Finais europeias e Campeonatos Nacionais | Relvado

Finais europeias e Campeonatos Nacionais

Análise: chegar às finais europeias é compatível com sucessos no campeonato nacional?
 
Liga Europa, troféu

"Mas 'sinhori', não há rabo para duas cadeiras..."

Bom, foi desta forma peculiar que o austro-húngaro Bella Guttmann justificou a perda do Campeonato Nacional em 1962 para o eterno rival Sporting, apesar de se ter sagrado bicampeão europeu. Isto é, na década de 60, ou hoje em pleno século XXI, a perda de pontos na principal competição nacional acontecia e acontece regularmente nas "ressacas europeias".

Com aquela frase de Guttmann fizemos uma ligeira introdução, para avaliarmos a compatibilidade entre Campeonato Nacional e finais europeias. Observando atentamente as 5 últimas décadas e meia de futebol português e provas da UEFA, a resposta é incerta: pode ser sim, ou não, com algumas variáveis à mistura.

Bem, nos últimos 58 anos de participações portuguesas em competições da UEFA, identificamos 16 finais europeias para os três grandes de Portugal (excluindo o Sp. Braga, que nunca foi campeão nacional), assim divididas: Benfica, com 9 finais, FC Porto com 5 finais, e Sporting com 2 finais. Analisando o rendimento dessas equipas no Campeonato Nacional, em temporadas em que foram atingidas finais europeias, concluímos que o Benfica acumulou 5 Campeonatos a 5 finais europeias, o FC Porto juntou 3 Campeonatos a 3 finais da UEFA, e, em sentido inverso, o Sporting sempre que atingiu finais europeias teve um comportamento sofrível no Campeonato Nacional.

Nesta análise simplista, facilmente depreendemos que em 16 finais europeias dos nossos 3 grandes, em 8 ocasiões Benfica e FC Porto conciliaram Campeonato Nacional e provas da UEFA, em contraste, em 8 finais europeias atingidas por Benfica, FC Porto e Sporting não foram conquistados os respetivos Campeonatos Nacionais.

Contudo, é de relevar o FC Porto, por ser o único clube português que conquistou "tripletes" no futebol português: em 2003, com Mourinho, e em 2011, com Villas-Boas, tendo este acrescentado a Supertaça Cândido de Oliveira.

Todavia, a tal compatibilidade UEFA/Campeonato poderá ser esmiuçada segundo algumas variáveis. Assim, tomando como referência as 5 derradeiras jornadas do Campeonato, em temporada com finais europeias, surgem-nos 3 cenários e uma curiosa exceção. Vamos identificá-los e elencá-los:

Cenário 1 - Com "almofada pontual": O Benfica em 1961, 1963, 1965 e 1983, o FC Porto em 2003, 2004 e 2011. Não tiveram dificuldade em gerir o Campeonato com Taças Europeias e Finais respetivas, isto porque a vantagem pontual no Campeonato lhes permitiu fazer a rotatividade.

Cenário 2 - Em condições de conquistar o Campeonato e desperdiçá-lo: Benfica em 2013, FC Porto em 1984 e Sporting em 2005, entraram na reta final do Campeonato em condições favoráveis de o conquistar, mas com influência ou não da longevidade europeia perderam fulgor na ponta final desses Campeonatos.

Cenário 3 - Desvantagem pontual para o líder e Campeonato perdido: Benfica em 1962, 1988 e 1990; FC Porto em 1987, e Sporting em 1964. Todos entraram na reta final com uma considerável desvantagem pontual para o líder e os objetivos foram redefinidos, passando pela Europa.

A exceção às premissas anteriores: o Benfica de 1968. A 5 jornadas do fim desse Campeonato distava 2 pontos do líder e rival Sporting. Recuperou essa desvantagem, foi Campeão com 4 pontos de avanço e acrescentou mais uma final europeia. Mas essa temporada desportiva junta outra particularidade: o Benfica acumulou 3 treinadores nessa mesma época desportiva: começou com Riera, Cabrita foi interino e culminou com Otto Glória, e só um infausto prolongamento em Wembley, ante o Manchester United de Best, impediu Glória de glória maior!

