Vítor Baía despediu-se dos relvados

A festa dos campeões, que bem dito foi mais portista do que leixonense, começou no Estádio do Dragão com a ovação aos campeões europeus de 1987. E quase todos lá estavam, os jogadores que no Século passado conseguiram a mítica vitória sobre o Bayern de Munique em Viena, Áustria. Até Fernando Gomes, o bi-bota de ouro que nos últimos anos não manteve quaisquer relações oficiais com o Porto, devido a um mau-estar com Pinto da Costa, marcou presença na volta pelo relvado. «É a festa do meu clube e eu faço parte deste clube», dizia Fernando Gomes para justificar a sua presença.Campeões europeus do Porto de 1987 homenageados no Dragão em 27 Maio 2007
Também pisaram o relvado do Dragão Juary e Madjer, que apontaram os golos do triunfo portista por 2-1 em 1987, além de André, Lima Pereira, Celso, Eduardo Luís, Festas, Frasco, Jaime Magalhães, João Pinto, Laureta, Paulo Futre, Paulo Ricardo, Quim, Semedo, Sousa e Vermelhinho e o treinador Artur Jorge. Só Mlynarczyk, Augusto Inácio, Jaime Pacheco, Casagrande e Elói falharam a festa onde não se esqueceu a memória de Zé Beto, guarda-redes suplente em Viena que faleceu em 1990.Os aplausos continuariam já depois de as equipas de Porto e Leixões girarem nas quatro linhas às voltas com a bola, até porque Lisandro López marcou o único golo do jogo logo aos 3 minutos. O resultado estava feito, bem como a necessária vitória azul e branca para não estragar a festa. Depois disso a animação nas bancadas continuou em amena convivência entre os dois emblemas da Invicta. Nova explosão dos adeptos viria aquando da substituição de Baía aos 60 minutos por Paulo Ribeiro. O veterano guarda-redes recebeu a vénia do público e saiu de campo com o tenso arco da emoção escondido atrás do rosto pintado de azul.Vítor Baía entrega braçadeira a Pedro Emanuel
Em campo tinha já entrado Pedro Emanuel para o único jogo do defesa-central numa época marcada pela recuperação de uma grave lesão. Baía entregava a braçadeira àquele que vai ser o novo timoneiro do balneário dos dragões. E é Pedro Emanuel quem trata de confirmar o adeus do guardião. «Ficar sem uma figura emblemática no nosso balneário é sempre uma perda de peso, mas todos temos a noção de que o nosso ciclo no futebol tem de acabar», aponta o atleta, realçando que o tempo de Baía «infelizmente pode terminar esta época e nós teremos de sobreviver a isso com mais união, mais solidariedade e com o espírito de camaradagem que sempre existiu entre nós», conclui.De Baía nem uma palavra sobre o futuro, nem de qualquer dirigente do clube. De resto o silêncio tem sido a postura oficial de Pinto da Costa em dias de consagração do Porto como campeão nacional. Mas o presidente azul e branco, que no domingo tomou posse para o seu 10º mandato à frente do clube, escolheu precisamente o dia da festa dos campeões para prestar a sua primeira entrevista desde há muito. Foi ao regional Porto Canal que o dirigente salientou que este foi um dos títulos «mais difíceis» de conquistar, justificando que a equipa de Jesualdo Ferreira lutou contra tudo e todos. «Não tivemos favores de ninguém, não tivemos ajudas das equipas de arbitragem», entende ainda o presidente.Pinto da Costa faz no mesmo Canal o elogio a Jesualdo Ferreira, frisando que o treinador «merecia este título mais do que ninguém» e que é «um homem que vive apaixonadamente a sua profissão». Já o alegado interesse do Porto em negociar Pepe com a Juventus em troca de Miccoli é definido pelo presidente como «um absurdo». Para a próxima época fica ainda a promessa de que «não haverá grandes aquisições». Quanto a saídas, Pinto da Costa nota que serão menos do que as que têm sido anunciadas nos jornais...Fotos: LusaSusana Valente