Porto poderá aceitar condenação a perda de pontos

O Benfica pede celeridade na resolução dos processos disciplinares abertos pela Liga de Clubes no âmbito do "Apito Dourado". E o Porto poderá vir a contribuir para isso, não contestando uma eventual condenação à perda de 6 pontos, perante a larga vantagem sobre a concorrência neste campeonato e na defesa da próxima época.


Uma ideia se instala nas discussões em torno dos processos disciplinares abertos pela Comissão Disciplinar (CD) da Liga de Clubes ao Porto. O clube poderá vir a aceitar, sem recorrer para o Conselho de Justiça (CJ) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), uma eventual condenação. Isto se a CD lhe aplicar a sanção de perda de seis pontos pelos dois jogos que estão em causa. Uma estratégia que visa salvaguardar as possibilidades da equipa para o próximo campeonato.

Neste momento o Porto tem mais 16 pontos do que o segundo classificado, o Benfica, pelo que a subtracção de seis pontos poderá não ter grandes efeitos negativos nos objectivos desportivos do emblema para esta temporada. Perante esta realidade, a SAD pondera contribuir para a celeridade dos processos.


Outra estratégia deverá ter Pinto da Costa que arrisca uma suspensão máxima de dois anos, por tentativa de corrupção. Se for condenado, é seguro que o presidente portista recorrerá para o CJ. Mas o Correio da Manhã noticia que alguns accionistas estarão a pressionar o dirigente para que aceite uma eventual sanção e se afaste do clube.

Entretanto, o Benfica opta pela contenção de palavras relativamente aos processos. Domingos Soares Oliveira, administrador-executivo da SAD encarnada, é o único elemento que se pronuncia sobre o caso e simplesmente para pedir que «os resultados sejam céleres».


E é na questão dos prazos que deverá assentar a defesa do Boavista, clube alvo de três processos e que enfrenta as acusações mais graves, arriscando a descida de divisão. O emblema axadrezado argumenta com a prescrição dos prazos, alegando que já não pode haver procedimentos disciplinares, uma vez que os factos remontam à temporada 2003/2004.

O artigo 16º dos Regulamentos Disciplinares define que os actos passíveis de sanção prescrevem após três anos desde a sua ocorrência ou ao cabo de cinco anos quando estão em causa ilícitos criminais e portanto sancionáveis pela justiça comum. Os três jogos por que responde o Boavista foram arquivados pelo Ministério Público e os axadrezados alegam que, não podendo a justiça civil actuar, já prescreveu o prazo para haver qualquer condenação. A data do último jogo sob suspeita é de Fevereiro de 2004.

Pela imprensa o caso vai merecendo as mais diversas análises. Nos desportivos O Jogo salienta «Pinto da Costa e FCP com defesas separadas» com o jornal a lembrar também que a CD tem 20 dias úteis para proferir decisão a partir do momento em que são notificados os visados. Na capa d'A Bola surge o título «escutas e Carolina outra vez decisivas», com o diário a realçar que serviram de base à CD, depois de terem sido também fundamentais na justiça civil. Já o Record destaca que os «dragões podem ser punidos esta época» desde que o processo não se estenda para além de 30 de Junho, data em que a temporada já está oficialmente encerrada.

Nos diários generalistas, o Jornal de Notícias fala num «FC Porto convencido de que será castigado», enquanto o Diário de Notícias prefere relevar os axadrezados, enunciando «testemunhos de árbitros graves para o Boavista».


Foto: Lusa