Um Once Caldas quase desconhecido...

SEMPRE CONTRA AS PREVISÕES...
As previsões, tendo em conta o estatuto das duas equipas, apontam para um
triunfo do FC Porto perante uma equipa de menores pergaminhos. Não sendo uma
equipa de topo sequer do futebol colombiano, o Once Caldas tem no currículo
apenas dois títulos do seu país, mas contra todas as expectativas vai
disputar a final da Taça Intercontinental. É precisamente a contar com o
elemento imprevisível do futebol que os colombianos contam levar a melhor sobre
os portistas em Tóquio, à imagem do sucedido na Taça Libertadores, onde
derrotaram os conceituados argentinos do Boca Juniores. Os
colombianos conquistaram o troféu nas grandes penalidades após um empate a um
golo no tempo regulamentar. Na maior competição de clubes sul-americanos o Once Caldas só sofreu uma
derrota contra o Velez Sarsfield, da Argentina, tendo o facto de jogar em casa o
segundo encontro das eliminatórias desde os oitavos até à final ajudado na
travessia vitoriosa da equipa.
A formação da Colômbia soma apenas três participações na Taça Libertadores; em
1999 e 2002 foram eliminados logo na primeira fase, mas à terceira presença arrecadaram a Taça.

AMBOS CAMPEÕES SURPRESA
Em termos estatísticos, o Once Caldas poderia encontrar vantagem sobre o Porto no
facto de o saldo de triunfos na Intercontinental favorecer significativamente os
clubes sul-americanos que arrecadaram o galardão em 22 das 42 edições da
prova.
Mas no Japão estarão frente a frente duas equipas que na época passada acabaram
com todas as teorias de favoritismos suportadas nas estatísticas ou nos títulos
arrecadados. Os triunfos de Porto e Once Caldas na Liga dos Campeões e na Taça
Libertadores assumem semelhanças incontestáveis, dado que venceram contra todas
as expectativas iniciais. A final de Yokohama terá assim esta peculiaridade que
torna complicada a elaboração de qualquer prognóstico.

RAÍZES E CONDIÇÃO MODESTAS
O Once Caldas é oriundo da cidade de Manizales, zona de produção de café, que
tem uma população de cerca de 300 mil habitantes. Destes são esperados pouco
mais de 200 adeptos em terras nipónicas para apoiar a sua equipa.
A formação colombiana provém de um cenário modesto e revela condições igualmente
frugais. A equipa teve recentemente um encaixe financeiro que lhe permitiu
melhorar as instalações de treino depois da transferência do avançado Edwin
Congo para o Real Madrid em 1999, situação que terá fomentado a chegada à final
da Libertadores. O grande impulsionador do sucesso da equipa foi o treinador
Luis Fernando Montoya que impôs uma filosofia de jogo baseada numa defesa
sustentada e num meio-campo forte.
O Once perdeu há pouco o principal orquestrador do jogo da equipa durante a Taça
sul-americana. Arnulfo Valentierra, que foi o melhor marcador da equipa na
Libertadores, saiu para os Emirados Árabes Unidos, o que poderá revelar alguma
fraqueza na equipa. Mas isso não é bem certo. Numa verdadeira evidência de que
não há jogadores insubstituíveis, o Once Caldas transferiu ainda durante a fase
de Grupos da Libertadores o avançado Sergio Galván, que era o melhor marcador da
equipa, e mesmo assim ganhou o troféu.