Mercado chinês: O novo "El-Dourado" no futebol mundial

Durante os últimos meses, muito se tem falado sobre os avultados investimentos que as diversas cadeias de televisão têm efetuado nas ligas dos diversos países. Com um recorde atingido na Premier League inglesa, que vai permitir aos clubes deste país investir a sério no mercado global, o mundo ficou espantado com a enormidade de dinheiro a circular para os cofres dos clubes.

De Espanha também surgiram renovações de contratos com a Liga espanhola, onde igualmente fez subir os orçamentos dos clubes do país vizinho. Por cá, também tivemos a nossa "estravagância" à portuguesa, com os investimentos impensáveis da NOS e MEO.

Até agora muito se fala sobre os mercados alternativos, vistos como soluções de fim de carreira e reformas luxuosas. Das ligas norte-americana, Catar e outros do Médio Oriente, tem sido habitual ver contratarem jogadores em fim de carreira ou que procurem riqueza ao invès de carreira. Mas o que dizer do mercado chinês e a sua incógnita liga? A verdade é que nos últimos meses têm surgido algumas transferências para esta região do globo, algo surpreendentes. O que leva os jogadores a migrar para esta liga chinesa? Qual o perigo ou vantagem que este fenómemo recente pode trazer para o mundo ocidental do futebol, onde até os ingleses vendem?

Já há especulações de que o capitão do Chelsea, John Terry poderá também assinar um contrato lucrativo na China, suspeitando que o seu clube atual não lhe irá oferecer um novo contrato.

Terry iria jogar com o ex-companheiro de equipa dos Blues, Ramires, que fez uma transferência de 30 milhões de euros para o Jiangsu Suning no mês passado.

Mas é a transferência de Martinez, um jogador de top que aos 29 anos de idade abandona um dos melhores clubes da Europa, que vem mostrar de que a China pode em breve tornar-se um refúgio para estrelas na sua Liga também.

Evergrande tinha vendido Elkeson para Xangai SIPG antes da chegada de Martinez, e com Gervinho a vincular-se ao Hebei China Fortune, torna a China como responsável pelas quatro das cinco maiores transferências neste inverno.

Só na Premier League, os clubes chineses já “pescaram” Demba Ba, Tim Cahill, Gervinho, Asamoah Gyan, Paulinho, Ramires e Mohamed Sissoko.

A expansão tem sido rápida com os direitos televisivos para os próximos cinco anos da Super Liga chinesa a custar mais de 1 Bilião de euros, mais de 30 vezes a soma anterior.

Enquanto a Major League Soccer restringe a probabilidade de excessos ,não existem tais impedimentos no caminho para a Super Liga chinesa.
Parece que a perspectiva de um novo mercado emergente para competir com a maior liga da Europa deverá ser para levar a sério.

Chris Atkins é um especialista chinês de futebol com sede em Guangzhou, bem como um representante de jogadores e intermediário registrado para a RWMG Sports. Aqui podem perceber a sua opinião sobre as mudanças na China:

O que mudou na China e por quê?

O governo está empenhado em estabelecer uma economia mais equilibrada com base em mais do que apenas fabricação, com desportos e entretenimento vistos como áreas de investimento. Na China, as empresas são dependentes de boas relações com as autoridades, e portanto são muitas vezes inclinados a ajudar com iniciativas vistas como de interesse nacional.

O que as empresas também têm vindo a perceber do sucesso do Guangzhou Evergrande, é a quantidade de reconhecimento da marca que pode ser adquirida a partir de futebol, permitindo a diversificação. Com muitos dos envolvidos do setor imobiliário em desaceleração, que é um benefício importante. A ideia geral é a construção de um produto do futebol que coloca a China no mapa do mundo.

Qual é o nível standard das equipas chinesas?

As equipas do topo da tabela são do melhor que encontra na Àsia. Com quatro ou cinco clubes agora num bom padrão e com o Guangzhou Evergrande ter vencido a AFC Champions League duas vezes nos últimos três anos.

Obviamente, o campeonato ainda está longe dos níveis de melhores ligas europeias, mas melhorou dramaticamente nos últimos cinco anos e deve continuar a fazê-lo. No entanto, a grande tarefa será o aumento do nível dos jogadores chineses em toda a linha, com a maioria dos melhores jogadores agora em apenas três ou quatro lados.