FCP: porque é que Octávio deve sair?

João Lopes deixa de seguida cinco razões pelas quais considera que Octávio devia sair das Antas:
"1 - o homem é inapresentável. Dada a sua evidente estrutura paranóide, nunca deveria estar sujeito à pressão do futebol de alta competição a qual, como é óbvio, contribui seriamente para agravar as tendências persecutórias que jamais deixarão de o atormentar. Para quem gosta de futebol é insustentável ouvi-lo falar dos seus fantasmas, dos seus inimigos alucinatórios, da estrutura que visa derrubá-lo. De futebol, do jogo em si... nada! Retirá-lo de cena é um favor que nos será prestado mas será igualmente um favor para a débil saúde de que ele dá provas.
2 - Ele revela-se capaz de lançar a maior das desordens na equipa. Vários jogos houve, como contra o Varzim, o Setúbal ou o Celtic (em Glasgow), em que amontoou literalmente 3/4 trincos (que designação medonha) no meio-campo, deixando toda a faixa esquerda entregue ao defesa esquerdo, que evidentemente se esgotou sem conseguir nada de útil. Quando corrigiu, já tinha dado 3 quartos do jogo de avanço ao adversário. Claro que em Glasgow já não foi a tempo. Isto contra uma equipa miserável (como se viu na semana passada).
Entretanto o Alenitchev pena no banco, porque o que é importante é resguardar a rectaguarda, sobretudo contra adversários poderosíssimos como o Setúbal, o Varzim ou o Rosenborg. O maior mal é nosso, que não vemos futebol. Apenas um caos enervante.
3 - curiosamente, a equipa do Porto, sendo evidentemente vulgar, como não podem deixar de ser as equipas de um país periférico, parece ainda assim chegar e sobrar para a esmagadora maioria dos adversários internos. No entanto, ainda aí, o treinador procura equilibrar as coisas, persistindo em manter em campo o misterioso Pena que, salvo melhor opinião, dificilmente teria lugar em qualquer equipa da Divisão de Honra. Catadupas de oportunidades são deitadas borda fora, porque o homem, na hora de chutar, tropeça na bola, na hora de correr, tropeça nos pés, na hora de segurar, entrega ao adversário. Parecendo que não, isto desequilibra fortemente a equipa, porque mina a confiança de quem gostaria de lhe passar a bola e eventualmente recebê-la a seguir ou simplesmente de o ver fazer qualquer coisa de jeito. As hesitações no ataque são muitas e em grande parte a ele se devem. O Porto não joga com dez! O Porto joga com dez e com ele a sabotar, o que é francamente pior. Qualquer outro jogador, das dezenas que arruínam o Porto porque não jogam, faria muitíssimo melhor. Bastaria aproveitar 10% do que ele falha.
4 - Por outro lado, haverá que reconhecer que as responsabilidades em última instância são da gestão e não do treinador, que nem sabe porque é que alguém resolveu ir buscar uma pessoa como ele, que não tem nada a ver com as necessidades de um espectáculo moderno. Pinto da Costa é claramente um gestor fantástico, mas também comete erros. A contratação do actual treinador e de uma equipa inteira de futebol (esta época), são luxos desmedidos para os dividendos que deles se retira. Essa gente que dá pelo pomposo nome de empresários de futebol, que enche os bolsos e oferece jogadores inacreditáveis a preços de pasmar, tem vindo a tomar conta dos clubes (e infelizmente parece que o Porto não escapa) e a arruinar progressivamente a qualidade do futebol.
5 - finalmente, devo dizer que o Porto não pode perder com equipas miseráveis como o Beira-Mar ou o Belenenses. Não me venham dizer, como dizem os jornalistas que nada percebem de futebol, que eles (os adversários) fizeram uma grande exibição. Qual quê? Arrastaram-se penosamente pelo campo, passaram metade do tempo deitados no chão agarrados às pernas, à cabeça, ou a qualquer outra parte do corpo. Os milionários do Porto só têm obrigação de ganhar a grupos tão patéticos, que mesmo não tentando ganhar, acabam por ganhar (o que é espantoso)! Que futebol mais “desgostante” (e desgastante)!"