Quem será o melhor marcador do Mundial 2006?

Müller o recordistaNa história dos Mundiais de futebol, o alemão Gerd Müller é o melhor marcador de sempre das 17 edições da prova, somando um total de 14 golos depois dos 10 tentos apontados no México 1970 e dos 4 amealhados no Alemanha 1974. Mas este número está perto de ser ultrapassado pelo brasileiro Ronaldo que soma um total de 12 golos e que tem neste Mundial 2006 a oportunidade de carimbar novo recorde.Ronaldo foi o melhor marcador no Mundial 2002, onde o Brasil conquistou o seu quinto título com Luiz Felipe Scolari e com o "Fenómeno" a apontar oito golos. Na partida para o Mundial 2006 o jogador do Real Madrid não se apresentou particularmente perigoso frente aos croatas, mas muitos dizem que o melhor de Ronaldo ainda está para vir.Na lista dos melhores marcadores de sempre dos Mundiais surge entre Ronaldo e Müller o nome do francês Just Fontaine que apontou um total de 13 tentos, golos marcados em apenas seis jogos durante o Mundial de 1958 na Suécia. Este Campeonato consagrou o Rei Pelé em ano de triunfo do Brasil, mas Fontaine assegurou também o seu lugar na história, marcando quatro vezes à Alemanha, três ao Paraguai, duas à Jugoslávia e outras tantas à Irlanda do Norte e mais um golo ao Brasil e outro à Escócia. O recorde de Fontaine de 13 tentos em apenas um Mundial será difícil de ultrapassar, mas pode ser que em 2006 haja inspiração dos goleadores...Conhecido simplesmente por Justo, Fontaine é de origem marroquina e deixou prematuramente o futebol devido a uma lesão, rumando a uma passagem inglória pela Selecção francesa como treinador e depois guiou o Paris-Saint Germain à primeira divisão em 1974. No âmbito do Mundial da Alemanha, Justo lançou o seu próprio blogue que faz jus aos 13 tentos do seu recorde.O ano de EusébioO húngaro Kocsis é outro nome que está na história dos melhores artilheiros dos Mundiais tendo apontado 11 tentos no Mundial de 1954 na Suíça. Num ano em que a Hungria foi a grande sensação, apesar de nada ter ganho, Kocsis beneficiou da lesão de Puskas, o craque húngaro do momento, para brilhar. A sua especialidade eram os remates de cabeça e depois do Mundial rumou ao Barcelona onde jogou durante sete anos.O actual seleccionador da Alemanha, Jurgen Klinsmann, soma também 11 golos marcados nas edições dos Mundiais de 1990, de 1994 e de 1998.Com um total de dez golos apontados em Mundiais surgem Rahn (Alemanha), Cubillas (Perú), Lineker (Inglaterra), Lato (Polónia) e Batistuta (Argentina); e a seguir aparece o nosso Eusébio com 9 tentos, os mesmos de Roberto Baggio, Vieiri e Rossi (Itália), de Seeler e Rummenigge (Alemanha), e de Vavá, Jairzinho e Ademir (Brasil).O ano de 1966 foi o de Eusébio com o "Pantera Negra" a apontar nove golos no Mundial de Inglaterra, sagrando-se o melhor marcador e a grande sensação da prova. Portugal fez na altura a sua melhor campanha de sempre obtendo um terceiro lugar, conseguindo derrotar o Brasil de Pelé e Garrincha. Naquele que foi o primeiro Mundial televisionado para todo o planeta via satélite, Eusébio deixou a sua marca, apontando durante o jogo com a Coreia do Norte quatro golos. Os coreanos ganhavam a partida das meias-finais por 3-0 aos 25 minutos de jogo, mas então o "Pantera Negra" despertou a Selecção e apontou quatro golos seguidos.Mais golos do que Eusébio num único jogo marcou o russo Oleg Salenko, mais precisamente cinco, em partida que a Rússia venceu aos Camarões por 6-1 no Mundial de 1994 nos Estados Unidos da América. O Brasil sagrou-se