Até onde vai a força de Bruno de Carvalho?

Os primeiros dias de Bruno de Carvalho como presidente do Sporting têm confirmado os indicadores de uma liderança forte, ativa mas pouco discreta. À chegada a Braga, onde o clube de Alvalade jogou e venceu esta segunda-feira, Bruno de Carvalho distribuiu autógrafos e pousou para fotografias como se de uma estrela se tratasse.

Em boa verdade, o recém-eleito presidente do Sporting é, por ora, uma das figuras mais populares do clube, com um grau de notoriedade superior a muitos jogadores da equipa profissional de futebol. A sua aparente personalidade forte contrasta com o passado recente das lideranças em Alvalade, dividindo por isso opiniões. Para Bruno de Carvalho não há meio termo, ou se gosta, ou se odeia. É alguém que segue pelo caminho da confrontação e não pela procura de consensos. O melhor exemplo foi a declaração do presidente leonino após o Sporting B-Benfica B, em que abriu a caça "ao bando de pássaros".

Historicamente, após crises profundas - seja no plano desportivo ou até mesmo na evolução das sociedades - seguem-se lideranças autocráticas por longos períodos de tempo. O Sporting, na última década, esteve desagregado, longe dos poderes de decisão, excessivamente centrado em si mesmo e nos seus problemas de identidade. Bruno de Carvalho procura, também neste capítulo, romper com o passado, mas estará o Sporting neste momento em posição de gerar confrontação com os poderes instalados? Historicamente sim, mas com as atuais debilidades de que o clube padece a sua voz pouco ou nada se poderá fazer sentir.

Ao Sporting, porventura, seria necessário nesta fase embrionária de recuperação da sua identidade, prestígio e capacidade financeira alguém com mais low-profile e racionalidade do que o estilo "pop-star" emocional que Bruno de Carvalho impõe.

Mesmo perante a banca, o maior credor do Sporting, Bruno de Carvalho nada poderá fazer se não conseguir investidores externos que lhe confiram força (dinheiro) para renegociar a dívida do clube. Sejam russos, árabes ou chineses.

De nada valerá a Bruno de Carvalho toda a sua alma sportinguista, a agregação dos sócios e adeptos (basta ver a crescente inscrição de novos sócios desde a sua eleição), se não conseguir provar à banca que o Sporting tem outras formas de se financiar. Caso não o consiga, será engolido como os outros presidentes e, folclore à parte, este mandato será mais do mesmo.