1º Liga : Benfica soma e segue

Parece mais do que óbvio que, politicamente, existe uma aliança entre FCP e SLB. Os dois estão alinhados no discurso e na atitude em relação ao futebol português. Porque ambos seguem a mesma política de clube, tendo, por isso, interesses convergentes na forma como o futebol português deve funcionar. E isto não impede que sejam rivais desportivamente.

O silêncio de Pinto da Costa em relação à forma como o Benfica tem, em caso de dúvida, sido, digamos, premiado pela benevolência dos árbitros e que lhe têm conferido alguns pontos adicionais, nuns casos, e desbloqueados jogos, em outros, diz muito sobre a proximidade entre ambos.

A forma como se alinharam na destituição de Mário Figueiredo e eleição de Luís Duque, bem como os esforços que têm encetado, individualmente mas também junto da Liga no sentido desta pressionar a UEFA e FIFA a voltar atrás na decisão sobre o fim dos Fundos (e da forma como funcionam) a partir de Maio é por demais evidente.

O modelo do Benfica é hoje um modelo à Porto, sobretudo no exercício de influência nos órgãos de decisão e junto de alguns (cada vez mais) pequenos clubes. Hoje Vieira não encontra mais razão para levar DVD ao Ministério Público nem para falar em arbitragem ou num "sistema podre dominado pelo Porto". Antes, o Benfica tem hoje um discurso de ridicularização de quem ousa questionar a forma como o futebol português funciona.

O presidente do Benfica respondeu, esta semana, ao discurso inflamado de Bruno de Carvalho. Falou em tarjas, mas não tocou no essencial: segurança nos estádios e lançamento de tochas contra bancadas do adversário. A Liga castigou "severamente" o clube com uma multa pecuniária.

Vieira que quis falar sobre "actualidade que marcou a semana" esqueceu-se de argumentar junto dos portugueses e lisboetas (independentemente de gostarem de futebol ou serem do Benfica) o porquê de terem de ser estes a pagar 1,8M de euros referentes ao funcionamento da BTV e outras actividades.

Ao longo das últimas duas décadas estas foram situações recorrente no FCP, tantas vezes criticadas pelo Benfica. Hoje, com o sistema do seu lado, a nação gloriosa fecha os olhos, mostrando ser igual e que, afinal, os fins justificam todos os meios. E a comunicação social, ávida de vender e com um um discurso alinhado ao que os seus leitores (maioritamente benfiquistas) querem ler, utilizam um tom em conformidade. O que outrora, sobre o FCP, foram títulos de "líder sob linhas tortas", dá hoje lugar ao "campeão não cede", passando por cima de tantos atropelos à verdade desportiva.