Portugal de novo eliminado com penálti de Zidane

O sonho da final de Berlim terminou para Portugal. A equipa das quinas perdeu com a França na meia-final do Mundial 2006 com uma grande penalidade marcada por Zidane ainda no primeiro tempo do jogo. É um cenário que repete o sucedido nas meias-finais do Euro 2000 e que confirma a França como a “besta negra” das quinas. No horizonte Portugal tem agora mais um jogo hercúleo frente à Alemanha na disputa do terceiro lugar, enquanto a França espera brindar a despedida de Zidane dos relvados com a vitória do título frente à Itália.
O fatídico minuto 33

Numa partida histórica para a formação portuguesa, com a primeira final de um Mundial no horizonte para as quinas, os primeiros acordes da “Portuguesa” mostraram um Cristiano Ronaldo sorridente num indício de que teríamos em campo o futebol endiabrado por que é conhecido. Deco, de volta ao onze de Portugal depois de ter falhado o jogo com Inglaterra, sussurrava pela primeira vez o hino da nação que o acolheu, mas o “mágico” não esteve em campo.
O primeiro remate do jogo viria a ser francês com Malouda a rematar ao lado logo nos primeiros segundos. A seguir foi Pauleta quem não conseguiu responder com a ansiada recarga ao remate de Deco. Os “galos” começaram o encontro a dominar, conseguindo maior posse de bola e Cristiano Ronaldo era assobiado pelos muitos ingleses presentes no estádio cada vez que tocava na bola. O avançado madeirense não cedeu ao ambiente adverso e fez uma boa partida, como atesta a boa combinação com Maniche aos oito minutos que culminou com um remate do ex-médio portista por cima da baliza de Barthez. O jogo ia fluindo com jogadas de ataque alternadas, as duas Selecções iam trocando bem a bola, mas sem grande acutilância ofensiva, nenhuma atrevendo arriscar em demasia. No estádio os franceses estavam em maioria, mas a claque portuguesa ia fazendo ouvir-se motivada pelo desempenho dos onze “tugas” no relvado.
Aos 27 minutos Henry fintou Miguel na área portuguesa, mas atirou para as mãos de Ricardo. Logo de seguida Cristiano Ronaldo sofreu falta e o seleccionador Raymond Domenech não concordou com o árbitro, esboçando o gesto de que o jogador do Manchester se tinha atirado. Scolari fez questão de ir junto ao colega de profissão em defesa da decisão do homem do apito e a discussão continuou por alguns momentos enquanto a bola corria no relvado. As quinas assumiam agora maior preponderância, mas aos 31 minutos Ricardo Carvalho fez falta na área sobre Henry e foi assinalado penálti. E este Ricardo não conseguiu segurar. Num momento a lembrar a eliminação de Portugal das meias-finais do Euro 2000 Zidane apontou de castigo máximo o golo com que os gauleses saíram para o intervalo a ganhar.

Portugal merecia mais…

No segundo tempo a França defendeu o resultado, geriu o tempo e contou com a pouca incisão ofensiva de Portugal. Os gauleses iam apostando no contra-ataque com um maior adiantamento das quinas e Henry apanhou-se sozinho na área, após uma perda de bola da Selecção lusa, mas Ricardo defendeu. No minuto seguinte o guardião do Sporting segurou à segunda um remate de Ribéry. Pouco depois Pauleta, que passou grande parte do jogo “ausente”, efectuou o primeiro remate com perigo ao lado das redes dos “galos”.
Nas bancadas o público português continuava a gritar pela equipa, acreditando ainda na final de Berlim, e em campo os jogadores respondiam com o espírito guerreiro da era Scolari, mas sem criarem reais situações de golo. A 30 minutos do fim do jogo um Miguel incansável "rebentou" e saiu lesionado, dando lugar a Paulo Ferreira. Depois Scolari tirou o adormecido “Ciclone dos Açores”, apostando em Simão Sabrosa, mas havia poucas peças lusas na área gaulesa e os ataques eram inconsequentes perante uma França toda recuada no terreno. Então entrou Postiga para o lugar de Costinha com Felipão a arriscar algo mais e logo de seguida, após um livre de Cristiano Ronaldo, Barthez defendeu para a frente e Figo cabeceou por cima. Portugal era a única equipa que então procurava jogar, e particularmente marcar, com os “galos” mais interessados em perderem tempo e o cronómetro foi correndo ao sabor dos franceses. Aos 91 minutos Meira estava em boa posição, mas rematou para muito longe; sucederam-se dois cantos com toda a gente na grande área gaulesa, inclusive Ricardo, mas em nada resultou. No último lance de ataque das quinas Cristiano Ronaldo viu-se sozinho na área com a bola, mas foi assinalado um fora-de-jogo.
Terminava assim em verdadeiro sofrimento o encontro, com os “guerreiros” lusitanos sem pernas e cabeça para mais. É o fado que fica mais uma vez para a história e de novo na lembrança esse nome Zidane e um penálti amargo. No fim do jogo o astro francês trocou um abraço e a camisola com Figo naquela que é uma boa imagem do futebol e da história de dois jogadores que foram colegas no Real Madrid e que deixam a sua marca de qualidade neste Mundial.
Portugal tem agora ainda a oportunidade de igualar o terceiro lugar conseguido pelos "magriços" no Mundial de 1966, mas frente à Selecção da casa não será fácil. À equipas das quinas exige-se-lhe apenas que deixe em campo a pele como frente aos gauleses e que faça acreditar um povo até ao último fôlego. Se com isso vier o triunfo tanto melhor...

+ Onze de Portugal: Ricardo, Miguel, Ricardo Carvalho, Fernando Meira, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Deco, Figo, Cristiano Ronaldo e Pauleta
Substituições: entra Paulo Ferreira para o lugar de Miguel (62´); Simão substitui Pauleta (68´); Costinha dá o lugar a Postiga (75´)

+ Onze da França: Barthez, Sagnol, Thuram, Gallas, Abidal, Vieira, Makelele, Ribéry, Zidane, Malouda e Henry
Substituições: sai Malouda para dar lugar a Wiltord (69´); entra Gouvou para o lugar de Ribéry (72´); Saha substitui Henry (85´);

+ Golos: Zidane (33´; penálti)

+ Árbitro: Jorge Larrionda (Uruguai)
[Amarelos a Ricardo Carvalho (83´) e Louis Saha (87´)]


Foto: Agência Lusa