Tomás Costa vs. Guarin e o exemplo Mariano

Caso se confirme a contratação do camisola 5 do Colon de Santa Fé, são 7 os jogadores disponíveis no actual plantel para ocupar as 3 vagas no meio-campo de Jesualdo Ferreira: Fernando, Prediger, Guarin, Tomás Costa, Raúl Meireles, Valeri e Belluschi. Segundo as contas do técnico, que sempre afirmou desejar apenas 2 jogadores para cada uma das posições, é fácil concluir que haverá um médio com guia de marcha no plantel do Dragão.Parecendo óbvio que as contratações de Prediger, Valeri e Belluschi têm em vista o reforço efectivo do plantel, juntamos-lhes os indiscutíveis Fernando e Raúl Meireles para faltar apenas um nome para fechar o meio-campo. Sobram, assim, Tomás Costa e Guarin. Qual deles poderá estar de saída?Analisando a temporada de um e do outro, pareceu-me sempre ver o argentino mais entrosado e aplicado que o colombiano. Tomás Costa é um polivalente que não vira a cara à luta e, apesar de nunca ter revelado qualidade suficiente para assumir um lugar no 11, deu sempre a ideia de ser um suplente de grande utilidade. Tudo isto numa época de adaptação para quem vinha de um futebol diferente do europeu. Este ano pode vir a revelar muito mais. Já Guarin foi sempre um "case study". Com experiência no futebol francês e todas as características que poderiam fazer dele um óptimo jogador, nunca conseguiu agradar. Pareceu quase sempre desorientado em campo, incapaz de entender o modelo de jogo da equipa e de se posicionar correctamente, mesmo depois de Jesualdo desistir de o experimentar a trinco e de lhe dar oportunidades consecutivas no seu lugar de origem. Além de continuar a dar a ideia de ter peso a mais, nunca pareceu trabalhar e aplicar-se o suficiente para ganhar rotinas e agarrar um lugar.Ora é precisamente aqui que entra Mariano González, um jogador que deveria servir de exemplo a Guarin. Podia pensar-se que Mariano entrava nesta equação por ser um extremo que pode também jogar em posição central do meio-campo, mas a verdade é que ele é para aqui chamado por ser um caso raro de crescimento sustentado. Mariano é tosco com a bola nos pés, não acrescenta grande criatividade ao último terço do terreno e tem uma estrutura psicológica que exige um tratamento diferenciado por parte, pelo menos, da equipa técnica. E, no entanto, é dos elementos mais úteis e mais utilizados do plantel. Porquê? Porque corre, porque defende, porque insiste, porque faz pressão alta, porque tem disponibilidade para tudo, porque quer aprender, porque evolui a cada jogo que passa, porque joga com o Freamunde como se estivesse a jogar em Manchester. Isto é Mariano. Um jogador que na primeira época apenas entrava de forma estratégica, quando a equipa precisava de manter o resultado e baixava o bloco ofensivo para poder defender mais próximo do meio-campo, e que agora é pau para toda a obra. Respeitado pelos colegas, pelo treinador e pelo ansioso e exigente público do Dragão. Arrisco mesmo a dizer que, apesar de já ter pertencido até ao Inter de Milão, se estivesse no Benfica ou até mesmo no Sporting, Mariano já havia sido dispensado há muito. E, aqui, tiro mais uma vez o chapéu ao fantástico trabalho de Jesualdo com ele.Se Guarin trabalhasse metade daquilo que trabalha Mariano González... provavelmente, o Porto não teria precisado de ir buscar Prediger. Ficava seguro com as opções que tinha no plantel, porque parece-me que Guarin podia ter muito a dar a esta equipa, mesmo como trinco. Vai daí, partindo do princípo que não sai mais ninguém e que Jesualdo não quer excesso de opções, arrisco que será ele a sair. Provavelmente emprestado. Concordam comigo ou têm uma opinião diferente? Quem escolheriam para deixar sair antes do início da época? E para onde poderá ir Guarin caso seja emprestado?
artenigma