As mascaradas renovações dos contratos

Já vai longe o tempo, mas eu ainda me recordo como se fosse hoje, do dia em que tive conhecimento através dos órgãos de comunicação social, que Jaime Pacheco e Sousa tinham assinado oficialmente pelo SCP, (1984 e regresso ao Porto em 1986).

Na altura a notícia caiu como uma bomba nas hostes portistas, e eu próprio confesso que naquele instante também fiquei bastante preocupado pelo facto de termos perdido dois jogadores pendulares e importantes na estrutura do meio campo do FCP. Estávamos então em plena era dos polémicos contratos dos jogadores de futebol que eram quase religiosamente cumpridos, pelo menos do ponto de vista da duração das suas cláusulas de rescisão.

Hoje a situação está de tal modo alterada e adaptada às circunstâncias dos novos tempos e das novas leis, que só acredito que no mundo do futebol profissional haja dois jogadores que muito dificilmente possam sair dos seus atuais clubes, refiro-me concretamente a Cristiano Ronaldo no Real Madrid e Leonel Messi no Barcelona, pois todos os outros executantes da arte de fazer rolar a bola pelos campos de futebol, e independentemente de também terem cláusulas de rescisão e de duração de contratos longos, onde incluo também Hulk apesar dos 100 milhões de euros da sua cláusula, ninguém minimamente bem informado dirá que um dia destes não os possamos ver noutros clubes, e com outros contratos nas mesmas condições dos anteriores em termos de longa duração, se bem que largamente reavaliados para cima financeiramente.

Todo este introito serviu para dizer que hoje em dia um contrato de um qualquer profissional de futebol, na realidade pouco valor tem, pelo menos do ponto de vista da eficácia ou segurança da duração dos seus contratos, podendo mesmo dizer-se com toda a clareza que estamos na presença de uma falácia, ou de um ato tipicamente formal do ponto de vista jurídico e contratual entre duas partes interessadas, clube e profissional de futebol, já que todo o resto é pura fantasia.

É por estes pressupostos que já não dou o mínimo valor ou importância, quando aparece na opinião pública notícias de renovações de contratos de jogadores de futebol, especialmente quando estamos a falar de clubes de primeira instância ou de top.

Ainda há bem pouco tempo, jogadores como Gaitán, Cardozo e Luisão renovaram com o SLB, e o mesmo se passou no FCP, onde Hulk, Rolando e Guarín, entre outros, também renovaram os seus contratos, só que na prática tudo isto não passa de uma forma hábil e inteligente de fazer subir o passe dos jogadores, de encher os bolsos aos seus empresários e dos seus clubes realizarem algumas mais-valias, sendo mesmo de admitir uma forte probabilidade de qualquer destes profissionais, na próxima abertura do mercado em Janeiro já não fazerem parte do plantel dos citados clubes ou de outros quaisquer, pese embora só o futuro nos ir dizer se tenho ou não razão nas afirmações que acabei de enunciar.