Barça vence por KO! (crónica)

O Barcelona é uma super equipa e José Mourinho precisa de tempo para aplicar a receita “mágica” no Real Madrid. Partindo destas premissas, não deixa de ser quase chocante a forma como os merengues cederam o controlo de jogo ao eterno rival, permitindo longas (a maioria inconsequentes) trocas de bola perante um Santiago Barnabéu completamente cheio.

À semelhança do que aconteceu na final da Taça do Rei, o Real cedeu a posse de bola ao Barcelona, permitindo que os catalães entrassem no seu meio-campo defensivo até certo ponto. A barreira formada por Pepe, Lass Diarra e Xabi Alonso serviu de tampão e a equipa de Guardiola raras vezes conseguiu causar perigo.

Messi teve sempre a sombra de Pepe e na única vez que se soltou do internacional português ofereceu o golo a Xavi, que rematou cruzado para defesa de Casillas. Houve muita luta e pouco discernimento, o que originou um jogo aborrecido.

Do lado merengue Di Maria foi o único a trazer alguma irreverência, partindo para cima de Dani Alves de forma espetacular e arrancado um par de faltas que Cristiano Ronaldo se encarregou de desperdiçar numa insistência por vezes incompreensível pelo remate à baliza.

O que saltou à vista dos primeiros 45 minutos foi um Real menos disponível para contra-atacar e que só nos descontos chegou à baliza de Valdés graças a um remate traiçoeiro de Ronaldo.

Ao intervalo o jogo estava morno, mas aqueceu no caminho para os balneários, quando Pinto, guarda-redes suplente do Barça, e Chendo, delegado ao jogo do Real, trocaram agressões e só a intervenção dos stewards e da polícia evitou que a confusão degenerasse em violência. O árbitro Wolfgang Stark viu e expulsou Pinto.

Messi e o golo do ano

A segunda parte começou com Mourinho a apostar em Adebayor no lugar do muito apagado Ozil. A estratégia começou por resultar, mas com os nervos a apoderarem-se das duas partes Wolfgang Stark foi obrigado a segurar a partida com amarelos, bem mostrados, a Ramos e Mascherano.

O árbitro estragou o bom trabalho pouco depois, quando aos 60 minutos decidiu expulsar Pepe após uma entrada imprudente, que merecia amarelo e não mais do que isso. Mourinho assistiu a tudo com um sorriso irónico e depois de alguns protestos acabou na bancada, talvez pensando que ainda não era desta que terminava um jogo frente ao Barça com todos os jogadores em campo.

Com tanto fait-divers havia um jogo pelo meio que ninguém parecia querer jogar, e quando todos se voltaram a concentrar em futebol o Barcelona quase marcava. Xavi recebeu a bola entre linhas, Villa fletiu da direita para a esquerda, atirando cruzado, e Casillas fez mais uma magnífica defesa, levando ainda um susto quando Pedro cabeçeou em desequilíbrio para fora.

O jogo ficava de feição para a equipa de Guardiola e o treinador catalão reagiu ao colocar em campo Afellay. O efeito foi de Midas, já que aos 76 minutos o holandês tocou pela primeira vez na bola para partir os rins a Marcelo e assistir Messi para o golo do 1-0.

O Real estava de cabeça perdida e quem aproveitou foi o argentino, que deu a estocada final na partida (e provavelmente na eliminatória) com um golpe de génio. Lance fabuloso de Messi que passou por meia defesa merengue e fez o 11.º golo em 11 jogos.

KO do Barcelona na casa do rival. O Real Madrid vê a final de Wembley cada vez mais longe, ainda para mais sabendo que Pepe e Ramos serão baixas por motivos disciplinares na visita ao Camp Nou.