Quatro anos após o EURO...

Fomos mais uma vez todos entrujados! Porquê entrujados? Porque se falou tanto na recuperação económica e depois, foi o que foi... ainda oiço muitos economistas falarem de "se Portugal tivesse ganho à Grécia..." e o quanto eu rio deste tipo de argumentação... especialmente vinda da boca de muitos economistas... Quero-vos contar um segredo (talvez para algumas sumidades do relvado não seja um segredo, mas aqui vai...): Portugal é um país na qual o grosso da sua economia vive dos negócios de dinheiro fácil. O que é isso do negócio de dinheiro fácil? A este nível, digamos que são todo aquele tipo de negócio na qual o retorno do investimento é alcançado até um prazo de 6 meses no máximo. Reparem quem mais lucrou com o Euro2004 e este tipo de eventos? Construção cívil e prestação de serviços. Será que é este tipo de empresas que queremos em Portugal? Por outro prisma, será que um país pode ser estável somente com este tipo de empresas? Claro que não! Sendo assim, muitos perguntarão: Então mas porque é que as coisas já não descambaram? Numa palavra: ESTADO! É ridículo o papel da maioria das empresas Portuguesas que ao menor sinal de perigo e de risco, lá vêm elas pedir fundos e mundos. É ridículo ver trabalhadores com 15 anos ou mais de casa pedir ao ESTADO para que faça algo para que as empresas em que trabalham não fecham as portas. Quando observo este cenário, faz-me recordar os filhos crescidos mas que ainda se encontram agarrados às saias de suas mães! Depois há o facto de continuarmos a não perceber que uma empresa nasce, cresce, amadurece e eventualmente morre... vejam o que está a acontecer ao Boavista, SAD! O que está a morrer é a empresa Boavista! O clube, bem esse sobrevive, mas fica mais pobre. Foi uma má decisão do clube ter confiado numa passagem para SAD. Podemos até discutir que a ideia era e é boa, mas esquecemos do mais importante: ideias todos nós temos... agora colocá-las em práctica... O caso do Boavista é um caso típico de uma empresa que vai à falência por causa de decisões erradas no passado. É preciso aceitar essas situações. No meu ponto de vista, o caso do Boavista faz despertar ainda mais o meu olho crítico quando olho para o relatório de contas do meu clube. Creio que esta é a grande moral que devemos retirar desta triste história. Outra conclusão, pessoal diga-se, é que temos pouca gente que saiba dirigir para criar uma estrutura maior e mais robusta. Com isto volto à temática inicial. Que acontece quando os construtores ficam sem trabalho para fazer? Como são uma espécie pouco criativa, têm receio de arriscar noutro tipo de negócios e como são em elevado número, juntam-se, criam alianças, afiliam-se em partidos políticos, investem nos partidos e ganham assim mais uns anos de "aleitamento" por parte da mãe ESTADO. Enquanto houver "mama" a necessidade de mudança é igual a... 0 (zero). É esta falta de capacidade empreendedora que faz-me interrogar onde é que, na linha do tempo, perdemos esta qualidade... O mal actual do nosso futebol é transversal à nossa sociedade Portuguesa, é o tal mal de procurar-se o lucro demasiado fácil, é o tal mal de haver pouca criação. Em termos concretos, no futebol nacional, falta uma liga que saiba utilizar os recursos que tem ao seu dispor. Porque é que os estádios não passam a ser da gestão da liga? Falo dos estádios do euro 2004. Não libertaria muitos clubes dos gastos que têm com os seus campos? Não libertariam os clubes para investimentos onde realmente necessitam de serem feitos? Reparem agora no Trofense, será um caso ao estilo do Leixões, i.e. passará 10 jornadas à espera que construam a bancada certificada para jogar na liga, não é? Quanto não deve ter custado aquela bancada... e com tantas para serem preenchidas em Aveiro por exemplo... Ah e tal! "Aveiro é longe para burro, não fica na terra... deixa de haver comércio na terra (Leixões por exemplo)..." Será que isso são problemas? Creio que não, pois se há jogos de duas em duas semanas, não haverá jogos de grande audiência de duas em duas semanas que possibilitam aumentos astronómicos em vendas no comércio local (em redor ao estádio...) O facto de ser longe... é uma mentira! Hoje percorre-se 100km em 60 minutos, nem tanto. Há inclusivé a oportunidade de fazer-se escursões com os adeptos dos clubes. Talvez assim se promova mais o país para os Portugueses, sim porque há muito jovem e idoso que se calhar nem imagina o quão belo é o nosso país. Existe tantas ideias que poderiam ser implementadas, para que a nossa liga fosse competitiva e fosse um produto de exportação... há potencial! Acreditem que o há! Falta é haver empreendorismo nos nossos dirigentes desportivos e não falo apenas no Hermínio, falo sobretudo em quem realmente tem poder na Liga, os seus associados, os clubes. Concluo apenas que passado 4 anos, o nosso futebol passou de 18 equipas para 15, temos mais uma competição, a taça da Liga, e pouco ou nada se fez mais nestes 4 anos... Digam lá se não é preguicite aguda? Cumprimentos Futebolísticos!

