Da ultrapassagem (ao FC Porto)

Cadeira de sonho, dizia André Villas-Boas. Cadeira que se poderá tornar numa cadeira de terror. Após a saída de José Mourinho, o FC Porto não conseguiu substituir nas melhores condições o seu ex-treinador, sucedendo-lhe três técnicos.

Os tempos eram outros, e suceder àquele que viria a tornar-se o melhor treinador do Mundo não era tarefa fácil. Hoje, contudo, suceder a Villas-Boas poderá parecer ser tarefa mais fácil, depois dos erros cometidos no passado, daí a escolha de Vítor Pereira.

Porém, mais do que a capacidade de escolher bem um treinador, já escolhido no caso, e ele ser bem-sucedido, é necessário ver que a realidade de hoje não é a mesma do passado.

Há um Benfica campeão na época anterior, com mais capacidade financeira, com estabilidade e um treinador que vai para a sua terceira época e competente. Há um Sporting esperançado em fugir às últimas épocas, que não correram bem, com um treinador que já mostrou do que é capaz, uma direção empenhada em munir o seu treinador com bons jogadores, e uma estrutura que em tempos já deu bons resultados. De seguida, há um Sporting de Braga que vem em crescendo, que contratou um bom treinador e que espera continuar na senda do que vem feito até aqui. É assim a conjuntura atual.

O FC Porto, depois da facada daquele que era já o menino querido da casa, tem de arrepiar caminho para fazer face à concorrência e ter a lucidez de não se deixar cair nos erros do passado, que não obstante poucos cometeu também.

E são talvez esses erros do passado que podem, de uma vez por todas, iniciar a queda do FC Porto e fazê-lo entrar num deserto de títulos durante alguns anos. Pois que tudo tem um fim, e depois da facada bem funda que o FC Porto levou, este é talvez o momento certo para os adversários darem o golpe final no seu adversário e de uma vez por todas acabarem com a hegemonia do FC Porto, que reinou, com virtudes e muitos defeitos, para se evitar outros termos, durante estes anos.