Espanhóis dizem que águia só continua a voar por milagre

MARCADOR PODERIA TER SIDO DE ESCÂNDALO
No desportivo Marca
considera-se que o Barça teve «oito ocasiões claras de golo» e que «o
conjunto de Frank Rijkaard foi incapaz de bater Moretto, promovido aos altares
pelos adeptos das águias». O jornal salienta também que «Eto'o, Larsson e
Van Bommel perdoaram» e que o marcador «poderia ter sido de
escândalo», frisando que o empate a zero é «enganoso». A Marca
aponta agora para a necessidade de o Barcelona «afinar a sua pontaria»
para o jogo em Camp Nou, concluindo que «um Benfica rochoso e quezilento, com
o pouquito que tem, tenta intrometer-se entre os mais grandes do
continente».
No El Mundo
Deportivo a palavra-chave é «infortúnio», citando-se
11 situações «claras na área de Moretto, mas a grande actuação do
guarda-redes benfiquista e a má sorte» privou o Barça de «um triunfo que
teria sido merecidíssimo», escreve-se. O diário nota ainda que «no papel,
não é um bom resultado» para o Barça, mas «pelo que se viu ontem, o onze
azulgrana continua a ser claro favorito para passar porque a sua
superioridade técnica e táctica sobre o Benfica é manifesta», considera o
cronista. O mesmo desportivo adiciona que «poucas vezes se pode ver nos
quartos-de-final da Liga dos Campeões tanta diferença de jogo e de qualidade
entre duas equipas», mas evidencia que «a coisa podia ter-se posto feia
para o Barça se o árbitro tivesse querido ver uma clara mão de Motta na
área». O diário aprecia também que «o Benfica só criava perigo de longe
com remates de Fernandes, Beto e Petit, mais vistosos do que perigosos, mas que
a animada massa adepta benfiquista aplaudia como se fossem o golo do
século», ironiza-se.

BARÇA TÃO BONITO COMO INOCENTE...
E no Sport,
diário conotado com o clube catalão, refere-se que «poucas vezes o Barça teve
tantas facilidades para sentenciar uma eliminatória», nota-se, para mais à frente
se constatar que o clube espanhol «perdoou a um rival que continua vivo por
milagre». «Os de Rijkaard não devem ter problemas para passar às
meias», escreve-se também, sublinhando-se que «o árbitro não viu penálti
por uma mão de Motta na área». E no final do encontro, o jornal destaca que
«o Barça perdeu fôlego, afrouxou na defesa e ainda teve a sorte de não
encaixar um golo», o que, segundo o Sport, «teria sido um castigo
demasiado cruel».
No generalístico El País
nota-se que «a equipa de Rijkaard perdeu um sem fim de oportunidades»,
frisando-se que o Barcelona foi «tão bonito como inocente, tão lúdico como
estéril, tão espectacular como inofensivo, tão divertido como cândido».
«Luminoso de uma ponta à outra do campo, o Barcelona cegou ao chegar
à baliza, vítima de uma estranha má fortuna, a mesma quiçá que lhe provocou a
dolorosa derrota de Berna em 1961 ante a mesma equipa, o Benfica»,
evidencia-se também. O EL País considera que «jogava o Barcelona com tanto
primor, precisão e velocidade que jamais permitiu o futebol físico e agressivo
do Benfica, sempre ultrapassado». Na parte final do jogo destaca o
contra-ataque do Benfica e nota que «ocorreu, para sua [do Barcelona] sorte,
que Miccoli, Geovanni e Simão não puderam com o guarda-redes e o árbitro deixou
passar umas mãos de Motta que pareceram penálti».

FRANCESES DIZEM QUE BENFICA QUERIA SER O PORTO DESTE ANO...
Nos média ingleses destaca-se igualmente a exibição do guarda-redes do Benfica,
constatando o sítio na Internet BBC Sport
que «Moretto fez um catálogo de defesas soberbas para frustação do
Barça». No The
Guardian fala-se na «pobre finalização» dos catalães e escreve-se que
o «Barcelona controlou largamente o jogo, embora o seu guarda-redes Víctor
Valdés também tenha feito defesas decisivas», nota-se.
Em França o Le Figaro diz que o Benfica queria «ser o FC Porto da
edição 2005-2006 da Liga dos Campeões: o clube inesperado que,
escalão a escalão, jogo após jogo, sobe em força ao ponto de abalar toda a
hierarquia europeia e de ganhar uma prova que o SLB já ganhou duas vezes, mas
noutros tempos (1961 e 1962)», recorda-se. O jornal conta que «sem ser
ultra-perigoso, o Benfica procurou muitas ocasiões através de
remates de longe» e que o Barça «obtia algumas boas ocasiões para marcar,
com a cumplicidade mais inábil do que voluntária de Moretto».
Por fim o L'Équipe
diz que «a equipa catalã teve uma dezena de ocasiões claras, graças a um jogo
colectivo e ofensivo duma factura comparável ao desenvolvido nos
oitavos-de-final contra o Chelsea». Este desportivo destaca que Moretto fez
uma exibição de «alto nível» e que o «Benfica também teve as suas
ocasiões nítidas».