Michel Platini e a contínua dualidade de critério

Para todos os verdadeiros amantes do futebol, Michel Platini foi, no seu tempo algo distante, um excelente executante, um jogador de primeira água, um autêntico mago e um craque do futebol mundial e nesta matéria não haverá qualquer dúvida a assinalar.

Hoje em dia aquele que nos obsequiou com jogadas de grande nível dentro do recinto de jogo é presidente da UEFA e tem pautado algumas das suas intervenções com juízos de valor, no mínimo infelizes e bastante aquém do que deveria de ser por imposição do cargo, a posição de qualquer alto dirigente do futebol mundial, quase provando que nem sempre um bom jogador poderá ter o melhor perfil para ser um bom dirigente.

Platini, muito ao seu estilo individualista e inconsequente, de quem fala muito mas pouco acerta, há umas semanas veio mais uma vez a terreiro tecer alguns comentários sobre o facto de FC Porto e Sporting de Braga terem utilizado um número excessivo de atletas estrangeiros, sobretudo de origem sul-americana, na final da Liga Europa da temporada passada, dizendo inclusive que “se o FC Porto é de Portugal deveria jogar com jogadores portugueses e que os seus atletas argentinos e brasileiros estariam melhor a jogar no seu próprio campeonato”.

Ora, se este senhor estivesse mais atento ao que se passa por essa Europa fora e não se metesse onde não é chamado e achado a opinar, certamente que não usaria este tipo de comentário, pois esta regra só teria todo o sentido se fosse seguida noutros campeonatos, o que não é o caso, com exceção do Barcelona, e estranhando-se mesmo o silêncio da FPF na defesa dos seus filiados.

Em primeiro lugar, tanto a FIFA como a UEFA permitem legitimamente por lei este tipo de opção, por outro lado, este senhor estranhamente, ou talvez não, fez-se esquecido de apontar a mesma situação a outros clubes, como por exemplo o Manchester United, o Chelsea, o Real Madrid, Inter de Milão, Arsenal, entre outros, em situações idênticas dando a entender que para Platini, quando lhe já jeito, a dualidade de critérios é uma arma de arremesso para usar e abusar.

Posto isto, o que parece mesmo saltar à vista desarmada, é o fato de Platini estar mais preocupado com o excelente desempenho das equipas portuguesas, e em particular do FC Porto, que se vão aproximando perigosamente de alguns colossos de clubes europeus e o que pode originar em termos da própria UEFA uma diminuição da receita, por via de um menor interesse mediático das provas europeias.

Saudações desportivas.