Mundial 2006: que comecem os jogos!

Finalmente chegou o dia em que o futebol se joga no palco maior. O Campeonato do Mundo arranca nesta sexta-feira na Alemanha com a equipa da casa a receber a Costa Rica no Allianz Arena de Munique. Antes 170 jogadores campeões do mundo serão homenageados e Pelé e Claudia Schiffer vão apresentar a Taça ao mundo. Será o pontapé de saída para um Mundial que vem no rescaldo de uma época abalada por vários escândalos de corrupção em todo o mundo. Que comecem então os jogos para redenção do desporto-rei!

Maradona e Pelé na abertura

O espectáculo de abertura da 18ª edição do torneio começa pouco depois das 16 horas, 15 horas de Portugal, antes de Alemanha e Costa Rica fazerem rolar a bola no relvado do Allianz Arena, sendo certo que na estreia germânica não estará o "menino-querido" Michael Ballack, que está lesionado. Antes do encontro brilharão no relvado 170 antigos campeões do mundo, entre os quais Maradona e Pelé. Ao Rei do futebol brasileiro fica ainda reservado o prazer de entrar em campo com a Taça Jules Rimet ao lado da modelo alemã Claudia Schiffer. Numa cerimónia sem discursos de circunstância haverá um espectáculo temático de 30 minutos de duração e a cantora norte-americana Toni Braxton cantará o hino oficial do Mundial. Finalmente às 17 horas em Portugal dá-se o pontapé de saída na bola que fluirá pelos estádios alemães até 9 de Julho.
A marcar a abertura do Mundial ficará ainda um minuto de silêncio pelos jogadores falecidos durante os últimos tempos, entre os quais constam nomes como Gerge Best, Telé Santana, Peter Osgood e Elson Becerra.


Corrupção da Alemanha ao Vietname com Ronaldinho pelo meio

Depois de a bola começar a rolar apagar-se-ão as memórias de um ano que não foi particularmente positivo para a imagem global do desporto-rei. Casos de corrupção surgiram por todo o lado, desde a Itália das máfias e da latinidade atreita à esperteza, até domínios mais frios e rigorosos como Alemanha e Holanda, enquanto em Portugal o "Apito Dourado" foi caindo no esquecimento e na quase dissolução. No país anfitrião da Taça do Mundo um árbitro foi condenado a 29 meses de prisão efectiva por ter "manipulado" jogos das 2ª e 3ª Divisões alemãs com o intuito de favorecer ganhos com apostas ilegais. Mas em Itália é que "a porca torce o rabo" com um mega-processo que envolve a poderosa Juventus e que poderá até ditar a despromoção do clube. O director-geral da "Velha Senhora", Luciano Moggi, é acusado de escolher árbitros para os jogos da Juventus e de fazer pressão sobre estes, bem como sobre jogadores ligados a uma empresa dirigida pelo filho. Entre tráfico de influências e resultados "fabricados", surgem ainda vários jogadores envolvidos numa suposta rede de apostas clandestinas que terá promovido manipulação de jogos, entre os quais se destaca o guarda-redes Buffon, o provável titular da squadra azzurra durante o Mundial. Até o seleccionador Marcelo Lippi surge citado no meio deste escândalo.
Na Holanda três clubes primodivisionários estão a ser investigados devido a indícios de que terão sido usados para "lavagens de dinheiro" e ao lado, na Bélgica, há suspeitas de resultados "fabricados" em benefício de uma máfia de apostas clandestinas. Na França prossegue um inquérito sobre as transferências duvidosas do Paris-Saint Germain com indícios da existência de fraude fiscal e complementos salariais não declarados, e surge implicado até o nome de Ronaldinho Gaúcho, o melhor jogador do mundo. E no país penta-campeão houve jogos do Brasileirão repetidos depois de ter ficado provado que alguns árbitros tinham sido comprados. Até no Vietname houve jogos manipulados com a implicação de quatro jogadores internacionais pelo país.
Para a história do lado negativo da época ficam ainda a violência no término do Turquia-Suíça das eliminatórias de acesso ao Mundial, a saudação fascista do avançado Paolo di Canio depois de ter marcado um golo no campeonato italiano e os insultos racistas contra o camaronês Samuel Eto'o no campeonato espanhol. Por cá, além das habituais "bulhas" verbais entre dirigentes, dos flagrantes erros de arbitragem e do "caso Moretto" que revelou um país futebolístico no seu pior, temos como cereja com bicho no topo do bolo o "caso Mateus" que terminada a época ainda não tem resolução e que poderá culminar com a despromoção do Gil Vicente devido à alegada irregular inscrição do tal Mateus, jogador que representa Angola no Mundial da Alemanha.