Árbitros muito novos ?

que este artigo tenha estado somente 16 horinhas na página principal...
Enfim, são critérios que nunca entenderei.
Até uma próxima,

Kikas

Caro Árbitro,
Não sei a que Distrito pertence (ou pertenceu...) mas confesso-lhe que não conheço nenhum onde em apenas dois anos possa estar directo no quadro de observações (e olhe que já pertencí a mais que uma Associação de Futebol).
Mas como só sou árbitro desde 1990 é possivel que em tempos tenha sido assim.
Actualmente habitualmente o que se passa é o seguinte:
- existe limitação de idade para a súbida da 1ª Distrital á 3ª Nacional e essa idade é de 31/32 anos. Logo qualquer pessoa que entre para a arbitragem com 26/27 anos não consegue subir ao Nacional, pois não tem tempo para isso. Normalmente os candidatos são bem mais novos, e sim, só perto dos 17/18 anos é que são aceites candidatos.
- Quando um árbitro faz o curso é automáticamente árbitro estagiário. (1ª Época)
- Uma época depois, dependendo da aprovação nas provas fisicas e escritas o árbitros o árbitro estagiário é promovido a árbitro de 2ª Divisão Distrital. (2ª Época)
De notar que se "chumbar" nas provas continua estagiário, se bem que em alguns Distritos a passagem de estagiário para árbitro de 2ª infelizmente é directa.
- Mais uma época decorrida e o árbitro, se passar nos testes intermédios (em Jan/Fev) e nos Finais (Maio/Jun) em que necessita de mais de 70% para subir e aprovação nas provas fisicas.
Dependendo da sua classificação o árbitro recém promovido á 1ª Divisão Distrital (e dependendo das suas notas nas provas anteriormente referidas) poderá fazer parte do quadro qualificatívo, que é uma espécie de ante-camara do quadro de observações, onde é feita a triágem dos árbitros que realmente vale a pena apostar e onde os todos os árbitros são aompanhados por forma a corrigir erros, "vicíos", posturas menos correctas com os restantes agentes, enfim é um processo interactívo, tendo de ser um dos oito melhores nas provas de súbida da 2ª para a 1ªDivisão sendo o restante quadro qualificatívo constituido por árbitro que já estavam na 1ª Divisão e isto de acordo com as suas classificações.
De notar que apesar de estarem a ser avaliados estes árbitros podem (se quizerem aproveitar claro, isto porque já conhecí casos de pessoas tão teimosas que não aceitaram este típo de ajuda) beneficiar de uma componente pedagógica e de formação, sendo que no quadro de observações estão entregues a sí mesmos.
Apenas durante a sua 3ª época um árbitro poderá ser avaliado em campo por um observador e isto pensando que faz um trajecto meteórico (quem nem os "apadrinhados" conseguem). (3ª Época)
De notar que habitualmente as médias dos meninos que fazem parte de um quadro qualificatívo está entre os 90% e os 100%.
- Os melhores deste quadro qualificatívo são então convidados a fazer parte do quadro de observações (onde se juntam os árbitros que desceram do Nacinal ao Distrital, caso a idade ainda o permita). (4ª Época)

Por isso uma ascensão "meteórica" (que é muitíssimo rara) demora 4 anos desde o momento em que o estagiário termina o seu curso até ao momento em que chega ao quadro de observações (na A.F. Lisboa o grupo "a").
De notar que de cada Distrito sobem somente 3 árbitros por época á 3ª DIvisão Nacional.

Quanto aos padrinhos... apenas posso falar do que conheço, e confesso que nunca ví ninguém "pagar favores", mas sei como é que um "padrinho" pode ajudar o seu afilhado: simplesmente conseguindo que este seja nomeado para jogos mais fáceis, evitando assim os "caldinhos" e os jogos mais duros.

Mas também sei que a área de acção de um "padrinho" é limitada e normalmente um árbitro "apadrinhado" consegue safar-se durante o Distrital, mas depois quando chega á 3ª Divisão Nacional ou tem unhas... ou então regressa para perto do "padrinho".

Estes "apadrinhamentos" em que se aposta no árbitro errado apenas têm o condão de "tapar" o caminho a quem teria valor e capacidade para vingar num escalão superior, que muitas vezes acaba por abandonar por sentir que alguém com menos valor teve jogos bem mais fáceis de dirigir e logo melhores notas (conheço vários casos em diferentes Distritos).

Nos poucos casos em que o "padrinho" consegue levar ao colo o "afilhado" até á Liga (evitando sempre os jogos complicados) o que acontece é que uma vez na Liga o "afilhado" passa a estar mais esposto e caso não tenha capacidade para dirigir certos jogos (e é o que tem acontecido a muitos árbitros) acabam por descer de uma forma tão meteórica como subiram.

Qunato a ter um árbitro com 12 anos... é preciso ter muita sorte na criança.
Não concordo minimamente, os actuais 16/17/18 anos com os mais novos iniciam a sua actividade parece-me bem (e não esquecer que estamos a falar de jovens adolescentes, que podem ter valor, mas que gostam de sair com os amigos como qualquer outro adolescente, pelo que qualquer jovem desta idade que consiga uma ascenção desde o início da carreira até á 3ª categoria nacional em 5/6 anos está a abrir mão de muita coisa o que nunca é devidamente pesado e medido por quem os vê actuar semana a semana.

É um tema que dá pano para mangas e não pode ser abordado com leveza, principalmente por alguém que é (ou foi) árbitro e que sabe bem os sacrificios que todos (incluindos os "afilhados") têm de fazer para conseguirem consiliar a sua vida de estudante ou profissional com a arbitragem, sempre procurando superar-se, sempre procurando aprender com os erros (que infelizmente, ou felizmente, acontecem), dando sempre o melhor que têm dentro de sí, mesmo num daqueles fins de semana em que se realizou 6/7 jogos...

Enfim, é a arbitragem que temos, que vive (como o resto do desporto em Portugal) da carolice de alguns.

Quanto mais velhos, mais vícios. Acho muito bem que os vão buscar novos e os ponham a arbitrar cedo.