Fernando Gomes: situação da Benfica TV poderá não ser "normal"

entrevista interessante e que revela aspectos pouco conhecidos do Estado Novo. É mais que lógico que num Estado liderado por um lobo das Finanças o futebol fosse instrumentalizado sim, mas em termos financeiros. Ao proibir a profissionalização dos futebolistas (e dirigentes?) o Estado garantiu uma excelente fonte de receitas em que o bolo era sujeito à aplicaçaõ de impostos, não sendo dispersado pelas mais variadas despesas decorrentes da profissionalização, escapando assim ao controlo fiscal. O resto é conversa politicamente correcta própria das ideologias fascistas por toda a Europa.
Fico com a ideia de que o historiador quer "lavar"/ desmitificar a imagem de um SLBenfica com conexões ao Regime. Mas atenção que o Regime não era só Salazar. E embora o SLB fosse entidade acolhedora de antifascistas, ter equipamentos e bandeira da cor da comunista, etc... tambem não é menos verdade de que albergaria muita gente de ideias opostas, justificando essa tradição de pluralidade ideológica que ainda hoje (com maneiras díspares de pensar as coisas de cabeça para cabeça ) se mantem e que constitui uma das principais causas da permanente instabilidade directiva. Há sempre inúmeras facções dentro do clube a criticar, e quantas vezes a minar, o trabalho das Direcções.
Quanto ao episódio do Eusébio (será que o do Coluna teve contornos semelhantes?), não fiquei muito convencido...mas será que todos os futebolistas da época eram obrigados a cumprir o serviço militar? Estando provavelmente a grande maioria deles em idade de ir para a tropa, como é que era resolvido esse problema? E não me parece que o Eusébio tenha efectivamente cumprido o serviço militar. E o Benfica ficou sem ele por quanto tempo? Algo aqui não está bem contado. Estou de acordo com António de Oliveira Salazar no seguinte aspecto, o desporto nacional de Portugal havia de ser a Vela. Que belo país, com uma juventude bem formada, de gente mais arejada haveríamos de ser!!! Deve ter sido a melhor frase, e o melhor pensamento que ele produziu, só que infelizmente nunca foram lançadas bases para que fosse transformado em realidade. Eu quando trabalhei em projectos de luta contra a pobreza implementei precisamente a actividade da Vela e constatei que os jovens difíceis se tornaram com o tempo menos difíceis. Claro que outro tipo de análises pode gerar a entrevista, mas decidi humildemente ter focado somente os aspectos supra comentados, por mera preguiça mental a que, como navegante deste espaço, tenho direito.
Cumprimentos