Pinto de Sousa admite corrupção, mas diz que sempre a combateu

«NUNCA CEDI A CUNHAS OU A PRESSÕES»
Pinto de Sousa refere que durante os 12 anos (de 1983 a 1989 e de 1998 a 2004)
em que esteve à frente do CA da FPF sempre incentivou «os árbitros, sem
excepção, a realizarem no campo trabalho isento e digno». Quanto à
circunstância da alegada influência de Valentim Loureiro sobre si, exposta no
dossier do "Apito Dourado", o ex-dirigente diz que «nunca durante os 35
anos» de ligação ao futebol foi «manobrado por ninguém». Pinto de
Sousa salienta ainda que as conversas telefónicas vindas a público revelam que
«nem ao presidente do Gondomar nem ao senhor Major lhes agradavam as minhas
decisões», nota.
O ex-líder do CA diz também que nos cargos de direcção «são sempre tentadas
cunhas», mas defende que «vai uma grande distância entre cunhas e
corrupção activa» e que «vai uma distância ainda maior entre ouvir
as cunhas e aceder às mesmas». «Nunca cedi a cunhas ou a pressões»,
assegura.

ESPERA ABSOLVIÇÃO DE TODAS AS ACUSAÇÕES
Na mesma entrevista Pinto de Sousa deixa entender que não espera voltar a
assumir o cargo que detinha na CA da FPF e salienta que espera ser alvo de um
«julgamento justo e não tendencioso - o que não vai ser fácil com a pressão
da comunicação social», diz contudo. O antigo dirigente refere também a
expectativa de «vir a ser absolvido das acusações» a que está sujeito,
lamentando porém que «no tribunal de alguma opinião pública já fui
irremediavelmente condenado», desabafa. «Em todas as circunstâncias
estive ao serviço do futebol, nunca me servindo dele», garante todavia o
ex-responsável do CA.
No Diário de Notícias, Pinto de Sousa defende por fim que a destruição das
escutas telefónicas recolhidas no âmbito do processo «só deve ter lugar após
ter sido dada oportunidade aos visados de as analisarem. Pode ser
necessário, para contextualizar uma escuta relativa a um determinado dia, que se
ouça a escuta anterior ou a posterior», justifica.