos europeus. No passado, jogadores como Ronaldinho, Lúcio, Kaká, entre muitos outros exemplos, chegavam à Europa ainda no início da carreira e isso permitiu-lhes tornarem-se úteis à sua seleção ainda numa idade muito jovem. Essa falta de experiência evidenciou-se na final contra o México, em que a equipa brasileira não conseguiu ultrapassar as dificuldades.

No entanto, os "canarinhos" também apresentaram um esquema tático que prejudicou a equipa, no qual foi notória a falta de ligação entre os sectores. Na defesa os laterais Rafael e Marcelo, como típicos laterais brasileiros que são, raramente ajudaram a equipa na defesa, expondo-a aos contra-ataques adversários. Os centrais, Thiago Silva e Juan, tiveram algumas dificuldades a dobrar os laterais, o que acabou por enfraquecer a defesa. No meio-campo Sandro e Rômulo tinham funções pouco definidas, o que prejudicou muito a construção de jogo da equipa, muito (talvez demasiado) dependente de Óscar. No ataque Neymar acusou a pressão de ser a principal referência da equipa, o que fez com que optasse a maior parte das vezes por incursões individuais, ao invés de jogar para a sua equipa.

Este protagonismo de Neymar prejudicou Hulk, que raramente era 1ª opção para os seus colegas de equipa, sendo que só se destacou quando, na final, pegou nas rédeas da equipa, marcando um golo e dando duas grandes oportunidades aos seus colegas de equipa, Damião e Óscar, que as desperdiçaram. Damião mostrou qualidades de um potencial ponta-de-lança de referência a nível mundial, tendo no entanto muito trabalho pela frente para se afirmar como tal.

Esta seleção tem muito potencial, no entanto estes jogadores têm de dar o salto para a Europa de forma a evoluírem e apresentarem-se como um dos principais candidatos à vitória no Mundial de 2014, tendo ainda muito trabalho pela frente para atingir esse patamar tão elevado.