Terminando com a expressão idiomática a "talhe de foice" para se dizer, por palavras diferentes, a propósito de finais europeias, e identificando períodos ou décadas das 17 finais europeias, vislumbramos sobretudo alguns hiatos e ausências de equipas portuguesas dessas finais, sinal talvez de menor pujança do futebol português, e nesse sentido, as décadas de 70 e 90 foram muito pobres em representações nacionais, de clubes ou mesmo de Seleção Nacional.

No sentido inverso, na década de 60 sinalizamos 6 finais europeias (representados por Benfica e Sporting), na década de 80 identificamos 5 Finais (com Benfica e FC Porto), e neste século XXI há maior representatividade em 6 Finais (com FC Porto, Benfica, Sporting e Sp. Braga em estreia).

Teremos nesta edição 2013/14 da Liga Europa mais uma final europeia totalmente portuguesa a acumular ao pecúlio anterior? Acreditamos que sim, embora seja difícil de se repetir. Em jeito de curiosidade, da final de Dublin de 2011 ainda moram no Dragão Helton, Maicon, Fernando e Varela; do lado do Benfica quase semifinalista nessa edição da prova, fazem parte Artur, Sílvio e Lima - curiosamente, todos representaram o Sp. Braga nessa final europeia nacional!

Benfica:

Comentários [7]

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que

cagad# rebolucionária

ohohoh

Estes artigos já tinham

Estes artigos já tinham piada....

Lidos agora ainda mais piada tem....

pra

pra mim o que estragou tudo foi a lei bosman .
agora isto não é futebol é €€€€€€ .

Portugal é um país muito

Portugal é um país muito sui-generis no que ao seu campeonato e competitividade dizem respeito e que pode ajudar, em parte, a explicar o fenómeno. O primeiro pressuposto é que em Portugal, de forma geral, não se gosta de futebol, mas sim de clubes, em que os três grandes esmagam a prova e por conseguinte a sua competitividade. À excepção de raros casos (V.Setúbal, V.Guimarães, Leixões e com boa vontade SC Braga) de forma geral, por todo o país, o primeiro clube é Sporting, Benfica ou FC Porto, matando à partida o crescimento dos ditos mais pequenos. Temos, historicamente, campeonatos a duas velocidades, a dos três grandes e dos outros, sendo o campeão resultante do confronto directo e do que perder menos pontos para com os restantes. Actualmente, FC Porto e Benfica, pelo orçamento e activos que geram, têm uma dimensão acima do nível do futebol português, permitindo-lhes construir equipas que, se forem consolidadas, podem competir em duas frentes ao mesmo tempo. Temos, assim, equipas montadas para Liga dos Campeões mas que têm fracassado tal participação no passado recente e que acabam por cair na Liga Europa, cada vez mais desprovida de equipas de 1ª Divisão Europeia. Se olharmos atentamente, os dois finalistas do ano passado caíram da Liga dos Campeões, e quatro dos potenciais semi-finalistas deste ano vieram da prova-rainha do futebol europeu.

No fundo o que tento traduzir é que, tendencialmente na Europa, fruto do modelo da Champions, temos campeonatos cada vez mais desequilibrados. Em Portugal tal desequilibrio, que permite às equipas hoje jogarem nos dois tabuleiros, assenta num campeonato pouco competitivo refém da tirania dos três grandes cuja massa adepta esmaga a prova. Mais, perante a presença dos principais clubes na Liga dos Campeões, abre-se a porta a equipas de segunda divisão europeia, como as portuguesas, para chegarem longe. Desde 2005, Sporting, Benfica, FC Porto e Braga chegaram com relativa facilidade às meias-finais e a três finais, uma delas exclusivamente portuguesa. Nesse ano, o Braga, ao contrário de Porto e Benfica, não tinha estrutura para jogar nos dois tabuleiros, morrendo na praia, tal como aconteceu ao Sporting em 2005. O Benfica, em 2013, foi uma situação pontual, de bola que entra ou não, já que a boa campanha desta época prova que não foi um fenómeno casuistico, mas sim de consistência desportiva. Hoje, com os antigos modelos de Liga dos Campeões (onde apenas o campeão era apurado) e Taça UEFA (o segundo e terceiro classificados) teríamos uma Liga Europa mais forte que a Champions, que não é o que se pretende. No actual figurino, sobretudo Porto e Benfica têm muito mais chances de conquistar a Liga Europa, diante adversários de segunda e terceira divisões europeias, mantendo competitividade interna, do que acontecia há 10 ou 20 anos.

