Marca Porto, qualidade e prestígio

A época futebolística europeia está perto do fim e alguns acontecimentos e protagonistas destacam-se dos demais. Por exemplo, temos José Mourinho, Pepe, Falcao e Raúl Meireles a brilharem a grande altura nos seus clubes. Noutro domínio, Hulk também é um dos centros de atenção.

Todos eles têm indiscutivelmente um ponto em comum: a marca Porto. A questão que eu coloco é se não poderíamos rentabilizar melhor essa marca que percorre o mundo?

José Mourinho foi estrela em Espanha e conquistou o título espanhol derrubando o todo poderoso Barcelona. Foi o seu 7.º título de campeão e o 4.º país onde o conseguiu. Desde logo e mais uma vez se fez referência ao FC Porto, Chelsea e Inter de Milão por onde ele passou, ao qual se juntou o Real Madrid.

Falcao é o melhor ponta-de-lança a atuar em Espanha e na Liga Europa repetiu o feito conseguido no FC Porto, vencer a Liga Europa e ser o melhor marcador da competição. Pepe acompanhou Mourinho como uma das grandes figuras do Real Madrid. Jogador vendido pelo Porto por 30 milhões, daqueles que justificam inequivocamente o dinheiro gasto. Raúl Meireles no Chelsea, depois de uma competente mas curta passagem pelo Liverpool, ganha a Champions. Hulk, que ainda anda por cá, tem sido nos últimos anos um dos jogadores mais falados e cobiçados do mundo.

São todos eles protagonistas por essa Europa fora, que se sucedem a outros que saindo ou ainda estando no FC Porto, levam as cores e a marca do clube bem longe.

Obviamente, que para nós mais relevância têm os feitos conseguidos ao serviço do FC Porto do que aqueles conseguidos após a saída do clube, mas estes não podem deixar de ser dignos de registo e de orgulho para todos os portistas. Na temporada passada, e perante os feitos do FC Porto, eu fiz algumas vezes referência ao facto do meu clube dever aproveitar as conquistas e os títulos para expandir a sua marca no mundo inteiro e mais particularmente na América do Sul, de onde são provenientes algumas das nossas principais figuras. O FC Porto e os seus jogadores foram na temporada passada por diversas vezes destaque na Comunicação Social da Colômbia, Uruguai, Brasil. Fomos mesmo capa na Argentina, no prestigiado jornal Olé. As nossas conquistas e as performances de Falcao, James. Fucile, A. Pereira, Hulk e outros, motivaram muito o interesse do público sul-americano.

Noutro continente, Rolando, tão criticado por transportar a bandeira cabo-verdiana na final de Dublin, chegou ao seu país e o aeroporto e a cidade vestiu-se de azul e branco para o receber. Uma ex-colónia portuguesa, onde pelo que dizem a maioria da população até torce pelo Sporting e pelo Benfica. No entanto, perante uma das figuras da terra, vestiram o azul e branco em sua homenagem.

Tudo isto a propósito do facto de eu considerar que o Porto não aproveita, nem rentabiliza de modo algum, o prestigio ganho em diversos pontos do planeta. Mas porquê estar agora a fazer referência a estes factos?. Esta referência à marca Porto e à projeção mundial surge em virtude de um artigo da última edição da revista Dragões.

Pelo que podemos ler na revista, e tendo como amostra os mais de 800 mil seguidores do FC Porto no Facebook, a principal cidade de onde eles são provenientes os simpatizantes e adeptos é sem surpresa o Porto. Em 2.º lugar surge a cidade de Lisboa, em 4.º Vila Nova de Gaia e em 5.º a cidade de Luanda. O destaque na minha opinião vai para a 3.ª cidade com mais seguidores do FC Porto no Facebook, e que é precisamente Bogotá, capital da Colômbia. Curiosamente, em 13.º lugar temos Medellin, também cidade colombiana, e em 16.º Istambul.

Parece-me óbvio que o interesse pelo FC Porto na Colômbia resultou da presença de 3 colombianos de enormíssima qualidade no clube. Na Turquia, talvez a presença de Quaresma no Besiktas, embora aqui tenha algumas dúvidas. Deduzo que em algum dos países já citados o FC porto também motive interesse e paixões junto dos adeptos. No entanto, o FC Porto não tem feito absolutamente nada para cimentar a sua posição nesses países, aos quais se poderia juntar outras comunidades lusófonas, nem para expandir a sua marca. Por que não campanhas de marketing na América do Sul e África? Por que não digressões nesses países? Por que não protocolos com alguns dos grandes clubes extra-Europa?

Se eu penso que na Europa o futebol português é totalmente ignorado por motivos óbvios e a Ásia está saturada com a presença dos colossos espanhóis e ingleses, não tenho dúvidas que o FC Porto deveria aproveitar outros mercados para crescer. É que falamos sempre muito na dimensão dos clubes em Portugal, mas muito mais importante do que isso é a dimensão dos clubes a nível planetário. A médio prazo e numa sociedade cada vez mais global poderia trazer frutos.

E a marca Porto deve crescer à custa das grandes figuras que despontam no clube e que são estrelas noutros países. Marca Porto, uma marca internacional de qualidade e prestígio. Uma marca que pode e deve ganhar ainda maior dimensão.