Perigosa associação | Relvado

Perigosa associação

A alegada candidatura de Rui Rangel à presidência do Benfica poderá revelar-se fatal, quer para a in
 
Rui Rangel (juiz desembargador)

O desporto atual e o futebol em particular, no que à faixa profissional diz respeito, atingiram patamares que preocupantemente não se resumem ao simples caráter de praticar desporto, à imperativa, mas saudável existência de competição ou tão somente à leal representatividade dos seus praticantes.

Estaria por sinal a cometer um erro ao pensar desta maneira, pois a evolução dos tempos e das práticas, sejam elas do foro particular dos praticantes e de todos intimamente ligados ao desporto, das normativas (algumas impostas) federativas ou ainda a dinâmica evolutiva nos treinos aos atletas, impuseram um sinal forte de mudança, que é a meu ver natural e necessário para que a competição atinja os progressos necessários e daí todos os intervenientes, espetadores incluídos, retirem do desporto o nobre sentimento de ética e de valores adquiridos para o futuro.

Pegando nos valores que a prática desportiva, ou apenas o comum espetador pode retirar do desporto, não vejo com bons olhos a perigosa associação que um Juiz desembargador pode cometer ao candidatar-se a presidente de um Clube de Futebol que tem na génese, aliás, como todos os outros clubes, uma base inequívoca de valores que vão da formação ao setor sénior, passando claro pelas ideologias da cada um que são respeitosamente absorvidas ou não, dependendo de quem assume essas escolhas.

Devo dizer que não conheço o Meritíssimo Sr. Dr. Rui Rangel, pessoa que respeito tão somente por representar o que representa, mas de facto esta alegada candidatura ao trono encarnado poderá revelar-se fatal, quer para a instituição em causa, quer para quem a quer comandar, não fossem o desporto atual e o futebol em particular no Portugal de hoje, uma forma de dilacerar pessoas, conectar e "meter" rótulos a quem assume cargos de gestão neste mesmo desporto. É perigoso no mínimo, querer ser "lobo" e não querer vestir a pele, e na minha humilde opinião e que vale o que vale, o terreno arenoso e turvo onde desgraçadamente e infelizmente o futebol de hoje se encontra, não se compadece ou pelo menos não se deveria conjugar com o poder político, muito menos com o poder sectário da Magistratura Portuguesa, "classe" por si só dominante, que serve outros desígnios e que não podem nem devem, a meu ver, constituírem-se "generosamente" candidatos ao mais alto cargo de uma instituição desportiva, neste caso um clube de futebol com a representatividade que se avista nos quatro cantos do mundo.

Perigosa associação, porque é exatamente disso que se trata quando existirem casos, porque casos vão sempre existir, onde proliferará a polémica e onde estarão certamente envolvidos os inóspitos corredores da arbitragem, as paredes embaciadas do conselho de disciplina da Federação e da Liga, e a "globoesfera" tenebrosa que são a UEFA e a FIFA no desporto de hoje.

Insisto que nada tenho contra o ser humano Rui Rangel, muito menos contra o dr. Juiz desembargador, mas, e para finalizar, lembrei-me de repente de um ditado bem popular e que se ouviria caso o Meritíssimo saia vencedor das eleições, situação que não acredito. "Eu não acredito em bruxas, mas que as há... lá isso há!"

Benfica:

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