SLB: grupo bancário defende presidência de LFV

A consolidação do grupo empresarial do Benfica pressupõe a eleição de Luís Filipe Vieira, actual gestor do futebol profissional "encarnado", para a presidência da direcção do Sport Lisboa e Benfica. É pelo menos essa a ideia que se encontra descrita na proposta elaborada pelo BES Investimentos, a entidade bancária portuguesa que, nos últimos anos, tem tido relações privilegiadas com a actual direcção benfiquista.
 
A proposta a que o PÚBLICO teve acesso e que traça as directrizes que devem ser seguidas para a afirmação do grupo empresarial do Benfica, e possibilitem a sua sustentação económica no universo desportivo português, estabelece com clareza os passos que devem ser seguidos para alcançar esse objectivo.

Estão previstas quatro etapas, duas delas já concluídas, casos do aumento de capital da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Benfica e a aquisição de 49 por cento do capital da Benfica Multimédia por um parceiro estratégico (no caso a Sportinvest).

Por realizar está a aquisição por outro parceiro estratégico de 49 por cento da Benfica Comercial — escreve-se que já foram iniciadas conversações com a Adidas para a concretização desta parceria, embora a Reebok e a Nike também tenham manifestado interesse no negócio. Previsto para breve está também o aumento de capital da Benfica SGPS, a subscrever por um parceiro financeiro, o lançamento de diversos produtos financeiros alternativos, a recapitalização da Benfica SAD e, a longo prazo, a cotação da Benfica SGPS na bolsa portuguesa.

Sai Vilarinho entra Filipe Vieira

Todo o processo está, contudo, condicionado pelo abandono de Manuel Vilarinho da presidência do Benfica e a eleição de uma nova direcção, presidida por Luís Filipe Vieira. Algo que só poderá ocorrer quando estiver solucionado o problema colocado pelo empréstimo contraído por Vilarinho e avalizado por Luís Filipe Vieira, José Guilherme e Vítor Santos (sócios benfiquistas), no montante de 20,9 milhões de euros (4,2 milhões de contos), por ocasião do aumento de capital da SAD benfiquista.

Face à fraca adesão dos sócios e do público em geral, Vilarinho optou por recorrer a um financiamento do Banco Internacional de Crédito (BIC) para permitir que a totalidade do capital fosse subscrito e evitar, assim, o fracasso da operação. Daí que Vilarinho só abandonará a presidência do clube após o pagamento daquela verba ao BIC, que deverá ser efectuada com montantes oriundos de Luís Filipe Vieira, José Guilherme, da Somague, do próprio Vilarinho e do clube da Luz, que ficarão na posse das referidas acções. Quanto aos juros resultantes do empréstimo bancário contraído, no valor de 1,4 milhões de euros, ficou decidido que ficarão a cargo do Benfica que, se necessário, recorrerá a um financiamento bancário dando como penhor acções da Benfica SAD e os direitos televisivos dos jogos da equipa de futebol.

A realização do aumento de capital da Benfica SGPS é outro dos passos fundamentais apresentados para a consolidação do grupo empresarial do Benfica. Diz-se que ele será subscrito pelo Benfica e por um parceiro financeiro (não mencionado), que subscreveria acções no valor de 25 milhões de euros. Mas a entrada deste parceiro financeiro só ocorrerá na condição de Luís Filipe Vieira ser eleito presidente do clube da Luz, ficando o futuro do Benfica, neste cenário, condicionado a esse facto.

O pagamento das dívidas fiscais do clube "encarnado", que rondam os 12,5 milhões euros (2,5 milhões de contos), seria alcançado através da contratação pelo Benfica de um financiamento naquele valor, que seria reembolsado com a venda de 49 por cento do capital da Benfica Comercial — uma operação que se estima poder render aos cofres benfiquistas cerca de 15 milhões de euros.