A Crónica da Semana

Pretérito perfeito,
por PLO

Quando Luís Filipe Vieira prometeu fazer do Benfica o maior do mundo em apenas 3
anos disse também que teria uma postura de correcção e faria uma liderança
consciente voltada para dentro e não para fora.

Como desde essa altura até hoje o Benfica nunca passou da cepa torta, a direcção
inteligente que dita o rumo do clube concluiu que só existe um caminho a seguir
para ascender ao topo: aquele preconizado pela mítica figura de Vale e Azevedo
que devolveu ao SLB uma união e forças há muito perdidas em guerras intestinas e
lideranças funestas.

O Porto, o eterno e consagrado rival, tido como a antítese da nobreza e
majestade que o Benfica erroneamente julga possuir, seria o perfeito alvo a
abater. Se a «agenda» de Vale na altura tinha como prioridade o enriquecimento
de outros que não o Benfica, o mesmo não sucederia agora. E onde Vale falhou,
Vieira triunfaria ficando para a história como o homem que desmistificou
Pinto da Costa e elevou novamente o SLB ao patamar do, convenientemente, actual
campeão europeu.

A trama, como todas as tramas que se prezam, começou a ser urdida bem antes do
confronto directo entre os clubes. Havia que agitar as massas, passando a ideia
que o Porto não é o couraçado impenetrável d'outrora e que Pinto da Costa
comete, já, muitos deslizes. Havia também que galvanizar a mente colectiva
encarnada - o que não sendo difícil, dada a simplicidade da mesma, obrigava à
obtenção de resultados desportivos convincentes para acobertar qualquer
eventualidade. LF Vieira, empresário de impoluta reputação, não esqueceria que
no Benfica as cabeças tendem a rolar depressa e de forma nefasta.

Eis que veio a SuperTaça e, com esta, o primeiro dissabor da temporada. Não é
que o Porto já sem Mourinho e sem os craques e com um treinador de 4ª escolha
tinha conseguido vencer?
Na 6ª jornada as coisas teriam de ser diferentes. E se não fossem... era preciso
fazer com que fossem.

Dito e feito. Começa-se por restringir o número de bilhetes enviados abaixo do
permitido, para diminuir a capacidade de apoio ao Porto, e faz-se correr uma
circular por Lisboa e arredores de que é preciso ir à Luz retomar a cruzada
contra o Satanás nortenho. O Zé Povinho acorre prontamente ao circo, mas para
estragar a festa chegam aos ouvidos de LF Vieira que já estão 1300 bilhetes na
posse de adeptos portistas pelo que há um grave risco de, cedendo 1008 bilhetes,
ter que dispender mais do que um sector para aqueles «animais». Resolve-se o
problema não cedendo nenhum bilhete. O departamento criativo, perdão, de futebol
que invente alguma desculpa sobre faxes e telefones e não se manda nenhum.
1300? Cabem bem ali no cantinho.
Mas os «animais» não se portaram bem e adquiriram mais 2000 bilhetes. Azar.
Caberão ali no mesmo sítio dê por onde der.

O jogo é o típico clássico. Casos com fartura, expulsões, intimidação da
equipa de arbitragem no fim, etc...
LF Vieira é agora um homem desesperado. Infringiu os regulamentos, tratou as
pessoas como gado à semelhança dos célebres «comboios nazis», aquela mulher
verdadeiramente insuportável tornou a humilhá-lo, outra vez, em público e acima
de tudo... o Benfica voltou a perder contra o Porto.

Respire fundo, Sr Vieira. Há que relembrar a cartilha «azevediana»: fuga para
a frente! Sempre para a frente!
Que lhe parece berrar aos quatro ventos que existe uma cabala montada contra o
glorioso e que o Sistema está de volta e que temos de revolucionar o futebol?
Giro, não é?

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