Opinião: A vergonha no futsal português | Relvado

Opinião: A vergonha no futsal português

Provocações constantes, incitações à violência, maus exemplos dos responsáveis... Não é assim que o
 

Confesso que não estive particularmente atento à série de jogos da final do campeonato nacional de futsal deste ano. Só prestei mais sentido ao terceiro e último encontro. Mas também confesso que não me arrependi muito.

Sem surpresas, o último duelo da temporada, mais uma vez entre Sporting e Benfica, foi recheado de problemas entre jogadores, treinadores, dirigentes e adeptos. Acho que o número desses problemas foi maior do que boas jogadas dentro de campo.

Desde logo – e apesar de não estar com um cronómetro ao lado – fiquei com a sensação que houve muito mais tempo “morto” de jogo do que tempo útil. Ou seja, 40 minutos transformaram-se em perto de 120 (quase duas horas).

Ainda dentro das quatro linhas, muitos jogadores do Benfica até se esquecem que já estiveram do outro lado: Bebé, Pedro Costa, Arnaldo, Davi, Gonçalo Alves e o próprio treinador Paulo Fernandes representaram o Sporting, noutras épocas, mas pouco ou nada respeitam o emblema de Alvalade. Longe disso.

Tal como é habitual nesta modalidade, cada corte de uma jogada ofensiva contrária era festejada por toda a equipa quase como se fosse um golo. E muitas vezes com gestos de provocação perante o adversário que se encontrava mais perto. Tornou-se hábito.

O árbitro do encontro tomou uma decisão que não agradou a Divanei e o brasileiro do Sporting demonstrou o seu desagrado, irritou-se, foi de encontro ao juiz e ficou a centímetros – literalmente a centímetros – de agredir fisicamente o árbitro. Sem comentários.

Nas bancadas, mais problemas. Pausa no jogo por causa de uma carga policial junto dos seguidores do Benfica, enquanto os adeptos do Sporting soltavam fumo que rapidamente preencheu o ambiente e colocou a metade superior do pavilhão de Loures repleta de uma nuvem prejudicial, como foi facilmente visível nas imagens televisivas. Mais abaixo, vários objetos eram lançados a pouquíssimos metros dos jogadores e dos bancos. Alguns não acertaram no “alvo” por centímetros.

Mas não era só do adepto comum que surgiam os maus exemplos. Um pouco mais acima, na bancada dos denominados VIP’s, vi por exemplo o famoso médico Eduardo Barroso olhar para trás e fazer gestos de provocação e mandar calar adeptos do Benfica, depois de um golo apontado pelo Sporting.

Não vou deixar de referir o nome de Orlando Duarte. Aquele que era até à temporada transata o selecionador nacional também deu um “rico exemplo”. A sua maneira muito pouco apropriada de falar com os árbitros e com os adversários deveria ser punida. Sem qualquer contemplação. Ao intervalo, ficou no túnel enquanto espreitava para os vestiários do Benfica, à espera de alguém para discutir e tirar satisfações. Ações que só serviram para incendiar (ainda mais) os ânimos, em vários momentos do jogo e do campeonato. No final dessa partida, Orlando Duarte disse: “Isto já não é paixão, é doença!”  - aí concordamos, senhor treinador.

Concordei também com os jornalistas/comentadores da RTP, quando disseram que os jogadores puxam pelo mau ambiente nos bancos e nas bancadas, falando ainda sobre as várias crianças que estavam presentes num jogo de futsal pela primeira e, provavelmente, última vez. Porque os pais não estariam dispostos a sujeitar os filhos a cenários destes. Com toda a lógica.

Deplorável. Talvez seja a melhor palavra que encontro para classificar muito do que vejo nesta modalidade em Portugal. E não é só justificada pela rivalidade entre Benfica, Sporting e Belenenses (se o FC Porto estivesse inserido no futsal, muito provavelmente o panorama seria ainda pior). Noutras modalidades de pavilhão, estas e outras equipas encontram-se e nem sequer há comparação possível no que diz respeito a estas situações de confronto em vários sentidos.

Porque com provocações constantes, incitações à violência, maus exemplos dos responsáveis, nuvens de fumo em plenos pavilhões... Não é assim que o futsal vai reunir mais adeptos no nosso país.

diversos:

Comentários [2]

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doença, nao..facciosismo!

qd se comenta um jogo como neste caso, precisamos ser imparciais..so a versao encarnada dos acontecimentos nao chega..eu tb vi o contrario..adeptos dos lamps a incentivar à violencia, jogadores dos lamps ( q ja foram leoninos e deviam dar o exemplo de desportivismo ) a insultar os colegas adversarios e tb dirigidos aos adeptos leoninos após cada golo encarnado...e isto em todos os jogos ), naturalmente q ha sempre algum risco qd se soltam fumos mas é dia de festa, as pessoas sabem q haverá fumarada pelo recinto, podiam proibir eh certo mas tanto acontecia naquele pavilhao como em outro qualquer deste país..certo q divanei agiu errado mas pq motivo aquela reaçao? simples..um jogador do benfica insultou e agrediu divanei! e tantas outras coisas pela versao dos verdes q se poderia aqui dizer..qd a dor de cotovelo eh muita...

entreti-me bem a ver o futsal..

...neste caso as finais entre scp e slb.

No que respeita ao conteúdo do artigo, realmente foi assim. Muita violência entre os jogadores, agressões, insultos, nervos à flor da pele, tochas e petardos na bancadas, cargas policiais, etc.

No entanto, é natural que isto não interesse a "ninguém"..