FC Porto despede-se ao ritmo de Kléber (crónica)

75 pontos, apenas uma derrota em 30 jogos. Foi assim o percurso do FC Porto no campeonato nacional deste ano. Vitória sobre o Rio Ave por 5-2, em Vila do Conde, na última jornada. O Rio Ave fechou a liga com uma série de oito duelos consecutivos sem vencer, mas garantiu a manutenção.

Livres de quaisquer contas, quer uma equipa, quer outra, foi no campeão nacional que se verificaram mais mudanças no onze inicial. Bracali na baliza pela primeira vez, Rolando capitão, Alvaro também titular; James, a "número 10", servia o trio da frente composto por Varela, Kléber e Djalma. Carlos Brito não fez poupanças.

Foi precisamente o extremo angolano a causar a primeira jogada de perigo, logo aos 40 segundos. Djalma serviu Kléber do outro lado da área, mas o colega chegou atrasado. Aos nove minutos João Tomás, de cabeça, atirou para um Bracali seguro.

Depois vieram os golos. Situação natural, dada a corrente do desafio. O primeiro aos 12 minutos, por intermédio de Djalma, homem em destaque na fase inicial. James passou a Kléber, que estava em fora-de-jogo, não assinalado; o brasileiro deixou passar a bola para Djalma que, isolado, apontou o seu primeiro golo no campeonato, colocando o esférico por baixo de Huanderson.

Quatro minutos depois, combinação entre Moutinho (este é sempre titular) e Varela pelo lado esquerdo; o extremo português assistiu James. O colombiano, tal como no ano passado, termina a época a marcar.

A toada da partida não era difícil de resumir: um jogo de pouco interesse, algo monótono, com os campeões nacionais a dominar, enquanto os vila-condenses se apresentavam sem alegria ou capacidade de responder.

Nesta última ronda poderia ainda estar em causa uma participação europeia na próxima temporada, mas os homens do Rio Ave não pareciam muito interessados nessas eventuais contas.

As oportunidades de golo surgiam perto da baliza de Huanderson, guardião brasileiro que esteve a bom nível: primeiro travou o isolado Kléber e fez nova boa defesa, apenas três minutos depois, frente a Djalma.

De nova jogada ilegal surgiu o golo do Rio Ave. João Tomás recebe a bola beneficiando de um fora-de-jogo não assinalado, e o árbitro assinala falta de Djalma sobre o avançado português. Além da referida posição irregular, terá sido também um erro marcar a falta. Ficaram muitas dúvidas em relação ao contacto entre os dois jogadores. João Tomás não se preocupou, converteu e fez o seu 11.º golo no campeonato. Durante os festejos, mostrou o número 1 na camisola, sinónimo de melhor marcador português da prova.

E a sua contagem pessoal poderia ter aumentado nos últimos instantes da primeira parte, quando surgiu ao segundo poste para cabecear, mas Mangala cortou o lance.

Kléber vezes três - O Rio Ave parecia ter "acordado" no final da primeira parte, mas quem esperava uma continuidade desse cenário após o intervalo, enganou-se. Sobretudo por causa de Kléber.

O brasileiro, primeiro, ameaçou. Logo no primeiro minuto viu Huanderson (novamente) a fazer uma defesa complicada e um minutos depois atirou pouco ao lado, embora estando em posição irregular - mais uma vez não assinalada.

À terceira foi de vez. Após duas ameaças, o ex-Marítimo viu Varela conduzir uma boa jogada individual pelo lado esquerdo e respondeu da mesma forma, deixando com classe um adversário para trás, e com um "bico" fez o terceiro golo portista.

Aos 64 minutos, Varela - em bom plano - saiu para dar lugar a Hulk. Foi para os adeptos aproveitarem para ver o brasileiro com esta camisola vestida pela última vez? Aliás, não é o único a entrar neste campo de possibilidades. Rolando e Alvaro serão outros nomes a encabeçar a lista.

Hulk entrou e viu... o golo do adversário. Contra ataque rápido conduzido por Braga, assistência para Atsu, que marcou à equipa que tem o seu passe.

No entanto, quando o Rio Ave subia no jogo, quem aparecia? Kléber. E o que aconteceu de novo? Fora-de-jogo não assinalado. Rolando disputou a bola numa primeira instância, mas estava em posição irregular; a bola sobrou para Kléber, que bisou. Aos 80 minutos quase fazia o "hat-trick", mas o remate de cabeça saiu ligeiramente ao lado.

Entretanto, depois de Iturbe ao intervalo, Vítor Pereira deu oportunidade a Kadú para aparecer em campo; no caso do jovem guarda-redes uma estreia no campeonato. O angolano destacou-se logo a seguir, num remate forte e colocado de Atsu (companheiro nos juniores, no Olival), ao qual respondeu com uma parada vistosa.

A partida ia literalmente se arrastando até final, mas havia um atleta que ainda não estava satisfeito: já no período de descontos, Kléber voltou a mostrar que quer jogar mais e ser alternativa credível para a sua posição, marcando o último golo do jogo, estabelecendo o 5-2 final.

Até à próxima temporada...