Homicida do "very-light" capturado 11 anos depois

Eu, Rui, encontrava-me a poucos metros do outro infeliz Rui, cruiosamente acompanhado pelo meu pai Rui...
Desculpem-me esta "brincadeira com palavras", mas era só para realçar que, conforme foi aquele Rui o infeliz contemplado com o petardo voador, poderia muito bem ter sido eu ou o meu pai, por exemplo.

Uma cena de que nunca me esquecerei, por mais anos que viva, porque foi a primeira (e espero que última) vez em que tive que assemelhar o palco de um estádio de futebol ao palco de uma qualquer guerra. Com uma agravante: ali, naquele espaço e até àquele fatídico segundo, ninguém esperaria por aquilo, enquanto que numa guerra, infelizmente, na maioria das vezes, as pessoas já sabem com o que contar (o pior, claro).

Neste âmbito, não aponto o dedo a clubes ou apoiantes, aponto o dedo directamente ao ser grotesco, individualmente, esperando que desta maneira lhe faça maior mossa.

Foi um adepto do Sporting que tombou, naquela tarde, enquanto todos em meu redor gritavam "Está um homem a arder! Está um homem a arder!", mas bem poderia ter sido um adepto benfiquista, portista ou vitoriano, bem poderia ter sido um outro cidadão qualquer que não ligasse patavina a futebol nem torcesse por nenhum clube.
O palco, aqui, é que conta. E este palco, repito, foi um estádio de futebol, onde me dirigi alegremente com o meu pai, onde nas imediações comemos umas bifanas e emborcamos uns finos, onde felizmente acabamos por chegar um pouco mais tarde do que o previsto e tivemos que ficar de pé, pouco acima da escadaria que o foguete elegeu para aterrar, onde apenas pudemos desfrutar de meros 8 minutos de paz, porque depois foi uma correria louca para encontrar um telefone e avisar a família de que não era nada connosco...

São coisas que acontecem, alguns dirão, mas que não deveriam acontecer em certos locais, ou, pelo menos, deveriam ser evitadas a todo o custo, sempre, e não apenas nos meses que precederam a infeliz ocorrência e onde a memória estava fresca.

Excertos do livro lançado por Fernando Madureira, o Macaco para os amigos, líder da claque Super Dragões:

BENFICA INIMIGO, PORTUGAL "AMIGO"

# "O BENFICA é o nosso inimigo mortal. Ponto de honra derrotá-los, dentro e fora das quatro linhas."

# Benfica - F.C.P = (1992) - "Depois da festa, foi o fim do mundo. Distribuímos pancada por tudo o que fosse vermelho." "Surgiu a ideia de criar os ultras portugal com elementos dos super dragões e da claque do Sporting. A primeira viagem foi contra a Itália.(...) No caminho, o Borrego lançou um concurso que consistia em ver qual era a claque que mais roubava (...) Foi o caos em Andorra! Lojas e mais lojas cheias de máquinas de filmar, roupa, tabaco...Tudo à mão de semear. Ficámos em transe."

# Corunha - F.C.P (2004) - "Resolvemos pôr-nos atrás do repórter a fazer de otários e a gritar "Porto". O cabrão manda desligar a câmara e diz: "estes gajos do Porto são sempre os mesmos palhaços...". Saltou-lhe tudo em cima. Levaram um tareão e sem telemóveis."

# Guimarães - F.C.P (1994) - "Houve um policia que se armou em esperto e deu uma bastonada num gajo. Veio outro por trás, deu-lhe uma sarda, ele ficou lá esticado."

# Braga - F.C.P (1995) - "Pelo que se comentava, muito do pessoal tinha notas falsas para comprar os bilhetes e ainda trazer troco."

# Setúbal- F.C.P (2002) - "Foi o caos! Entraram cem gajos pela área de serviço e roubaram tudo o que lhes apareceu à frente. Até que os guardas trancaram 16 (...) Foram todos absolvidos. Foi um final feliz."

# M.United - F.C.P (2004) - "Nunca vi uma coisa daquelas num free shop. Até montras de ouro tinha. Foram dez minutos. Uma rapadela total."

# Juventos - F.C.P (2001) - "Abri o cortinado das hospedeiras e vi o Alexio e o Caveira aos beijos e aos apalpanços (...) Os outros começaram a puxá-las, a dar-lhes surras no cu e a apalparem-nas... Depois, o co-piloto começou a falar comigo a explicar que tinham roubado a carteira ao comandante. Ele estava fodido e já queria aterrar o avião, antes do tempo! (...) Os cães sentiram o cheiro a ganza que os gajos fumaram durante o voo..."

# Corunha - F.C.P(2003) - "Só os vi em cima dele a disputarem o telemóvel, a camisola, as calças, o dinheiro. Quando me apercebi do que ele estava a dizer vi que era espanhol. Não queria acreditar que tinham raptado um puto de 17 anos. Os cabrões, como íamos de porta aberta, viram o chavalo e meteram-no para dentro do autocarro. Fiquei cego e enchi-os de porrada. "Vocês, são doidos! Se queriam roubar, roubassem antes de entrar".