então tetra-campeão com Romário como grande sensação, mas foi Salenko quem se sagrou melhor marcador com seis golos.Stábile abriu o caminho...Recuando ao primeiro Mundial realizado em 1930 no Uruguai o artilheiro que abriu caminho foi o argentino Guillermo Stábile com oito golos em cinco jogos. Apelidado de "El Infiltrador" pelo modo como penetrava nas defesas rivais, Stábile detém o primeiro hat-trick dos Mundiais que conseguiu frente à França no triunfo da Argentina por 6-3.O Mundial de 1934 na Itália foi de poucos golos com três jogadores a dividirem o título de "matador"; Nejedly (Checoslováquia), Conen (Alemanha) e Schiavio (Itália), com quatro golos cada, sagraram-se melhores marcadores. Quatro anos mais tarde, no Mundial de 1938 em França, outro nome fez história; Leónidas foi o artilheiro absoluto igualando os 8 golos de Stábile do Mundial de 1930. O "Diamante Negro"
faleceu em 2004 e foi a primeira grande estrela brasileira, atribuindo-se-lhe a invenção do golo de bicicleta. Fica também para a história dos Mundiais por ter marcado um golo descalço; aconteceu no Brasil-Polónia (6-5) quando, perante um relvado lamacento, Leónidas decidiu tirar as chuteiras e pôs-se a jogar descalço, tendo marcado um golo mesmo assim, de pé nu. O árbitro acabou por obrigá-lo a calçar-se de novo, mas o golo já estava lá dentro. Insólito é ainda o facto de ter falhado a meia-final por mera opção do treinador que nunca imaginou que o Brasil perderia com a Itália e que decidiu poupá-lo. Certo é que os italianos ganharam ao Brasil e sagraram-se campeões do mundo.Em 1962 no Chile foi o ano de Garrincha, já falecido, mas este não foi um Mundial atreito a golos com seis atletas a dividirem o título de melhores marcadores com apenas quatro tentos, precisamente Florian Albert (Hungria), o actual árbitro internacional russo Valentin Ivanov (URSS), Drazen Jerkovic (Jugoslávia), Leonel Sánchez (Chile), Vavá (Brasil) e Garrincha (Brasil).Em 1974, na primeira edição da prova acolhida pela Alemanha, e com a Holanda de Cruyff a maravilhar, foi o polaco Lato quem se impôs como melhor marcador com sete golos. Quatro anos depois, no Argentina 1978, e em plena ditadura militar Mário Kempes apontou seis golos, nomeadamente o tento que deu a vitória do título mundial aos argentinos. Na primeira fase Kempes não marcou qualquer golo e exibia um farfalhudo bigode, apanágio da moda de então. Após sugestão do seleccionador argentino, Carlos Menotti, Kempes rapou o bigode e os golos começaram a aparecer...No Mundial de 1982 em Espanha Paolo Rossi sagrou-se artilheiro também com seis golos e tendo igualmente só apontado nos últimos três encontros do torneio frente a Brasil, Polónia e Alemanha. A Itália sagrou-se campeã depois de Rossi ter sido "amnistiado" pela justiça italiana de modo a poder jogar no Mundial. O avançado foi condenado a três anos de suspensão no âmbito de um caso de apostas ilegais - o "Tottonero" - e a Federação Italiana reduziu-lhe a pena em um ano, o que lhe permitiu jogar o Mundial.No México 1986 tivemos o "caso Saltillo" de má memória para Portugal e houve a "Mão de Deus" de Maradona que deu o título à Argentina e uma imensa dor de cabeça que dura até hoje aos ingleses. Mas o título de marcador-mor foi para um inglês, Lineker, com seis golos. Em 1990 na Itália, em ano de triunfo alemão, Salvatore Schilaci apontou outro seis tentos. Já no Mundial de 1998 em ano de consagração da França de Zidane em casa, foi o croata Davor Suker o artilheiro da competição também com seis golos.
Susana Valente