O Zé "especial"

(o tal livro da polémica com Santana Lopes e mais um tal de Sousa Lara), fiquei completamente banzado, achei de uma crueza e ao mesmo tempo poética e sagacidade muito acima da média. Foi o primeiro livro que li do Saramago, o que ainda me marcou mais, por ser um dos mais polémicos e marcados. Por isso deu a confusão que deu, e por isso Saramago (por essas e por outras histórias) chegou onde chegou. A pontuação do Saramago é algo de muito característico, que torna os seus textos densos mas que quando compreendida enriquece a leitura e o leitor. Não penso que ele queira ofender a religião, ele simplesmente reconstrói (ou desconstrói) o mito, focando aspectos pertinentes ou adensando as personagens bíblicas. No fundo, dá-lhes um toque de... Saramago. Já li também o Ensaio sobre a cegueira, Levantados do Chão, A Caverna (o que menos gostei). Interessa-me ler Jangada de Pedra, e mais alguns recentes e antigos, mas há um que, não sei porquê, não me parece que vá gostar: o Memorial do Convento, que até dizem ser dos melhores livros dele. Para mim será sempre o Evangelho, vejam bem, o homem dá-se ao luxo de escrever um Evangelho, e não é santo nenhum! Golpe de marketing, perspicácia, propaganda, mestria? É pá, não sei, mas para mim foi de mestre. Antes de Dan Brown já Saramago escrevia sobre Maria Madalena e Jesus de uma forma que a Igreja nunca gostou, e por isso foi perseguido o livro.

...cara a cara... Podia ser que lhe desses um desconto ;P