»Nesse ano, o Braga, ao

»Nesse ano, o Braga, ao contrário de Porto e Benfica, não tinha estrutura para jogar nos dois tabuleiros, morrendo na praia, tal como aconteceu ao Sporting em 2005»

André, há um lapso, o Sp de Braga quando atingiu a Final da L Europa em 2011, não morreu na praia, ficou pelo 4º lugar, que é no passado recente o seu legitimo lugar, estás equivocado, o Sp Braga disputou o Campeonato com o Benfica na temporada anterior até à ultima jornada, em 2010 (foi eliminado na pré-eliminatória da L Europa, daí um excelente Campeonato sem Europa a meio da semana). Aliás, a versão Sp Braga Final Europeia 2011, fez uma 1^volta penosa, esteve na fase de Grupos da L Campeões, e a 2ª volta em termos de registo pontual nelhorou muito, mm com a L Europa , mas nada perdeu, recuperou posições relativamente à 1ª volta!

Quanto ao resto, subscrevo,no formato anterior, Taça dos Campeões era mais facil a 2 mãos Clubes Portugueses atingirem Finais Europeias, quando a competição era apenas disputada pelos efectivos Campeões dos seus Países, agora não, a prova está formatada para os Tubarões Europeus, aliás, um 4º classificado da L Inglesa ou de Espanha tem acesso à Champions, só Mourinho poderia ganhar uma Champions em Portugal, e num contexto em que tudo foi perfeito!

Sim, Porto e Benfica tem na L Europa uma prova á sua medida, todavia, acredito que na próxima época se o Sporting cair da L Campeões na fase de Grupos, pode também legitimamente atingir uma Final ou Meia Final, o Sá Pinto atingiu recentemente em 2012 a Meia Final, e esteve perto de eliminar o A Bilbao do Bielsa, e atingir a Final!

Não concordo é que uma equipa eliminada da L Campeões continue na L Europa, é o desvirtuar da competição, e injusto para os adversários que se mantem na prova desde o seu inicio!

Sim, é verdade, troquei os

Sim, é verdade, troquei os anos, mas a essência é a mesma. Realmente também não concordo que quem seja eliminado de uma prova tenha acesso a outra. São competições distintas, com âmbitos distintos, logo não se deveria misturar. Tal acontece para manter o nível competitivo até à última jornada na fase de grupos da Liga dos Campeões. E isto só acontece porque gera mais dinheiro e os mais fortes tornam-se, na industria do futebol, cada vez mais ricos, e os outros geram cada vez menos receitas. O modelo europeu de futebol (e não só) é perfeitamente desequilibrado, embora renconheça que gera mais espectáculo, logo receitas. Por exemplo, nestas meias-finais da Champions não teríamos Real Madrid, Chelsea ou Atlético, sendo que o Dortmundo só estaria por inerência do campeonato ganho pelo Bayern que acumulou ainda a Liga dos Campeões. Os clubes portugueses, no actual contexto, comem as migalhas que vão sobrando...

»Em jeito de curiosidade, da

»Em jeito de curiosidade, da final de Dublin de 2011 ainda moram no Dragão Helton, Maicon, Fernando e Varela; do lado do Benfica quase semifinalista nessa edição da prova, fazem parte Artur, Sílvio e Lima - curiosamente, todos representaram o Sp. Braga nessa final europeia nacional!»

Há uma ligeira gralha neste paragrafo final, a que eu julgo ser alheio, onde se lê: "Benfica quase semifinalista nessa edição da prova", deve-se ler sim NESTA actual e presente edição da prova, não faço qualquer referencia à Meia Final Benfica Braga de 2011, mas sim a esta Meia Final, o Benfica está com 90% de probabilidades de estar presente Meia Final.

A curiosidade que deixo, diz sobretudo respeito a planteis actuais, o FC Porto tem 4 unidades da Final de Dublin, e no Benfica há 3 ex jogadores do Braga que jogaram essa Final: Artur, Silvio e Lima, foram todos titulares. Onde pretendo chegar? Será que a história se repete? Creio que será dificil, primeiro porque o Porto tem um jogo muito, muito dificil em Sevilha, porque há a probabilidade de ambos se cruzarem, e temos a Juventus a maior favorita à Final e à conquista da L Europa e em casa, aliás, a UEFA terá todo o interesse em ter a Juventus como finalista e anfitreã!