Cruyff: “O problema do Barcelona é Neymar”

Sempre que Cruyff fala, o mundo do futebol devia parar e reflectir. O homem é falível, como qualquer um o será, mas na esmagadora maioria tem opiniões certeiras e não tem medo de as expressar. Para além de ter sido um dos melhores de sempre, tem uma lucidez que o diferencia dos seus pares. Não é ao acaso que influenciou, revolucionou e deu dimensão mundial ao Barcelona, enquanto jogador, primeiro, treinador, depois, e director, mais tarde.
Não está em causa a inegável qualidade de Neymar, mas o seu estilo é a antítese da identidade de futebol que o Barcelona representa. E é impossível, como refere, aos 21 anos um jogador - por mais talento que tenha - ter um estatuto superior a todos, num balneário constituído por super-campeões que tudo já ganharam no futebol.
Até dentro do balneário há hierarquias, e Neymar (por muito bom que seja) chegou esta época e tem necessariamente que ter um estatuto abaixo dos consagrados, por forma a não destruir a coesão de grupo. Deve escutá-los, aprender e aperfeitçoar-se com eles, mesmo que os relegue para o banco de suplentes. Em termos de vencimento, a administração, em trabalho com treinador, deve ter em conta diversos factores que não apenas o valor de mercado e a qualidade técnica. É impossível, por exemplo, Neymar chegar e ganhar mais do que Messi (Xavi, Inista, Busquets, Puyol, Piquet ou Valdes) Bale mais que Ronaldo (Sergio Ramos, Casillas, ou Xabi Alsonso), ou, no plano nacional, um qualquer sérvio cheio de talento chegar ao Benfica e auferir mais que, por exemplo Luisão. E quer se queira, ou não, isto tem, e muito, peso na gestão de um balneário e consquentemente no desempenho individual e colectivo