Guerra aberta entre Chelsea e Gallas

A transferência de William Gallas para o Arsenal, no âmbito da aquisição de Ashley Cole por parte do Chelsea, está a transbordar para o público o mal-estar vivido entre o internacional português e o clube de José Mourinho. A formação inglesa veio acusar Gallas de ter ameaçado marcar um auto-golo se fosse escolhido para a equipa titular. O defesa de 29 anos diz-se «surpreendido e chocado» com as alegações do Chelsea, sublinhando que é uma atitude «muito mesquinha».

«Nunca disse que marcaria auto-golos se tivesse que voltar a jogar pelo Chelsea», constata Gallas, salientando ainda que, apesar da surpresa perante a posição do clube, «vindo da parte dos seus novos lideres, não me surpreende», refere o internacional gaulês. «Mesmo que o Chelsea tenha muito dinheiro, falta classe aos novos lideres do clube», constata o jogador.
Depois de consumada a saída de Gallas para o Arsenal, o Chelsea publicou no seu sítio oficial na Internet
um comunicado onde aponta que Gallas revelou «falta de respeito» para com os adeptos, os dirigentes e treinadores do clube. «Apesar de ter saído ele continua a atacar José Mourinho e isto não pode ser deixado sem resposta», escreve-se no texto, onde se revela que os Blues apresentaram ao defesa «uma proposta de novo contrato muito substancial e atractiva», evidenciando que foi «rejeitada» por meras razões monetárias e que o internacional francês pretendia "vender-se" «à oferta mais alta». A partir desse momento, e uma vez que o Chelsea não aumentou a parada, Gallas passou a assumir atitudes «crescentemente intransigentes e inaceitáveis», alega o Chelsea, referindo então que o jogador se recusou a jogar contra o Liverpool nas meias-finais da Taça de Inglaterra da época passada, ameaçando ainda marcar um auto-golo, ser expulso ou cometer erros deliberadamente, se fosse seleccionado para o encontro. O defesa foi já muito criticado por Mourinho no início da pré-época quando não se apresentou atempadamente para o começo dos trabalhos. E o Chelsea entende que Gallas não reconhece «o papel que José Mourinho e o Chelsea tiveram ajudando-o a tornar-se duplo campeão da Premiership», sublinhando que antes dos títulos ganhos em Stamford Bridge o jogador tinha vencido apenas um título da segunda divisão francesa.

O internacional gaulês já desmentiu esta versão, realçando que «estava firme no desejo de sair» do Chelsea, prometendo explicar «na devida altura» o porquê dessa intenção, mas assegura que nunca agiu do modo que o clube descreve e acusa os Blues de se esconderem «por trás de falsas acusações» de modo a «acalmarem os adeptos» por causa da sua saída.
Em defesa de Gallas já veio também o seleccionador de França, Raymond Domenech, que diz que o comportamento do Chelsea neste processo «é escandaloso» e que é inacreditável «pensar que Gallas pudesse trair um colega num dia de jogo». O treinador considera que o jogador «provou durante anos que é um verdadeiro defensor da equipa».