Campeã olímpica de judo pensou suicidar-se | Relvado

Campeã olímpica de judo pensou suicidar-se

Depois de ter sido vítima de abuso sexual, Kayla Harrison planeou o suicídio. Agora conquistou o our
 
Kayla Harrison (judo)
FRANCK FIFE/AFP/GettyImages

Ser campeã olímpica deve ser o ponto alto para uma atleta. Ser a primeira judoca a conquistar uma medalha de ouro para o seu país nos Jogos Olímpicos deverá deixar a atleta ainda mais orgulhosa. Mas há uma recente campeã olímpica que já ultrapassou metas mais complicadas.

Kayla Harrisonn conquistou esta tarde o torneio de -78kg no judo. Bateu na final precisamente uma britânica, Gemma Gibbons, que havia levado o público de Londres à "loucura". Dois yukos foram suficientes para Kayla vencer e assim os Estados Unidos da América conseguiram a sua primeira medalha de ouro em toda a história do judo olímpico.

No entanto, esta jovem norte-americana já superou combates mais difíceis, envolvidos num historial complicado e numa adolescência muito marcada. Hoje com 22 anos, Kayla Harrison não esconde que foi vítima de abusos sexuais quando era adolescente. 

A atleta começou a praticar judo aos seis anos, mudando-se mais tarde para uma academia em Centerville, onde conheceu Daniel Doyle, o seu treinador, amigo da mãe de Kayla e que depois se viria a aproveitar da boa relação com a família.

Doyle orientou a judoca para dois títulos nacionais ainda antes de Kayla completar 15 anos. Foi nessa altura que começaram os abusos.

"Foi devastador. Quando era mais nova, ele estava sempre a pedir para guardar a nossa relação entre nós, ou então iríamos ter problemas. E, sinceramente, eu ia crescendo e a minha cabeça estava a ser controlada por ele. Eu sabia que a situação não era correta, mas eu pensava que o amava. E que ele me amava", contou a judoca, ainda antes dos Jogos Olímpicos de Londres.

E continua a contar: "Eu era jovem, estava assustada mas não percebia bem. Mesmo sendo nova, eu pressionava-me muito para agradar às pessoas. O meu mundo girava à volta do Daniel, ele era o meu sol. Tudo que eu queria era agradar-lhe. Infelizmente, ele aproveitou-se disso".

Kayla guardou segredo e sofreu sozinha durante três anos. Entrou em depressão séria, pensou em suicidar-se: "Eu odiava a minha vida", confessa, até que um dia "chegou a um ponto em que aquilo tinha de terminar".

Foi então que relatou a situação a um amigo (hoje seu noivo), o também judoca Aaron Handy, este contou à mãe de Kayla, que por sua vez apresentou o caso à polícia. Daniel Doyle admitiu que era culpado e foi condenado a 10 anos de prisão.

A norte-americana nunca deixou o judo e, orientada pelo novo treinador Jimmy Pedro, nunca desistiu do sonho olímpico. Contudo, um novo obstáculo iria surgir.

Como se não bastasse o trauma psicológico, há cerca de quatro meses lesionou-se num treino e o seu joelho ficou quase com o tamanho de um balão. A presença em Londres estava em risco.

Recuperou, voltou a lutar e hoje foi campeã olímpica.

diversos:

Comentários [1]

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judo

foi pena não termos ido mais longe