FC Porto 0-2 Benfica: Ninguém é à prova de erro

Jorge Jesus disse que o Benfica estaria melhor do que da última vez. André Villas-Boas garantiu que outro 5-0 não aconteceria. Tinham ambos razão.

O Benfica não parecia o mesmo e o FC Porto não só não repetiu aquele resultado histórico, como perdeu. E perdeu bem, provavelmente no pior jogo da época. Ganhou quem não errou. O FC Porto errou. Errou muito, numa noite desinspirada. A começar pelos dois golos que ditaram o resultado e a acabar nas fintas mal sucedidas de Hélton e nas fífias de Maicon.

Os dois técnicos surpreenderam. Villas-Boas deixou de fora Fucile, o único lateral disponível para o corredor esquerdo, atacado pelas lesões de Álvaro Pereira e Rafa. O eleito foi Sereno, um defesa-central que é a última opção para a posição de raiz. O defesa até nem comprometeu, mas as limitações ofensivas foram evidentes.

Já Jesus optou por César Peixoto, deixando Aimar no banco. A ideia passava por juntar o 25 a Javi Garcia, criando um bloco defensivo sólido num 4x4x2 clássico que voltava ao tradicional losango em situação ofensiva. Desta vez, a inovação resultou.

Entrar a matar e resolver 20 minutos depois

Escaldado por uma humilhante derrota há três meses, o Benfica foi pressionante e organizado e esperou pelo erro do adversário. Não demorou a chegar. 6 minutos foi quanto Rolando precisou para fazer um passe mal medido, interceptado por Fábio Coentrão. Uns segundos depois estava o colega de sector, Maicon, a cometer um erro monumental, deixando a bola ao alcance da ponta da bota do lateral português.

James teria nos pés a melhor oportunidade do FC Porto para empatar pouco depois, mas nem na bola acertou. E, aos 26’, novo erro fatal. Uma bola dada por perdida por todos, menos por Coentrão, acaba nos pés de Fernando. Atrapalhado, o brasileiro faz um passe para a frente, sem ver que ali estava Javi Garcia. O espanhol decidiu ali, com um remate certeiro, que o acesso dos “dragões” ao Jamor seria muito, muito difícil.

Hulk dos velhos tempos, a falta de Falcao e estranho caso Walter

A história do jogo estava contada. A águia manteve-se igual a si própria do princípio ao fim. O FC Porto, apesar de mais incisivo na segunda parte, continuou apático, sem presença na área contrária, a suspirar por Falcao – que falta fez o colombiano.

Hulk, desacompanhado, voltou a ser egoísta e James demonstrou não estar maduro para estas andanças. Cristian Rodriguez não fez melhor que o homónimo, que substituiu ao intervalo. Villas-Boas, aliás, pareceu ter falta de soluções no banco, que as ausências dos laterais-esquerdos e de Falcao não explicam por completo.

Walter, o único ponta-de-lança disponível, ficou de fora. E bem que teria dado jeito, quando Fábio Coentrão foi expulso, a meia hora do fim, por acumulação de amarelos. A aposta recaiu em Guarín e Rúben Micael, dois médios.

Mas, como se disse, o Benfica foi igual a si próprio, do princípio ao fim... mesmo com dez. E até podia ter feito o terceiro, por Cardozo.

O FC Porto tem três meses para perceber o que correu mal, se quiser chegar ao Jamor. O Benfica, por seu turno, confirmou a fase de crescimento que atravessa, vencendo onde não se esperava. Resta saber se o resultado da Taça traz repercussões para a outra prova onde os dois rivais competem entre si.

E se na Liga, o FC Porto leva uma folgada vantagem, como lembrou Villas-Boas, então na Taça são os encarnados quem estão mais perto do Jamor.