Villarreal: As virtudes e os defeitos do intruso espanhol

O Villarreal joga no Estádio El Madrigal, um dos mais pequenos da Liga espanhola, com capacidade para 25 mil espetadores, metade da população da cidade de Vila-real, situada na Comunidade de Valência. Mas a qualidade da equipa orientada por Juan Carlos Garrido é inversamente proporcional ao tamanho da cidade e André Villas-Boas sabe-o, demonstrando um enorme respeito pelo rival. O treinador do FC Porto até acha um disparate considerar a sua equipa favorita neste duelo das meias-finais da Liga Europa... Será estratégia ou acha mesmo que isso é verdade?

O adversário dos azuis e brancos está obviamente num patamar muito inferior ao de Barcelona e Real Madrid. No campeonato espanhol, a diferença de 31 pontos para os 'blaugrana' e de 23 para os 'merengues' prova-o. Mas afinal de contas quem na Europa pode neste momento ombrear com as equipas orientadas por Guardiola e Mourinho? Possivelmente ninguém...

No entanto, a seguir aos dois gigantes, o Villarreal aparece numa segunda linha de bons clubes espanhóis, no mesmo patamar de Valência e Sevilha. A qualificação para a terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões da proxima temporada está bem encaminhada, em virtude do quarto lugar, com seis pontos de avanço sobre o Athletic Bilbao. Alcançar o terceiro posto está complicado, uma vez que o Valência tem os mesmos seis pontos de diferença, mas a mais.

O Villarreal foi o clube que mais cresceu no país vizinho nos últimos anos. Só se estreou na divisão principal em 1998/99, mas desceu de escalão nessa mesma época. Um ano depois, estava de regresso ao convívio com os grandes e gostou tanto que nunca mais o abandonou. Depois do sétimo lugar em 2000/01, seguiram-se duas classificações seguidas em 15.º. Desde aí, a regularidade tem sido fantástica: oitavo, terceiro, sétimo, quinto, segundo, quinto e sétimo.

A coroa de glória do clube espanhol foi a chegada às meias-finais da Liga dos Campeões, em 2005/06. Nessa temporada, cruzou-se com o Benfica de Ronald Koeman na fase de grupos, tendo vencido por 1-0 em casa e empatado a um golo na Luz. Curiosamente, as duas equipas passaram. No currículo do Villarreal constam duas Taças Intertoto, em 2002/03 e 2003/04.

Avançados de classe

Analisando o plantel do Villarreal, salta imediatamente à vista a qualidade dos dois pontas-de-lança que costumam atuar de início. São os dois muito rápidos, goleadores e combinam na perfeição: Rossi, italiano nascido nos Estados Unidos e Nilmar, brasileiro e presença assídua como titular na seleção do Brasil. Os dois são garantia de golos e dores de cabeça certas para os centrais do FC Porto.

Rossi, de resto, é o segundo melhor marcador na atual edição da Liga Europa, apenas superado por Falcão. E tal como Nilmar, já foi falado como possibilidade para reforçar o Barcelona em 2011/12.

O médio ofensivo Borja Valero e o extremo Santi Cazorla são outras das grandes armas do Villarreal, uma equipa que mereceu os mais rasgados elogios de Pep Guardiola e José Mourinho. Ambos o consideraram o rival mais duro que enfrentaram esta época a jogar nos seus estádios, apesar dos jogos terem terminado com vitórias dos mais fortes (3-1 para o Barça e 4-2 a favor do Real Madrid).

No país vizinho, o Villarreal é conhecido como "Submarino Amarelo", por causa das cores das camisolas. Mas nos últimos tempos, ganhou também a alcunha de Mini Barcelona, devido ao estilo de jogo baseado na posse de bola e troca contínua de passes até encontrar a desmarcação perfeita. Na verdade, a formação de Garrido ainda está muito longe da qualidade dos catalães, mas não deixa de ser um enorme elogio à competência do treinador e às potencialidades dos jogadores.

Fragilidades defensivas

O ataque do Villarreal é temível, mas a defesa deixa a desejar, como mostrou nas recentes derrotas em Valência (0-5) e Sevilha (2-3). O guarda-redes Diego López é indiscutível na baliza e os centrais costumam ser Gonzalo Rodríguez e Musacchio, este último o grande patrão da defesa. No entanto, em face da lesão de Rodríguez, o antigo benfiquista Marchena terá de recuar da posição de trinco para central.

Os laterais da defesa serão porventura os elos mais fracos desta equipa. Mário Gaspar na direita e Catalã, na esquerda, estão longe de oferecer grande segurança.