Deixem passar o futuro campeão (crónica)

Falta apenas uma vitória para o FC Porto garantir a revalidação do título nacional. Vitória por 2-0 no terreno do Marítimo pode dar o título já este domingo, caso o Benfica não leve a melhor sobre o Rio Ave.

A fase inicial do encontro não deixou dúvidas em relação à melhor equipa em campo. O FC Porto era mais ofensivo, com melhor circulação de bola, enquanto o Marítimo, além de não atacar, não exercia pressão a meio campo e dava muito espaço ao adversário.

A aproveitar esse facto apareceu sobretudo Hulk. Primeiro, numa arrancada pela esquerda que culminou num cruzamento forte tenso, mas ninguém desviou. Um pouco mais tarde rematou fora do alcance do guarda-redes, mas Robson salvou quase em cima da linha de golo.

Com esta tendência e um campo muito "inclinado", foi sem surpresa que o primeiro golo pertenceu aos visitantes. Aos 13 minutos Fidelis tocou a bola com a mão, dentro da sua área, num lance que dividia com... o colega de equipa Ruben. Infração completamente desnecessária. Quem não se preocupou muito com isso foi Hulk, que não desperdiçou e inaugurou o marcador de penálti.

Os madeirenses tentaram reagir. Um cruzamento perigoso de Ruben e algumas iniciativas de Sami foram no entanto tentativas muito ténues, por parte de uma equipa que estava a demonstrar o mesmo nível (modesto) das últimas duas jornadas. 

E a partida ia decorrendo sem grande interesse, com os portistas a controlar, sem aumentar o ritmo; se o fizesse, muito provavelmente teria aumentado a vantagem. A turma da casa, sem velocidade e sem grandes ideias ofensivas, nem sequer andava perto do empate.

Do outro lado, um cruzamento de Sapunaru poderia ter oferecido um golo a James, aos 37 minutos, mas Salin respondeu à altura e defendeu com os pés, naquela que foi a única oportunidade de registo até ao intervalo.

Mais ataques e novo penálti

O início da segunda parte trouxe um Marítimo mais ofensivo. Aos 52 minutos cruzamento de Heldon na direita, que não encontra Fidelis por centímetros. 

Lucho colocou a sua equipa na área contrária, com um grande passe para Hulk, que isolado rematou ao lado, com o pé direito. Fidelis respondeu com uma arrancada que deixou Maicon para trás, rematou forte e boa defesa de Helton, a primeira - e única - complicada do brasileiro. 

Era a melhor fase do Marítimo na partida (a única claramente positiva). Logo a seguir Benachour, sozinho, passou pela defesa portista e o remate cruzado passou a centímetros do poste. Dois minutos depois Fidelis tentou de cabeça, mas saiu à figura de Helton.

Os madeirenses estavam melhor que o FC Porto e foi então que Vítor Pereira decidiu alterar uma das suas peças, retirando James e colocando Defour no relvado. A partir daí a partida ficou mais equilibrada e nos últimos minutos Pedro Martins disse aos jogadores para se balancearem completamente no ataque, com muito jogo direto, mas sem assustar muito a defesa contrária.

Quem ataca mais sujeita-se a contra-ataques perigosos e, a quatro minutos do final, dois dos melhores elementos em campo quase criavam o segundo da noite: Hulk assistiu Lucho e o argentino, com tudo para marcar, atirou por cima.

Logo no minuto seguinte, novamente Hulk a criar a jogada, assistiu Djalma, que foi derrubado por Rafael Miranda. Segunda grande penalidade, ambas bem assinaladas, e segundo golo de Hulk no jogo. 

2-0, resultado óbvio, e título muito perto do Dragão. "Campeões, campeões" - era a canção que entoavam os adeptos portistas nos instantes finais.