Veloso e Jorge Couto lamentam rivalidade doentia entre FC Porto e Benfica (Exclusivo)

António Veloso e Jorge Couto travaram muitos duelos em clássicos entre Benfica e FC Porto. Embora pisassem normalmente zonas de terreno opostas - o antigo capitão do Benfica era preferencialmente utilizado como defesa direito e o antigo portista como médio do mesmo lado - estiveram envolvidos em muitos dos jogos que marcaram a história dos dois clubes nas décadas de 80 e 90. Os dois ex-futebolistas recordaram ao Relvado essas duras "batalhas" e fizeram a antevisão da partida desta sexta-feira.

Jorge Couto defende que o FC Porto "tem uma pequena vantagem, pois joga em casa". Mas frisa que "nestes jogos, o favoritismo é muito relativo, ainda para mais numa altura em que as equipas estão empatadas na classificação e ambas em momento de forma razoável". O antigo médio diz que vai estar a torcer pelo FC Porto num jogo que perspetiva como "muito equilibrado", apostando numa vitória dos dragões por 2-1, com golos de Hulk, Kléber e Bruno César.

António Veloso acha que "há 50 por cento de favoritismo para as duas equipas" e apesar de lembrar que o FC Porto tem o factor casa a seu favor, mostra-se esperançado no seu Benfica. "Acho que vai ser uma partida muito disputada, mas o Benfica está a jogar bem, por isso pode lutar de igual para igual", refere.

O ex-capitão das águias elege Hulk, Kléber e Bellushi no FC Porto como jogadores que podem desequilibrar os pratos da balança. E no Benfica, aposta em Cardozo, Gaitán, Nolito, Aimar e Saviola.

Quanto a Jorge Couto, diz que o maior perigo portista vem do inevitável Hulk, mas também de Álvaro Pereira, "um lateral que cria muitos desequilíbrios". No Benfica, aposta em Nolito, Bruno César, Saviola e Cardozo.

Rivalidade pouco saudável

Num ponto, Jorge Couto e António Veloso estão de acordo: a rivalidade entre Benfica e FC Porto atingiu um nível doentio. O antigo lateral lembra que no seu tempo "não se partiam autocarros e a polícia não tinha de acompanhar os autocarros das equipas nas viagens para o Porto e Lisboa". Veloso pede aos adeptos "mais respeito", lembrando que "o futebol é apenas um jogo".

Jorge Couto diz que "a paixão pelo jogo mantém-se inalterável", mas lamenta a violência que tem marcado os últimos clássicos entre as duas equipas. "Eu sou uma pessoa pacífica e tranquila, por isso gostaria que estes episódios parassem. O espetáculo só teria a melhorar com isso. Hoje em dia, infelizmente há pessoas que não vão ao futebol porque têm medo...", lamenta.

Clássicos marcantes

António Veloso não hesita quando instado a eleger o clássico mais saboroso da sua carreira. "Foi em 1990/91, quando ganhámos 2-0 nas Antas, com golos do César Brito e praticamente fomos campeões. Ganhar ao FC Porto dava sempre gozo e se fosse nas Antas, melhor ainda. Foi um resultado muito saboroso", recorda.

Esse jogo é, curiosamente, o eleito por Jorge Couto como o que lhe traz piores recordações. "Foi duro! O César Brito entrou e decidiu a questão. Foi um passo decisivo para o Benfica conquistar o título", lembra. Quanto ao clássico que recorda com mais saudade, elege uma vitória por 3-2 na Luz, na parte final da época 1991/92. "Dessa vez, fomos nós que ficámos muito perto do título. Fizemos um grande jogo, com o Timofte em grande plano", lembra.