o Euro 2004 teve um grande beneficio para Portugal pois ficamos muito bem vistos não só do ponto de vista organizacional mas como tb termos mostrado à europa k somos um país acolhedor. agora, ja se previa isto à 4 anos atrás: os grandes clubes portugueses iriam ter beneficios (devido a melhores instalações para as competiçoes europeias) e os mais pequenos podiam ter problemas devido aos elevados custos. mas penso k de qualquer modo penso k foi proveitoso para o PRESTIGIO de Portugal k foi o principal motivo para a candidatura a organização. cumps

E mostra o seu poder quer o Governo seja PSD (auto-estradas do Cavaco) ou PS (Expo98, Euro), quer fosse PP, PCP ou BE. E os clubes que beneficiaram do tacho não devem ter dito que não. Para além de que a economia portuguesa depende em muito do poder de iniciativa do Estado. Por isso está previsto mais um grande grupo de grandes obras: Nova ponte do Tejo, Aeroporto e TGV. Aliando à conhecida cumplicidade entre autarquias e clubes de futebol, acho que não é difícil descobrir porque foi o Euro um desígnio nacional. Eu do estádio de Leiria sei algumas histórias, que se devem ter repetido noutros estádios. Mas é demagogia dizer que por causa do euro se estão a encerrar maternidades e urgências. A reorganização dos serviços de saúde é necessária para prestar melhor serviço, as economias de escala tornam impossível a existência de uma capelinha em cada concelho. E as falsas urgências (em alguns hospitais chegam a 50%) são uma realidade que gastam recursos que poderiam ser utilizados de melhor forma. Sem falar da demagogia de muitos médicos, que eram contra o encerramento das "urgências" porque lhes permitia ganhar mais de mil contos/mês só em horas extraordinárias. O mesmo para o encerramento das escolas. Muitas encerraram no interior, eram escolas com menos de dez alunos. Muito melhor do que haver vinte escolas primárias com 8 alunos cada, é haver uma só escola, com serviços centralizados, com capacidade para 160 alunos e muito melhores condições. O dinheiro podia ter sido melhor utilizado? Podia. Mas se não tivesse sido nos estádios, teria sido noutra obra faraónica. A Irlanda e a Espanha, que em 86 estavam ao nosso nível ou pior, já pertencem aos países com PIB superior à media da UE. Nós mantivemos-nos na cauda, na Europa a 15 e a 25. Se o nível de competências e formação da sociedade portuguesa em qualquer nível é pior do que a média comunitária, estaremos necessariamente pior do que eles. E isso é um problema de gerações, não é o dinheiro não gasto no Euro que resolvia o problema.