Wenger volta a invadir La Masía | Relvado

Wenger volta a invadir La Masía

Arséne Wenger e o Arsenal recrutaram mais um miúdo nas escolas de formação do Barcelona. Catalães ir
 

Faltam duas semanas para a segunda-mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões entre Barcelona e Arsenal, mas a atmosfera prevê-se pesada para a recepção aos ingleses em Camp Nou. O motivo da hostilidade dá pelo nome de Jon Miquel Toral Harper, um jovem de 16 anos que representa a equipa de juvenis A do Barcelona.

O médio esquerdino, que actua com o número 10 nas costas e que tem uma invulgar apetência para a finalização, foi recrutado por Arséne Wenger para a próxima temporada em mais uma operação hostil feita sem o conhecimento da direcção catalã e mediada por Pere Guardiola, irmão de Pep e agente do jogador.

Sandro Rossell, presidente culé, fez constar a sua ira aos dirigentes do Arsenal durante o último jantar de cortesia oferecido na terça-feira passada, quando acusou os “gentlemen” ingleses de roubarem mais uma pérola da cantera. Peter Hill-Wood e companhia comeram e calaram, literalmente.

Segundo o artigo de opinião que assina o jornalista Xavier Bosch no El Mundo Deportivo desta quarta-feira, Rossel terminou o discurso, agradeceu o jantar e levantou-se da mesa incomodado, relembrando antes de sair que quando o Barça quis um jogador do Arsenal pagou por isso, citando os exemplos mais recentes de Overmars, Van Bronckhorst e Thierry Henry.

Do you speak english?

É inevitável olhar para o caso de Harper e não pensar em exemplos como Cesc Fabregas e Fran Mérida, também eles formados em La Masía e levados para Londres aos 16 anos.

Numa entrevista concedida ao jornal The Sunday Times, em Fevereiro de 2007, Cesc Fabregas, na altura com 19 anos, recordava os primeiros anos em Inglaterra. “Tinha uma aparelhagem, algumas roupas, um computador e uma pequena televisão que estava sempre ligada à Playstation. Era tão pequena que acho que quase fiquei cego de tanto jogar”, contava.

O quarto era na localidade de Barnet, em Hertfordshire, um subúrbio a Norte de Londres. Fabregas era um de vários rapazes que vivia numa espécie de lar para jovens talentos gerido por uma senhora da confiança do Arsenal, onde também vivia um dos melhores amigos do médio. “O Philippe Senderos estava lá, mas tinha um quarto muito maior do que o meu”, confessava em tom de brincadeira o catalão sobre o amigo suíço, que por acaso falava um pouco de castelhano.

Este é um bom exemplo da sociedade das nações que Wenger instituiu desde a sua chegada a Highbury Park, em Setembro de 1996. Cesc teve problemas em adaptar-se ao idioma, mas nem por isso Wenger lhe permitia um tratamento diferente:.“Desde o primeiro dia que ele só falou comigo em inglês, ainda que ele fale um pouco de espanhol. Inicialmente pode ter sido um pouco duro, mas ajudou-me a integrar. Wenger gosta de criar relações pessoais com cada um de nós. Ocasionalmente fala com a equipa em grupo, mas em geral gosta de nos puxar para o lado, um por um, e fala individualmente com cada jogador”, revelava Fabregas na citada entrevista.

Mercado desvirtuado

Actualmente o plantel dos Gunners conta com 24 jogadores, dos quais 21 são estrangeiros. A média de idades – 24,75 anos – é reveladora da política do clube: a busca de talentos em potência. Pela mão de Wenger, o Arsenal tornou-se um exemplo de como investir na juventude, mas a que preço?

O plantel está descaracterizado (não é o único) e nos últimos anos recebeu várias críticas que defendem a limitação de estrangeiros, depois dos pobres resultados obtidos pela selecção inglesa a nível internacional. Internamente, o clube (através de Wenger) tem criticado duramente a política “mãos largas” dos rivais Chelsea, Manchester United e recentemente Manchester City, que acusam de concorrência desleal, o que não deixa de ser curioso vindo de alguém que não se coibe em “desviar” as principais estrelas dos escalões de base por esse mundo fora.

É tudo uma questão de perspectiva, mas a verdade é que cada um à sua maneira tem vindo a desvirtuar o mercado, uns porque inflacionam o preço e outros porque usurpam talentos detectados precocemente, muitas vezes sem pagarem por isso. Se em Inglaterra o jogador pode assinar o primeiro contrato profissional aos 16 anos, o mesmo só acontece em Espanha quando o atleta cumpre 18 anos. Isto gera uma maior vulnerabilidade dos talentos, que normalmente são salvaguardados com contratos-promessa, o que nem sempre evita as abordagens.

Exemplo disso foi o que se passou com Fran Mérida, que dois anos depois de se ter mudado para o Arsenal foi condenado a pagar 3,2 milhões de euros ao Barcelona por ter precisamente quebrado um contrato-promessa e por ter saído sem indemnizar o clube que o tinha formado.

Obsessão por La Masía

O quarto do lar de Barnet, que um dia foi de Fabregas e mais tarde passou para Mérida, deverá agora passar para Jon Toral Harper. As saudades de casa, dos amigos, as dificuldades com a língua inglesa e os sentimentos de solidão deverão voltar a invadir mais um jovem que deixa tudo para trás em busca de um sonho e tudo porque Wenger é um admirador confesso da filosofia que rege o Barcelona, tanto ao nível táctico, como ao nível humano.

Os “produtos” com a marca de La Masía são normalmente garantia de qualidade, por isso o Arsenal compra sem olhar a meios.

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Comentários [3]

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Roubem mais...

O Barcelona é uma prisão de bons jogadores. Ficam anos encostados na equipa B ou no banco da equipa principal.

qual o problema????

nao e por nada, mas qualquer clube tem o direito de contratar desta maneira jogadores com contrato de jovem...... mas mesmo assim o arsenal teve de pagar uma pequena indemnizaçao ao barça

aaa

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